Categoria: Internacional

Brasileira está entre vítimas de atropelamento que matou 11 no Canadá

Clara Ganapol Salim tinha 34 anos e morava em Vancouver

A vítima brasileira do atropelamento morava em Vancouver.

Pelo menos 11 pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas. A tv canadense CBC também confirmou com a polícia que os mortos tinham entre 5 e 65 anos.

ataque ocorreu por volta das 20h do sábado (26), horário local de Vancouver, o que corresponde a 0h de domingo (27), horário de Brasília. O festival acontecia em um bairro na zona sul da cidade.

O motorista foi detido pelas autoridades, que confirmaram a prisão por meio de uma postagem nas redes sociais. Sua identidade ainda não foi divulgada. Segundo a rede de TV CBC, ele é um homem e tem por volta de 30 anos.

Atropelamento deixou 11 mortos e 20 feridos
O chefe interino da polícia de Vancouver, Steve Rai, afirmou que o homem estava sozinho e que “era conhecido pela polícia em certas circunstâncias”.

O atropelamento aconteceu durante as comemorações do Dia de Lapu-Lapu, um evento cultural filipino que homenageia o chefe indígena Lapu-Lapu, que liderou a vitória sobre as forças colonizadoras comandadas pelo português Fernão de Magalhães.

Entenda o conclave, ritual de escolha do novo papa no Vaticano

Dos 252 cardeais, 149 foram nomeados por Francisco
Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil.

Rio de Janeiro (RJ), 21/04/2025 – O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani João Tempesta, celebra missa em sufrágio do Papa Francisco na Catedral Metropolitana. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
O conclave é o ritual secular que marca a eleição dos novos papas. A palavra vem do latim cum clave – fechado a chave – e remete à votação secreta que é realizada na Capela Sistina, no Vaticano, de onde é lançada a fumaça branca quando o novo pontífice é escolhido.

Com a morte do papa Francisco, nesta segunda-feira (21), os 252 cardeais do Colégio Cardinalício terão a missão de eleger o novo líder da Igreja Católica.

Após os rituais do velório e sepultamento do papa, o Vaticano passa por um período de luto de nove dias, quando convoca o Colégio Cardinalício. Os cardeais ficam instalados na Casa Santa Marta. É o mesmo local onde Jorge Mario Bergoglio decidiu viver, ao renunciar ao apartamento papal no Palácio Apostólico.

Antes da votação propriamente, ocorrem as reuniões gerais em que todos os cardeais participam e discutem os problemas da igreja e do mundo atual. A partir dali, começa-se a delinear perfis que possam assumir o papel de bispo de Roma, de papa.

Para a segunda parte, a votação na Capela Sistina, participam apenas os cardeais com menos de 80 anos. O número máximo de cardeais eleitores é estabelecido em 120, embora atualmente haja 135 com direito a voto – e, como no passado, podem ser concedidas exceções. Normalmente, o novo papa é escolhido entre cardeais que estão na capela, mas nada impede que alguém que está fora seja eleito.

No dia do conclave, da votação a portas fechadas, os cardeais dirigem-se à Basílica de São Pedro para a missa presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, que atualmente é o italiano Giovanni Battista Re. Em seguida, eles seguem em procissão para a Capela Sistina, preparada com bancos para as votações e o fogareiro onde serão queimadas as cédulas e anotações. Nesse momento, é proibido o uso de dispositivos eletrônicos ou qualquer contato com o exterior.

Se a eleição começar no período da tarde, o primeiro dia terá apenas um processo de votação. Já os seguintes terão até quatro votações, sendo duas de manhã e duas a tarde. O conclave mais longo da história demorou 33 meses, quase três anos, para eleger Beato Gregório X como papa, em 1271.

Cada cardeal escreve o nome do escolhido em um papel retangular e deposita em uma urna. Após a sessão, dois apuradores abrem os papéis e leem silenciosamente os nomes, enquanto um terceiro os pronuncia em voz alta. As cédulas são furadas, amarradas umas às outras e queimadas no fogareiro.

