Após análise, fungos, bactérias e ácaro são identificados em pacotes de sementes misteriosas

Após análises laboratoriais, a Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) identificou a presença de fungos, bactérias e possibilidade de pragas quarentenárias (que não existem no Brasil) em pacotes de sementes não solicitados que chegaram ao país.

Foram achados: ácaro vivo em uma amostra, três fungos diferentes em 25 amostras e bactérias em outras duas amostras. Além disso existe a possibilidade de pragas quarentenárias em quatro amostras (como plantas daninhas). Toda a análise foi feita no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás, referência no país. Foram confirmados até agora, 258 pacotes de sementes não solicitados em 24 estados e no Distrito Federal. Os únicos estados que ainda não registraram recebimento do material foram: Maranhão e Amazonas. A estimativa é de que em 30 dias haja um detalhamento maior dos resultados.

O secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, afirmou que o material não tem certificação, e por isso está sendo feita uma “pesquisa do zero” para identificar os micro-organismos contidos nas sementes. Ele destacou que medidas estão sendo tomadas para barrar a entrada de novas pragas no país. Os pacotes foram enviados supostamente de quatro países da Ásia.

Orientações

Quem receber os pacotes deve encaminhá-los para uma unidade do Mapa ou de alguma entidade estadual de agricultura, como é o caso da ADAB, aqui na Bahia. Tudo isso sem risco de penalização. O secretário alerta que o material não deve ser manipulado.

“O cidadão que receber esse material pode entregar para o órgão de agricultura que ele não vai ser de forma alguma penalizado. Ele está fazendo uma colaboração da proteção da agropecuária do Brasil e também evitando o contato com um material que possa ter um risco até para a saúde”, disse na coletiva de imprensa.

O secretário lembrou ainda da importância da população não fazer a abertura dos pacotes nem manusear as sementes. “Estamos falando de material não solicitado, que não tem controle e não sabemos a origem nem o que está carregando. Apesar da pequena quantidade, podem trazer pragas para a nossa agricultura, como plantas daninhas, fungos, outras doenças como bactérias, vírus. Além disso, as sementes podem ter sido tratadas com algum elemento químico ou ser um produto tóxico, por isso não devem ser manuseadas pelas pessoas, plantadas ou descartadas no lixo, para evitar uma possível germinação”, disse Leal.

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart, disse que as sementes são os insumos que mais têm carga regulatória no mundo, porque o risco iminente é o mais alto que existe. Segundo ele, o recebimento desse material não solicitado nessa quantidade é inédito no mundo. “Essa importação de material, solicitado ou não sem a certificação, sempre foi proibida no Brasil e no mundo. O que chamou a atenção foram usuários terem recebido os pacotes sem terem sido solicitados”.

O secretário e o diretor pedem ainda que as pessoas não descartem a embalagem original dos pacotes. As informações contidas na embalagem são fundamentais para rastrear a origem do material.

Apreensões

Do ano passado para este ano, houve um aumento de 150% (passando de 2 mil por mês para 5 mil por mês) no número de apreensões dessa espécie de material na central de distribuições dos Correios em Curitiba, onde é centralizada a inspeção de pacotes de menor peso (até 2 kg). O diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luís Vargas, explicou que todos os pacotes passam por escaneamento e por cão farejador, treinado no centro de detecção do Mapa. Quando identificada alguma suspeita, o material é encaminhado para o Ministério da Agricultura.

“O risco é desconhecido, então o alerta é máximo. Quando fazemos viagens internacionais também não devemos trazer esses produtos. Isso coloca nossa agropecuária em risco, todo o nosso bioma, pois não sabemos o potencial de danos desse material ao Brasil”, ressaltou Vargas.

No primeiro semestre deste ano, a fiscalização interceptou 33.734 caixas ou envelopes contendo partes de vegetais (folha, flores e caules), material de propagação vegetal (mudas, bulbos), produtos vegetais que sinalizem risco, sementes e outros na central em Curitiba. Do total, 26.111 foram destruídos, 2.383 foram devolvidos ao local de origem e 5.240 liberados após checagem da documentação.

Investigação

A investigação está sendo feita de início somente na esfera administrativa pelo Mapa. De acordo com o secretário José Guilherme Leal, depois do recolhimento de todas as informações, vai ser feita interação com as autoridades fitossanitárias dos países que supostamente enviaram o material. Se for necessário, outros órgãos, como autoridades policiais, poderão ser acionados. O secretário informou que “ainda não há elementos para afirmar se tratar de uma ação intencional” para que se introduza uma praga no Brasil.

O diretor Carlos Goulart reiterou que nenhum país relatou ter recebido material proveniente do Brasil.

Fonte: atarde.uol

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