Chapada: Chineses mantêm exploração da pedra jaspe na nascente de rio em Contendas do Sincorá mesmo após denúncias

Para o prefeito Ueliton Valdir, a preocupação é grande com o bioma, pois se trata de uma nascente do rio de Palmeiras e isso pode afetar o abastecimento da comunidade.

FOTO: Montagem do JC/Divulgação

A última matéria sobre um grave crime ambiental no município de Contendas do Sincorá, na Chapada Diamantina, realizada pelo Jornal da Chapada, foi publicada em 15 de abril deste ano. Após dois meses, moradores do povoado de Palmeiras cobram do poder público uma iniciativa para barrar a exploração da pedra jaspe e a degradação da nascente do rio, que tem o mesmo nome da comunidade. A reportagem do jornal recebeu uma nova denúncia. Dessa vez, a exploração tem avançado a todo o vapor, com uso de máquinas, garimpeiros e até intimidação de policiais militares, segundo informações.

Conforme denúncias enviadas, os moradores, cansados com a demora do poder público, realizaram ações por conta própria. Foram até o local e pediram intervenção. Para os moradores do povoado, a atitude foi na intenção de passar a importância que o rio Palmeiras tem para a comunidade. Ainda informam que, como forma de retaliação, um dia após a visita da população ao local de exploração, receberam “dois policiais militares, armados e fardados, no povoado de Palmeiras, para intimidar a população”.

Eles ressaltam que os policiais não saíram da viatura, “no entanto, veio com a intenção de ir até a casa de um dos principais responsáveis pela denúncia deste crime contra nosso bioma, e cometeram abuso de poder com dizeres: ‘se ele ou os moradores forem lá novamente, se eles ousarem ir lá, eles serão recebidos na bala’. Soube que os polícias vieram sem o consentimento do comandante”. Um dos denunciantes alega que a ação foi a pedido do braço direito (morador local) dos chineses.

Um dia após a visita da população ao local de exploração, “dois policiais militares, armados e fardados, foram ao povoado de Palmeiras para intimidar a população” FOTO: Divulgação

Outro morador aponta, que “o [ex-] secretário de Agricultura e Meio Ambiente, desde o princípio sempre mostrou displicência e negligenciou os fatos, na ótica dele, não há crime algum. O tal secretário, renunciou o cargo para tentar a sorte como candidato a prefeito em Contendas do Sincorá”. A comunidade salienta que “o chinês tem muito dinheiro e tem potencial de silenciar os órgãos que cessariam a exploração”.

“Estranhamente todos que vão falar com o chinês acabam num silêncio ensurdecedor, antes da nossa visita, compareceram lá, um efetivo da Polícia Civil, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos [Inema], acompanhado pelo secretário de Agricultura e Meio Ambiente. Ninguém dá um parecer. Muito estranho. A população de [povoado] Palmeiras precisa de esclarecimentos, porém, não há”, diz o denunciante indignado.

O Jornal da Chapada manteve contato com o prefeito de Contendas do Sincorá, Ueliton Valdir Palmeira Souza (PL), para obter informações sobre as ações do Executivo em relação à exploração da pedra jaspe e consequentemente a degradação do rio que abastece os moradores do povoado que leva o mesmo nome. Em contato com a redação, ele aponta que não autorizou a exploração do mineral e que o município já registrou várias denúncias ao Inema, que já esteve no local e notificou o ‘chinês’.

“Mas também não passou disso, o dano é muito grande e pode até comprometer o abastecimento de água da referida comunidade”, diz o gestor. “Soube que uma viatura da PM de Ituaçu andou fazendo uma visita lá em tom de ameaça, mas não sei se procede”, revela o prefeito ao jornal. Para Valdir, a preocupação é muito grande com o bioma, pois se trata de uma nascente do rio de Palmeiras e isso pode afetar o abastecimento da comunidade.

“Estão explorando a pedra jaspe lá na nascente do rio. Ele não tem autorização do município, não demos nada a eles, desconheço que secretário deu licença também, não foi dado”. Ueliton Valdir informa que tem conhecimento de todas as ações de todas as secretarias. Ele garante que tem cobrado insistentemente com delegados, órgãos estaduais do meio ambiente e tentará acionar o Ministério Público.

“Tenho estranheza às atitudes dos órgãos competentes, temos cobrado e não temos tido uma resposta à altura. Vamos acionar o Ministério Público e o Judiciário, mas com essa questão da pandemia, o pessoal não está trabalhando, o fórum está fechado, só está funcionando os processos que estão em andamento”, completa o gestor.

Jornal da Chapada

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