Se ninguém atinge a maioria qualificada de pelo menos dois terços dos votos, é adicionada uma substância que tinge a fumaça de preto. Caso haja um eleito, o decano pergunta se ele aceita o cargo e qual o nome escolhido para exercer o pontificado. Francisco foi o nome escolhido por Jorge Mario Bergoglio para seu pontificado, em referência a São Francisco de Assis.

Caso o cardeal escolhido aceite o cargo, as cédulas são queimadas com um aditivo branco, mostrando ao mundo que um novo papa foi eleito. Na sequência, há o anúncio com a famosa frase habemus papam – temos papa – na Basílica de São Pedro. Por fim, o papa aparece para dar sua primeira bênção.

Brasileiros

O Colégio Cardinalício é quem assiste o carmelengo (administrador da Santa Sé) na organização do conclave para escolha do novo papa. O atual carmelengo, o irlandês Kevin Farrell, é quem anunciou a morte do papa Francisco e atuará como chefe de Estado do Vaticano no período que vai dos funerais até o anúncio de quem será o novo papa. Esse período é chamado de Sé Vacante, quando a Igreja está sem seu líder.

O Brasil tem oito cardeais que integram o Colégio Cardinalício, cinco nomeados pelo Papa Francisco e três pelo papa anterior, Bento XVI. Apenas um deles não é votante, que é dom Raymundo Damasceno Assis, atual arcebispo emérito de Aparecida (SP), que tem 87 anos. Dom Damasceno foi nomeado por Bento XVI e participou do conclave que escolheu o papa Francisco, em 2013.

Os outros sete cardeais brasileiros, que votam, são:

  • João Braz de Aviz, 77 anos, arcebispo emérito de Brasília.
  • Odilo Scherer, 75 anos, arcebispo de São Paulo.
  • Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus.
  • Orani Tempesta, 74 anos, arcebispo do Rio de Janeiro.
  • Sérgio da Rocha, 65 anos, arcebispo de Salvador, primaz do Brasil por conduzir a arquidiocese mais antiga do país.
  • Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
  • Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília.

Nesta segunda-feira, em entrevista coletiva em Brasília, dom Raymundo Damasceno destacou que a escolha do novo papa é uma escolha de fé, por um perfil adequado, e não política. Não há candidaturas e nem campanhas, segundo ele.

“É uma obra de Deus, é uma ação do Espírito Santo, sem dúvida nenhuma”, disse. “Conclave é um tempo de silêncio, um tempo de oração, de ponderação, para que a pessoa vote segundo a sua consciência, naquilo que ele julgar o mais adequado nesse momento para a igreja”, acrescentou.

O arcebispo emérito lembrou que 80% dos cardeais do colégio eleitoral foram criados pelo papa Francisco, que, ao longo do seu pontificado, voltou-se muito para as periferias do mundo. “É um colégio representado por cardeais de todas as periferias do mundo”, disse.

Dos 252 cardeais, 149 foram nomeados por Francisco, sendo 108 deles votantes. Do total dos cardeais, 114 são europeus, 37 asiáticos, 32 sul-americanos, 29 africanos, 28, norte-americanos, oito da América Central e quatro da Oceania. Entre os cardeais europeus, entretanto, apenas 46,5% podem votar.

Fonte: Agência Brasil

Corpo de papa Francisco é sepultado na Basílica de Santa Maria Maior

Enterro ocorreu após missa de Exéquias na Basílica de São Pedro
Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil.

U.S. President Donald Trump, first lady Melania Trump, France's President Emmanuel Macron and his wife Brigitte Macron watch as the coffin of Pope Francis is carried by pallbearers during his funeral Mass in St. Peter's Square at the Vatican, April 26, 2025. Reuters/Dylan Martinez/Proibido reprodução
O corpo do Papa Francisco – Reuters/Dylan Martinez
O corpo do papa Francisco foi trasladado até a Basílica de Santa Maria Maior, onde foi sepultado às 13h30 (horário local) deste sábado (26), conforme pedido do pontífice. O enterro ocorreu após a missa de Exéquias na Basílica de São Pedro

De acordo com o Vaticano, cerca de 150 mil pessoas se posicionaram nas ruas de Roma para prestar homenagens, se despedir de Francisco e acompanhar a passagem do cortejo.

