Condeúba: O Escritor Jovino Coutinho reivindica uma homenagem ao educador Anísio Teixeira

Por Jovino Coutinho

Escritor condeubense Jovino dos Santos Coutinho

Jamais desistirei de pregar o que foi, e da importância do Pai da escola pública, e do que fez pela educação em nosso país, estou falando do grande educador Doutor Anísio Spinola Teixeira. Para que de alguma forma Anísio Teixeira receba sua merecida homenagem, pelo o que ele fez pela educação pública, e apelo pelo Senhores vereadores, o prefeito Silvan Baleeiro, para que esta Justa homenagem aconteça, não é nada para eu Jovino dos Santos Coutinho não, é um reconhecimento ao pai da escola pública, que seja um nome de um colégio ou da própria biblioteca municipal, vou deixar aqui uma narração feita pelo grande Darcy Ribeiro, falando de Anísio Teixeira, em um livro onde o título é ” educação não é privilégio”.
Anísio Teixeira , o pai da educação pública , as vezes pode até parecer chatice eu ficar batendo a mesma tecla, quando falo de Anísio Teixeira, mas não adianta, Anísio morreu mas seu legado está vivo. esta é a narração feita por Darcy Ribeiro, ele falando da importância e do que foi Doutor Anísio Spinola Teixeira.
Convivi com alguns homens admiráveis que já se foram. Entre eles meu herói, Rondon; meu estadista, Salvador Allende;meu santo, frei Mateus Rocha; meu sábio, Hermes de Lima, meu Gênio, Glauber Rocha; meu filósofo da Educação, Anísio Teixeira, Anisio foi a inteligência mais brilhante que conheci, inteligente e questionador, por isso filósofo.era também um erudito, até demais. Só conseguiu entender meu interesse pelos índios, quando fiz comparar alguns deles com os atenienses e espartanos.
Tamanho e tão frondoso era o saber de Anísio, que ele, muitas vezes, parava, incapaz de optar entre as linhas de ação que se abriam à sua inteligência. Nessas ocasiões, eu, em minha afoiteza, optava por ele, que, malvado, dizia: ” Darci tem a coragem de sua insciência”.
Anísio foi essencialmente um educador. Quero dizer, um pensador e gestor das formas institucionais de transmissão da cultura, com plena capacidade de avaliar a extraordinária importância da educação escolar o Brasil na civilização letrada.
Para ele, a escola pública de ensino comum é a maior das criações humanas e também a máquina com que se conta para produzir democracia. É, ainda , o mais significativo instrumento de justiça social para corrigir as desigualdades provenientes da posição e da riqueza. Para funcionar eficazmente, porém, deve ser uma escola de tempo integral para os professores e para os alunos, com meus centros integrados de educação pública (CIEPs).
Ainda habitado pelo saber jesuítico, em que fora confirmado, Anisio foi Secretário de instrução pública da Bahia. Refez-se a partir de uma viagem iluminada pela Europa e principalmente depois de uns anos estudando educação na universidade de Columbia, onde se fez deweyista, apaixonado pela tradição democrática americana e por suas escolas comunitárias.
Foi esse novo Anísio que revolucionou o ensino Público do Rio de Janeiro e criou nossa primeira Universidade digna desse nome, a universidade do distrito federal.isso ocorreu naqueles anos de clarividência que o Brasil no começo da década de 1930, dinamizada pelo sopro renovador da revolução. Todo o Brasil se repensava e modernizava, inclusive a educação, chamada a dinamizar-se e a refazer-se pela veemência do manifesto dos pioneiros da educação.
Sobrevém, então, a onda fascista que avassala o mundo. Reagindo contra ela, os comunistas se lançam, aqui, na loucura da intentona de 1935, comprometendo seus aliados Democráticos da Aliança Nacional Libertadora. Revira a situação política e cultural recai a repressão mais injusta e Severa sobre o Prefeito Pedro Ernesto, e sobre os mais eminentes intelectuais brasileiros; Anisio, Castro Rebelo, Hermes Lima, Leônidas Resende e muitos outros, perseguidos e presos pela polícia de Filinto Müller.
Ascende, com a onda fascista, uma liderança cultural direitista, encabeçada o Chico Campos, Gustavo Capanema, Santiago Dantas, que assume o poder na área da educação. São os anos trágicos do estado novo, da intolerância, da tortura e dos banimentos. Sob a regência deles abandonado o plano de Anísio para o ensino primário que previa a construção de setenta e quatro grandes escolas. Deles ficaram até hoje, como testemunho do que teria sido a educação brasileira, algumas de suas escolas experimentais: Argentina, Estados unidos, México e Guatemala.foram desarticulados, também, a Biblioteca central de Educação, o instituto de pesquisas e o instituto de educação, que Anisio implantou para formar o magistério primário em nível superior. A Universidade do Distrito Federal, filha querida de Anísio, foi fechada, e banidos seus professores, os mais brilhantes que o Brasil uma vez reunira: Afrânio Peixoto, Gilberto Freire, Hermes Lima, Roquette pinto, Mário de Andrade, Villa-Lobos e muitos outros. Anísio não pode trazer foi a equipe de professores franceses da mais alta qualificação, que ele contratara e que já estava no cais, quando ocorreu o desastre.
Anísio, proscrito, se recolhe à vida privada e assim sobrevive até que, com a vitória das democracias na guerra, é chamado para um cargo na organização das nações unidas para a educação, a Ciência e a cultura ( UNESCO), recém- criada. vem depois para o Brasil dirigir a campanha de aperfeiçoamento de pessoal do ensino superior (CAPES), com o encargo de formar no estrangeiro novas elites científicas e culturais.Assume, também, a direção do instituto nacional de estudos pedagógicos (INEP), devotado à renovação do ensino fundamental.
No Rio de janeiro, Anisio volta a ser Nosso principal líder intelectual.foi, então, que me aproximei dele, no movimento de luta em defesa da escola pública, nos debates da lei da diretrizes e bases, em que Dom Helder e Lacerda queriam entregar recursos públicos as escolas privadas. Passei a colaborar diretamente com Anísio, ajudando no projeto e na criação do centro nacional e da rede de centros regionais de Pesquisas educacionais, implantada no Rio, são Paulo, Minas, Pernambuco, Bahia, Paraná, e Rio grande. o projeto ambicioso de Anísio era, com esses centros, prover recursos para forçar as universidades brasileiras assumir responsabilidades no campo educacional, na mesma proporção em que o faziam com respeito a medicina e a engenharia.
Ocorre, então, outro episódio de perseguição a Anísio. Os bispos exigem do Presidente da República, pela voz de Dom Hélder, seu afastamento do ministério da educação, porque achavam insuportável seu pendor democrático esquerdista. Anísio, indignado, deixa o INEP e vai para casa, argumentando, em discussão comigo e com Almir de Castro, que o cargo pertencia ao ministro que, para ele, podia livremente nomear e demitir. Discordando, fui para a CAPES, onde ditei, para Fernando Tude de Souza, um artigo polêmico publicado no Correio da manhã, com a assinatura de Anísio, sob o título ” sou contra x sou a favor” era uma espécie de decálogo, que depois de relatar brevemente a deposição de Anísio, contrapunha as principais concepções que se debatiam na área da Educação. A repercussão foi enorme, na forma de dezenas de editoriais dos grandes jornais de todo o Brasil, exigindo o retorno de Anísio à direção do INEP. Foi o que ocorreu. O ministro voltou atrás, porque o presidente da República era Juscelino Kubitschek.

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