VIAÇÃO MORTUGABA – LEMBRANÇAS QUE O TEMPO NÃO APAGA

Por Thiago Braga

Quem se lembra do ônibus branco, com enorme faixa vermelha, correndo na estrada de terra rumo à Espinosa (MG)? Pois bem. Nos anos 90, esse velho herói partia de Mortugaba (BA), cortando a Serra Geral, sentido norte de Minas. Levava gente do comércio, algumas portando malas, caixas e sacolas de viagem. Sem contar casal de frango, engradado de frutas, botijão de gás, vara de pescar e outros. Tinha hora certa para passar no ponto. As vezes atrasava uns minutos. Dependia das condições do tempo e da estrada.

Parava também na Fazenda Tamburil, na curva da rodagem, levantando pó. Na cidade, entrava com farol baixo, atraindo a cachorrada latindo querendo alcançá – lo. Um momento deveras feliz para quem estava de viagem. Da janela acortinada, se podia ver o nascer do sol, clareando o pasto. O carro grande oferecia conforto aos passageiros: cadeiras altas, estofadas e largas. A espuma macia, mais parecia “o travesseiro de casa”. A passagem era comprada na hora, um bilhete recebido das mãos do cobrador. O motorista trazia enxada no porta – malas em caso de atoleiro no caminho. “Prevenir é melhor que remediar”. O bagageiro sempre cheio de pequenos e médios volumes, parecia que carregava “pedra”, de tanto peso, fazendo o ônibus diminuir a marcha na subida do Pindorama.

O trajeto demorava 3 horas. Os clientes, na sua maioria, buscavam o terminal rodoviário mais próximo, com destino à grande São Paulo. Por isso, teve importância como empresa autônoma de transportes, sendo utilizada com frequência pelo povo. Não permitia carona. A boa convivência supria qualquer necessidade, desde a troca de favores, ao humilde “Deus lhe pague”. Com o tempo, a viação saiu de cena, dando espaço ao Gontijo. De Mortugaba à Espinosa (ida e volta). Essa linha de ônibus marcou época pela eficiência nos serviços. Teve missão especial na região dos vales.

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