Às 13h, teve início o rito de sepultamento, presidido pelo cardeal camerlengo Kevin Farrell na presença de outros religiosos e também de membros da família de Francisco. Meia hora depois, a cerimônia foi encerrada.

“Papa Francisco agora repousa no nicho sepulcral na nave lateral, entre a Capela Sforza e a Capela Paulina, onde se encontra o ícone de Maria Salus Popoli Romani. Podemos ter a certeza de que os dois jamais se separarão”, destacou a Santa Sé, em nota.

O túmulo, por escolha do próprio papa, é simples – composto apenas pela inscrição “Franciscus” e uma cruz ao centro. Um detalhe, entretanto, dá caráter pessoal ao local: o túmulo foi construído com uma pedra extraída da região da Ligúria, na Itália, onde nasceu o bisavô do pontífice.

Fonte: Agência Brasil

Hugo Calderano ganha título inédito na Copa do Mundo de tênis de mesa

O atleta brasileiro de tênis de mesa, Hugo Calderano foi campeão mundial

Por Ellen Mafra

Neste domingo (20), em Macau, na China, o atleta brasileiro Hugo Calderano venceu a Copa do Mundo de tênis de mesa, conquistando título inédito para o Brasil. O mesa-tenista é o único fora da Ásia e da Europa a ser campeão do mundo na modalidade. A vitória veio após Hugo vencer o número 1 do ranking mundial, o chinês Lin Shidong, por 4 sets a 1.

O começo da partida não foi fácil para o brasileiro. O chinês abriu vantagem contra Hugo Calderano, fechando o primeiro set em 11 a 6. Mas isso não afetou o atleta do Brasil, que na segunda partida, emplacou 11 a 7 contra Lin Shidong.

Na sequência, mesmo com a força da torcida da arena em Macau sendo para o chinês, o brasileiro não deixou barato e quebrou o saque de Shidong, vencendo o terceiro set por 11 a 9 e virando a partida. O quarto set e o quinto set foram respectivamente 11 a 4 e 11 a 5 para Calderano, fechando a partida em 4 sets a 1 e fazendo história na modalidade do tênis de mesa.

Após o jogo, Hugo comemorou a vitória e em entrevista disse que não contava chegar tão distante, “É uma loucura falar sobre isso. Antes de começar a competição, não imaginava vencer os melhores do mundo. É uma loucura para mim colocar meu nome na história do tênis de mesa mundial”, disse na zona mista da Arena de Macau.

Com a vitória na Copa do Mundo de tênis de mesa, Hugo Calderano sobe para o 4° lugar no ranking mundial da modalidade e, aos 28 anos, ultrapassa o chinês Lian Jingkun.

Ministério dos Transportes, Casa Civil, Governo da Bahia e delegação chinesa visitam Porto Sul e Fiol e discutem implantação do Corredor Bioceânico Brasil-Peru

