Cultura e sua importância para o Novo Normal!

Por Ildazio Jr.

Foto: Henriqueta Alvarez / Divulgação

A cada dia que converso com um amigo, conhecido ou até nas entrevistas diárias que faço pela Radio Excelsior FM em meu programa, o “Conectados”, ouço o seguinte: “já li alguns livros nessa pandemia e minha filha também”; “ fiz uma playlist para faxinar com vários sons que não ouvia há séculos”; “revi pelo menos 5 filmes e mais 10 novos nas madrugadas”; “amigo, fiz um tour virtual no Louvre maravilhoso nesse fim de semana com as crianças”; “cara, que live maravilhosa a de fulana e da banda tal na sexta, foi balada em casa”; “ minha mãe se emocionou assistindo comigo o ‘Lago do Cisnes’ com o Balé de Bolshoi”; “comprei pela internet a coleção inteira em quadrinhos do Batman”… enfim.

E daí, quando você vai atrás dos números, se depara com a informação de que as compras de livros na Inglaterra cresceram 33%, que o entretenimento online ente 09 e 22 de março de 2020 cresceu em 22,8%, que milhões de pessoas se cadastraram na Netflix, Deezer, Amazon, Disney, Globo Play, entre outras, e que as lives se multiplicaram com palestras, debates e shows arrecadando milhões e ajudando os mais necessitados!

Amigos, o que quero chamar a atenção de todos é que quem está ajudando a salvar – não só com contribuições e cestas básicas, mas mentalmente – nós seres humanos trancados em nossas casas é a Cultura! Sim irmãos, a arte e a cultura invadiram os lares de uma vez por todas e passaram de meros coadjuvantes em vossas vidas para protagonistas neste misto de filme de terror e drama que ora vivemos, para confortar a todos, para dar a essas horas vazias conteúdo, e de toda sorte e possibilidades! Claro que o grande veículo hoje é outro, a internet, mas qualquer plataforma precisa de conteúdo antes que os mais afoitos se arvorem a confundir alhos com bugalhos! Sim, o que nós seríamos se não tivéssemos acesso a tanta coisa boa em termos de cultura produzida por milhões de artistas que aqui estão ou desta já passaram?! Quantas possibilidades de crescimento, de humanização das pessoas, as artes oferecem em um momento em que o que mais precisamos é de incentivo à empatia, da emoção do ser humano e, acima de tudo, o que nos diferencia dos outros animais (além da razão, claro), a compaixão?

Bom, mas vamos deixar de lado o filosófico e abordar outro aspecto da cultura (e some-se o entretenimento, pois está sob o guarda-chuva cultural), o comercial e o econômico! Além de um mercado imenso, o setor emprega mais de 5% da mão de obra nacional e em 2018 foi responsável por 2,64% do PIB do país. Por isso chamo a atenção de dois setores que no meu entender terão que investir muito mais em cultura do que antes e também a todos vocês consumidores que, tenho convicção, sairão dessa mais realizados e desejosos ainda por adquirir, consumir mais arte, entretenimento, enfim, mais cultura. E assim exigirão o retorno dos poderes público e privado, pois deles são clientes e contribuintes fundamentais!

Vamos começar pelo setor público, pois em função de tantas mudanças, o tal do “NOVO NORMAL” tem que se redesenhar e se reinventar também. Ou só produtor e artista que tem que se reinventar?! E o poder público, o mais breve possível, deve apresentar uma estratégia de políticas culturais do Estado e Municípios, pois sabemos que a liberdade de expressão artística dificilmente não será censurada, bem como os investimentos serão bem reduzidos (vide Ancine) no campo Federativo!

Não estou aqui, com isso, fazendo críticas ao passado ou como eram, mas sim sugestões para o melhor do desenvolvimento do setor, nessa volta lenta e gradual. Por exemplo, as leis de incentivo Fazcultura e Viva Cultura poderiam rever, nem que seja por um período de 3 anos, uma redução de 100% em alguns casos e outros para 90%, zerando ou reduzindo o aporte das empresas que tiveram abaladas as suas receitas, mas ao mesmo tempo dialogar com grandes empresas e empresas parceiras do estado e municípios para que apoiem de maneira real, revertendo seus impostos, como estratégia de marketing, a Cultura em suas diversas emanações.

Outra sugestão é retomar o patamar no Fazcultura para 5% do ICMS das empresas, pois caiu para 3%, e desenvolverem mecanismos, ferramentas que façam mais ágeis as aprovações, facilitar a emissão de certidões por empresas sem débitos anteriores, que não possam pagar suas obrigações atuais, enfim… Existe uma série de grupos de artistas das mais diversas vertentes com muitas propostas e devem ser ouvidos urgentemente, pois é muita gente sem trabalho, com volta incerta e queixosos de que não possuem nenhum retorno institucional para se criar pelo menos uma agenda!

No campo do Privado, penso que está mais que claro para os CEOs, Diretores de Marketing, gestores, empresários, que investir nas diversas possibilidades que a Cultura oferece é uma das melhores maneiras de dar uma experiência humanista, de real oportunidade de retorno, crescimento ao seu cliente, parceiro ou colaborador, e fazê-los sentirem que a empresa se preocupa com a sua melhoria de vida, o dando esta possibilidade de acesso! Essas empresas e seus/suas comandantes que nesse pós-pandemia não se realizarem disso, basta olharem o seu dia a dia que certamente algo cultural e artístico estará contido nele, no dos seus filhos, cônjuges, pais, amigos ou parentes! Quer mais prova que essa? Está claro que o ser humano precisa de investimento em sua educação, principalmente nesse país onde desde seus primórdios o pensamento de bem coletivo é deixado de lado ao bem de pouquíssimos, porém a Cultura abrevia esse caminho, tenham certeza!

Aí vão mais umas humildes sugestões para que as duas grandes molas propulsoras do país se unam em prol de um grande e imenso bem comum que é nossa gente, nosso povo, enfim, nossa CULTURA!

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