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Professor Agnério apresenta: Apontamento de Língua Portuguesa nº 004

Professor Agnério Evangelista de Souza

Emprego especial de algumas palavras

I – Quando uso há, a ou à?
1.0) Usa-se o há do verbo haver quando este estiver empregado no sentido de existir:
a) Há várias soluções para este problema = Existem várias soluções
b) Há casos graves de denúncia = Existem casos graves
c) Não há problema por aqui = Não existe problema
2.0) Usa-se também o há quando a ação indicar fato passado, nesse caso pode ser substituído pelo verbo fazer:
a) A diretora saiu há dez minutos – faz dez minutos
b) Sei que há muito tempo, você pretendia estudar engenharia – faz muito tempo
c) Há várias semanas que escrevi esta carta – Faz várias semanas
3.0) Usa-se o a quando for preposição e a ação indicar tempo futuro; preposição e a ação indicar distância, como artigo definido e ainda como pronome pessoal:
a) Daqui a pouco ela virá (tempo futuro)
b) O acidente ocorreu a cinquenta metros daqui (distância)
c) A casa é espaçosa (artigo)
d) Mamãe, eu a amo (pronome pessoal)
e) O Secretário saiu daqui há pouco, mas voltará daqui a pouco (fato passado e tempo futuro).
4.0) Usa-se o à, chamado de a acraseado, em diversas circunstâncias, contudo a palavra seguinte precisa ser feminina. Caso para estudo separado, porém vejamos algumas frases mais simples:
a) O paciente foi levado à sala de espera. (posso dizer: ao salão)
b) O material foi devolvido à aluna. (posso dizer: ao aluno)
c) Iremos à Bahia no próximo mês. (posso dizer: voltaremos da Bahia)
d) Compareceremos à reunião pontualmente. (posso dizer: ao encontro)
e) Agradeço a Vossa Senhoria a oportunidade para manifestar minha opinião a respeito. (primeiro a, não se usa crase diante de pronome de tratamento; segundo a, apenas um artigo; terceiro a, não se usa crase diante de nome masculino).

II – Quando uso por que, por quê, porque ou porquê?
2.1) Emprega-se “por que” separado sem acento em frases interrogativas
a) Por que há tanta fome no mundo?
b) Por que ele fugiu, se não era culpado?
Emprega-se ainda “por que” separado, quando for substituído por “pelo qual”, “por qual motivo ou razão”
c) A causa por que lutamos é nobre (pela qual lutamos)
d) Quero saber por que meu time não venceu (por qual motivo)
e) Eis por que só entram pessoas competentes (por que razão)
2.2) Emprega-se “por quê” separado com acento no final de frase interrogativa:
a) Não foi ao jogo, por quê?
b) Vocês não conversaram com o prefeito, por quê?
2.3) Emprega-se “porque” junto sem acento por se tratar de uma conjunção causal, pode ser substituída pela palavra “pois”:
a) Não fui ao jogo, porque chovia muito. (pois chovia)
b) Ele foi reprovado, porque não compareceu ao exame. (pois não compareceu)
2.4) Emprega-se “porquê” junto com acento, quando este for um substantivo e estiver precedido de artigo, significando motivo, causa:
a) Naquele congresso, discutiu-se o porquê de tanta criminalidade no mundo. (a causa)
b) Este menino está na idade dos porquês. (substantivo)

III – Quando uso mas, más ou mais?
3.1) mas é conjunção = porém, contudo, todavia:
a) A justiça não é dos homens, mas de Deus! (porém de Deus)
b) Eu perco, mas recomeçarei tudo novamente. (contudo recomeçarei)
3.2) más é adjetivo, plural de má:
a) Não existem crianças más, porém adultos que as educam mal.
b) Todos nós podemos ter más atitudes, mas isso depende de cada um.
3.3) mais é advérbio de intensidade:
a) As mais belas palavras sempre saem dos mais belos corações.
b) Todas as más ações devem ser perdoadas, mas jamais esquecidas, porque, quanto mais se vive, mais se aprende. Há outras expressões especiais em nossa Língua, contudo vê-las-emos em outra ocasião.