Ministério dos Transportes, Casa Civil, Governo da Bahia e delegação chinesa visitam Porto Sul e Fiol e discutem implantação do Corredor Bioceânico Brasil-Peru
Foto – Daniel Thame / GovBa
Uma delegação de engenheiros ferroviários do governo chinês esteve em Ilhéus (BA), na última quarta-feira (16), para avaliar o potencial das obras da Malha I da Ferrovia de Integração Leste-Oeste (Fiol) e do Porto Sul, com vistas à criação do Corredor Bioceânico Brasil-Peru.
A visita, coordenada pelo Governo Federal e com participação do Governo da Bahia, teve como foco analisar a possibilidade de conectar o Porto Sul, no Oceano Atlântico, ao porto peruano de Chancay, no Oceano Pacífico, localizado a cerca de 80 quilômetros de Lima.
“A proposta é estabelecer um corredor ferroviário estruturante para transporte de carga no Brasil – de Leste a Oeste, atravessando Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Toda a produção da região central do país seria escoada por essa infraestrutura ferroviária até o Porto de Chancay”, explicou o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro.
A China deverá elaborar um novo estudo voltado à implantação do Corredor Bioceânico Brasil-Peru, que pretende criar uma rota estratégica para o comércio entre os dois oceanos, ampliando as conexões comerciais entre a China e os países da América do Sul.
“Essa ligação bioceânica é um grande sonho do Brasil. Quando essa ferrovia alcançar o Pacífico, o tempo de navegação entre a costa brasileira e a Ásia será reduzido em cerca de dez dias”, afirmou Marcus Cavalcanti, secretário especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil, durante a visita.
“O Brasil exporta, anualmente, US$350 bilhões, e mais de um terço desse volume tem como destino a China. Desse total, 60% correspondem a minério de ferro e soja – cargas que dependem de transporte ferroviário. É uma alternativa mais eficiente, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental”, acrescentou Leonardo Ribeiro.

“Da Bahia pro Mundo…”

O escritor e poeta Edson Silveira terá honrosa participação em uma Antologia Bilíngue, representando o Sudoeste Baiano.

ANTOLOGIA BARDOS BAIANOS: TERRITÓRIOS EM PALAVRA
Obra reúne 150 poetas dos 27 territórios de identidade da Bahia em edição bilíngue
Será lançado pela Cogito Editora a Antologia Bardos Baianos: Territórios em Palavra (Edição Especial), um projeto inédito que reúne 150 poetas dos 27 territórios de identidade da Bahia em uma coletânea bilíngue (Português–Francês), com lançamento previsto para maio de 2025. Com 320 páginas, a obra celebra a força e a diversidade da produção poética baiana, promovendo a circulação da literatura do estado no Brasil e também no exterior, especialmente na França, como parte das ações do Ano da França no Brasil.
Organizada pelo jornalista e editor Ivan de Almeida, a antologia é fruto da consolidada Coleção Bardos Baianos, que há anos vem reunindo e revelando talentos literários dos quatro cantos do estado. Nesta edição especial, cada poema recebeu cuidadosa tradução para o francês, ampliando as fronteiras da poesia produzida na Bahia.
Do território de identidade Sudoeste Baiano, oito poetas integram a publicação: Edson Silveira, Noi Soul, Queith Rebouças, Regina Chaves, Renata Soares, Simone Soares, Ualy Matos e Ybeane Campos. Seus versos ampliam o mosaico poético da antologia, representando com vigor e beleza a produção literária do sudoeste da Bahia.
A obra terá ampla circulação em feiras literárias, espaços culturais e eventos internacionais, fortalecendo os laços entre a literatura baiana e o mundo.

Morre Francisco, o papa de hábitos simples que lutou para mudar a Igreja

Papa Francisco morre aos 88 anos — Foto: Vaticano
Papa Francisco morre aos 88 anos — Foto: Vaticano

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local. As informações foram confirmadas pelo Vaticano. O pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos.

“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, diz comunicado oficial.

Nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele também foi o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia do seu antecessor e, ainda, o primeiro jesuíta no posto.

À frente da Igreja Católica por quase 12 anos, Francisco foi o papa número 266. Em 13 de março de 2013, durante o segundo dia do conclave para eleger o substituto de Bento XVI, Bergoglio foi escolhido como o novo líder – inclusive contra a sua própria vontade, segundo ele mesmo admitiu. Relembre a carreira do papa mais abaixo.

Alta após quadro de bronquite

Francisco ficou internado por cerca de 40 dias com um quadro de bronquite. A primeira hospitalização foi no início de fevereiro. Nos dias seguintes, o papa começou a ter dificuldades para discursar durante audiências religiosas. Ele admitiu publicamente que estava com dificuldades respiratórias e chegou a pedir para um auxiliar fazer a leitura do sermão.

Já na segunda-feira (17), o Vaticano informou que Francisco estava com uma infecção polimicrobiana — causada por um ou mais microrganismos, como bactérias, vírus ou fungos. O quadro de saúde do papa foi descrito como “complexo”.

No dia seguinte, em um novo boletim, o Vaticano anunciou que o pontífice estava com uma pneumonia bilateral. A infecção é mais grave do que uma pneumonia comum, já que pode prejudicar a respiração e a circulação de oxigênio pelo organismo de uma forma geral.

Até a publicação desta reportagem, o Vaticano não havia dado detalhes sobre o funeral do papa Francisco. A Igreja Católica deve se reunir nas próximas semanas para decidir quem será o novo papa.

Os desafios do papado de Francisco

Papa Francisco acena para fiéis na Praça São Pedro durante celebração da Páscoa, neste domingo (21). — Foto: Reuters
Papa Francisco acena para fiéis na Praça São Pedro durante celebração da Páscoa, neste domingo (21). — Foto: Reuters

Apesar de ter sido eleito papa contra a própria vontade, a carreira de Francisco no catolicismo foi uma escolha própria do argentino. Formado em Ciências Químicas e professor de Literatura, o religioso filho de imigrantes italianos acabou optando por se dedicar aos estudos eclesiásticos.

Seu perfil jovial e descontraído — ele gostava de fazer piadas e brincadeiras — o tornou uma opção popular entre os colegas cardeais e uma escolha antes de mais nada conjuntural.

A Igreja Católica vivia então um de seus momentos mais delicados. A popularidade em baixa e os escândalos de pedofilia envolvendo padres em todo o mundo são apenas alguns dos desafios que o pontífice enfrentaria durante seu papado.

A modernidade também levou Francisco a lidar com outros assuntos delicados para a Igreja, como os direitos LGBTQIA+ e o sexismo.

Ele foi elogiado por avanços como o de permitir bênçãos de padres a casais do mesmo sexo, colocar mulheres em cargos mais altos no Vaticano e permitir que elas votassem no Sínodo dos Bispos — a reunião em que bispos debatem e decidem questões ideológicas e regimentos internos.

Mas também foi criticado por não avançar menos do que o esperado na questão feminina. Francisco terminou seu papado sem permitir sacerdotes do sexo feminino, reivindicação histórica de parte das católicas.

O papa defendia que apenas cristãos do sexo masculino poderiam ser ordenados para o sacerdócio, usando como base a premissa da Igreja Católica de que Jesus escolheu homens como apóstolos.

Discursos políticos e combate à pobreza

O pontífice também ficou marcado por discursos políticos durantes sermões. Não poupou críticas a líderes de países em guerra, como o russo Vladimir Putin e o israelense Benjamin Netanyahu. Ele também apontou o dedo para a União Europeia ao citar a crise dos refugiados, que começou durante seu papado, em 2015.

Em uma das imagens mais impressionantes e sem precedentes na Igreja Católica, rezou sozinho na sempre lotada Praça São Pedro, no Vaticano, quando a Covid-19 se espalhou pelo mundo e fez vários países decretarem quarentena.

Mas o combate à pobreza sempre foi sua prioridade. Ao ser apontado como o novo papa, ele escolheu o nome de seu novo título em homenagem a São Francisco de Assis, protetor dos pobres. O lema de seu papado foi “Miserando atque eligendo” — “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”, em português.

As reformas da Igreja Católica também foram outra marca do papado de Francisco. Ele iniciou um processo de reforma das estruturas da Cúria, que é o governo do Vaticano, com atenção especial para a parte econômica e financeira.

Aos 80 anos, com dores no quadril que, por vezes, o faziam perder o equilíbrio, ele não falava de renúncia, como seu predecessor Bento XVI teve a audácia de fazer.

“Estou indo em frente”, disse ele na ocasião, contrariando declarações mais melancólicas feitas antes disso, em março de 2015: “Tenho a sensação de que meu pontificado será breve, quatro ou cinco anos”.

Francisco parecia impulsionado por uma missão urgente: incentivar uma Igreja desertada em alguns países a acompanhar com misericórdia os católicos em situações irregulares.

“Podemos falar de uma revolução, nos passos do Concílio Vaticano II” (1962-1965), que abriu a Igreja ao mundo moderno, disse à AFP o especialista em Vaticano Marco Politi, em 2016.

Politi classifica Francisco como “um grande reformador” que tentou fazer “com que a Igreja abandonasse a sua obsessão histórica em tabus sexuais”.

Ele foi o primeiro papa a ter convidado um transexual ao Vaticano e se recusou a julgar os homossexuais. Para Francisco, a Igreja era um “hospital de campanha, não um posto alfandegário”, que separa os bons e maus cristãos, disse Politi.

O argentino foi eleito, entre outros, para continuar a reestruturação econômica da Santa Sé iniciada sob Bento XVI com, por exemplo, o fechamento de contas suspeitas no banco do Vaticano, por muito tempo acusado de lavagem de dinheiro.

“Em termos de doutrina, ela [papa Francisco] não mudou nada. Neste sentido, nunca fez parte dos progressistas”, afirmou Politi. Segundo o especialista, o papa não tinha a intenção de ordenar padres casados ou mulheres, e se mostrou horrorizado com o aborto. Ele gostaria que seu trabalho reformista tivesse “uma continuidade”.

O papa tinha um forte consenso entre os fiéis e, também, entre alguns agnósticos e não-crentes. Mas ele não agradava aos ultraconservadores, que tentavam desacreditá-lo.

Bergoglio antes de ser papa

O cardeal Jorge Mario Bergoglio em fevereiro de 2013 na Argentina — Foto: Juan Mabromata/AFP
O cardeal Jorge Mario Bergoglio em fevereiro de 2013 na Argentina — Foto: Juan Mabromata/AFP

Francisco nasceu em Buenos Aires, em 1936. Seus pais, ambos italianos, chegaram à Argentina em 1929, junto de uma leva de imigrantes europeus em busca de oportunidades de trabalho na América.

Arcebispo da capital argentina, ele era considerado um homem tímido e de poucas palavras, mas com grande prestígio entre seus seguidores. O religioso era admirado pela sua total disponibilidade e seu estilo de vida sem ostentação.

O argentino também era reconhecido por seus dotes intelectuais, por ser considerado dialogante e moderado, além de ter paixões pelo tango e pelo time de futebol San Lorenzo.

Antes de seguir carreira religiosa, Bergoglio formou-se técnico químico. Depois, ingressou em um seminário no bairro de Villa Devoto. Em março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, congregação religiosa dos jesuítas, fundada no século 16.

Em 1963, Bergoglio estudou humanidades no Chile e voltou à Argentina no ano seguinte para ser professor de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé.

Entre 1967 e 1970, foi estudar teologia e acabou sendo ordenado sacerdote no dia 13 de dezembro de 1969. Em menos de quatro anos chegou a liderar a congregação jesuíta local, um cargo que exerceu de 1973 a 1979.

Foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, entre 1980 e 1986, e, depois de completar sua tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba. Em 1992, Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires.

Em 1997, ele virou arcebispo titular de Buenos Aires. Em 2001, foi nomeado cardeal e primaz da Argentina pelo papa João Paulo II. Entre 2005 e 2011, ocupou a presidência da Conferência Episcopal do país durante dois períodos, até que deixou o posto porque os estatutos o impediam de continuar.

Na Santa Sé, Bergoglio foi membro da Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos; da Congregação para o Clero; da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica; do Pontifício Conselho para a Família e a Pontifícia Comissão para a América Latina.

Brasil fica em último lugar em ranking de competitividade industrial

Brasil fica em último lugar em ranking de competitividade industrial
 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Impactado negativamente por fatores como ambiente econômico e educação, o Brasil ficou em último lugar no mais recente ranking de competitividade industrial elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No estudo, antecipado ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a entidade comparou o Brasil com outros 17 países que competem com o País no mercado internacional, considerando oito fatores que afetam o desempenho das empresas mundo afora.

Os três aspectos que mais pesaram negativamente no resultado foram Ambiente Econômico; Desenvolvimento Humano e Trabalho; Educação. Em todos eles, o Brasil ocupou o último lugar no ranking. No primeiro, o custo alto de financiamento no País figura como um dos empecilhos históricos para a indústria.

No momento, o alto patamar da Selic, em 14,25% ao ano, reforça esse efeito. Nesse cenário, o segmento comemora o fato de o governo atual ter lançado uma política industrial, a Nova Indústria Brasil (NIB), que inclui uma vertente de crédito liderada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para ver os efeitos do programa no ranking, no entanto, será necessário mais tempo. A previsão de financiamentos pelo plano partiu de R$ 300 bilhões para R$ 507 bilhões até 2026. O ambiente tributário foi outro aspecto que ajudou a jogar o Brasil para a última posição no ranking de Ambiente Econômico. Nesse caso, a CNI entende que o País viverá um avanço significativo com a reforma tributária.

Mas alerta que é preciso cuidado com as regulamentações, especialmente para que exceções tributárias não façam a alíquota média do novo imposto sobre o consumo ser muito alta. O estudo da CNI mostra que, em nenhum dos macroindicadores que compõem o ranking, o País figurou na primeira metade da classificação.

No aspecto em que o País se sai melhor é no desempenho de Baixo Carbono e Recursos Naturais, ocupando a 12ª posição. O destaque positivo ficou no subfator de descarbonização, com o 2º lugar no ranking. De acordo com a CNI, ainda seria necessário o País avançar em termos de economia circular, subfator no qual o Brasil se desempenhou mal. A CNI publica o ranking desde 2010.

Nesta edição, a entidade trouxe alterações metodológicas, com a redefinição de países que competem com o Brasil. Agora, o estudo destaca as economias que possuem uma cesta de produção mais próximas à do País e que estão presentes nos mesmos mercados, tanto em nível de importação quanto de exportação.

As comparações foram feitas com Coreia do Sul, Países Baixos, Canadá, Reino Unido, China, Alemanha, Itália, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Turquia, Chile, Índia, Argentina, Peru, Colômbia e México. Entender o nível de competitividade desses países frente ao Brasil e quais problemas internos atacar será importante também no novo cenário global, em que as cadeias são redesenhadas pela política tarifária de Donald Trump nos EUA.

Lei da Reciprocidade Econômica é publicada no Diário Oficial da União

Lei da Reciprocidade Econômica é publicada no Diário Oficial da União
Foto – Ricardo Botelho/MInfra
A Lei nº 15.122, também identificada como a “Lei da Reciprocidade Econômica”, foi sancionada sem vetos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 14 de abril.
O texto estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.
A lei representa uma ação estratégica do Brasil frente às medidas tarifárias impostas a dezenas de nações pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No caso do Brasil, a tarifa foi de 10% sobre todos os produtos exportados para o mercado norte-americano.
Exceção feita ao aço e ao alumínio, produtos brasileiros cuja sobretaxa imposta pelo governo norte-americano foi de 25%, o que afeta de forma significativa as empresas brasileiras. O Brasil é o terceiro maior exportador desses metais para os Estados Unidos.
Segundo o texto, a adoção das contramedidas deverá buscar minimizar o impacto sobre a atividade econômica e evitar ônus e custos administrativos desproporcionais. A norma ressalta, entretanto, que consultas diplomáticas serão realizadas com vistas a mitigar ou anular os efeitos das medidas e contramedidas tratadas pela nova norma jurídica.

Morre, aos 89 anos, o escritor peruano Mario Vargas Llosa

Funeral ocorrerá nos próximos dias e não haverá cerimônia pública

Morreu nesse domingo (13), aos 89 anos, em Lima, o escritor Mario Vargas Llosa. Prêmio Nobel de Literatura em 2010 e “imortal” da Academia Francesa. Em sua obra, o autor peruano-espanhol propôs-se a percorrer “um horizonte vasto da experiência humana”.

“Com profunda dor, tornamos público que o nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu hoje em Lima, rodeado pela sua família e em paz”, escreveu Álvaro Vargas Llosa, filho do escritor, na rede social X, em mensagem também reproduzida pela filha Morgana.

“A sua partida entristecerá os seus familiares, os seus amigos e os seus leitores em todo o mundo, mas esperamos que encontrem consolo, como nós, no fato de ter tido uma vida longa, múltipla e frutífera, e de deixar uma obra que sobreviverá”, diz o texto.A mensagem informa que o funeral ocorrerá, nos próximos dias, “de acordo com as suas instruções” e que não haverá cerimônia pública.

“A nossa mãe, os nossos filhos e nós próprios confiamos que teremos espaço e privacidade para nos despedirmos dele em família e na companhia dos seus amigos mais próximos. Os seus desafios, como ele desejava, serão cremados”.

ENTRE OS MAIORES DA LITERATURA UNIVERSAL

Romancista, ensaísta, articulista e professor universitário, Vargas Llosa inscreve o nome na história da literatura como um dos mais influentes escritores latino-americanos.

A última obra, “Dedico-lhe o Meu Silêncio”, foi publicada em outubro de 2023 – a despedida formal da ficção. Dois meses, encerraria igualmente a assinatura de artigos na imprensa, especialmente a coluna quinzenal “Pedra de toque”, publicada desde o início dos anos 1990 no diário El País.

“Esses artigos eram a demonstração da sua inesgotável curiosidade intelectual e do seu afã por intervir em todos os debates sociais e políticos da atualidade. Neles, como em alguns dos seus ensaios, aparecia esse Vargas Lossa progressista no moral, mas neoliberal no econômico que desconcertava (e até irritava) os milhares de admiradores de suas novelas”, lê-se na edição online do jornal espanhol.

Jorge Mario Pedro Vargas Llosa nasceu em Arequipa, no Peru, a 28 de março de 1936. Iniciou o envolvimento público em causas políticas como apoiador declarado de Fidel Castro e da revolução em Cuba. Transitou, em seguida, para a apologia da democracia liberal, conservadora e capitalista. Em 1990, candidatou-se à Presidência do Peru com o apoio de uma aliança de centro-direita, tendo como adversário Alberto Fujimori.

Ao receber o Nobel da Literatura, Vargas Llosa admitiu a dificuldade, para um escritor latino-americano, de escapar à política, considerando que o continente foi historicamente marcado por problemas sociais, cívicos e morais.

“A literatura latino-americana está impregnada de preocupações políticas, que, em muitos casos, são mais morais”, dizia então, para contrapor: “Sou basicamente um escritor e gostaria de ser lembrado – se for lembrado – pela minha escrita e pelo meu trabalho”.

“Quando escrevo literatura, acho que as ideias políticas são secundárias. Acho que a literatura compreende um horizonte mais vasto da experiência humana”. Ao conceder p Nobel a Vargas Llosa, a Academia Sueca destacou, na obra do escritor, uma “cartografia das estruturas do poder” com “imagens mordazes da resistência, revolta e dos fracassos do indivíduo”.

Além do Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa recebeu distinções como o Prêmio Rómulo Gallegos (1967), Princesa das Astúrias (1986), Planeta (1993), Miguel de Cervantes (1994), Jerusalém (1995), National Book Critics Circle Award (1997), PEN/Nabokov (2002) e Prémio Mundial Cino Del Duca (2008).

Sem ter escrito em francês, o escritor peruano-espanhol entrou, em fevereiro de 2023, para a centenária Academia Francesa, o primeiro escritor de língua espanhola a figurar entre os “imortais” da instituição. Acumulou também títulos de Honoris Causa atribuídos por universidades da Europa, América e Ásia. Integrou ainda a Academia Peruana de Línguas desde 1977, a Real Academia Española, a partir de 1994, e a Academia Brasileira de Letras desde 2014.

“Devemos continuar a sonhar, lendo e escrevendo — a maneira mais eficaz que encontramos de aliviar a nossa condição perecível, de derrotar os estragos do tempo e tornar o impossível possível”, disse o escritor em 2010. 

Fonte:Agência Brasil