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Profº Agnério Souza apresenta Apontamento de Língua Portuguesa – 016 Profº Agnério Souza

Professor e Escritor Agnério Evangelista de Souza

Ortografia – Parte II

Escreve-se com G

agenda geada gente monge gênio ligeiro
sargento sugestão tigela girafa inteligente rugido
gíria virgem vagem prodígio agir gelado
geleia friagem vertigem engenho região gigolô
gigante ginásio rigidez gengibre Gilberto tangerina

Escreve-se com J

jiló jeito pajé jipe laje traje
ajeitar sujeito sujeira rejeição objeção jiboia
canjica jerimum sarjeta dejejum dejeto jegue
jirau jejuar jequitibá jericoense majestade ajeitamento
varejista bajeense enjeitado jiquitaia jenipapo berinjela

Observa-se que o G “gê” ocorre junto de “é” e de “i”. Tem o mesmo som de J “ji” junto de a: jaca, junto de e: jeito, junto de i: jiló, junto de o: jogo e junto de u: jurubeba. É como se fosse ja je, ji, jo, ju. Verifica-se também que o G está na sílaba inicial: gênio, girafa; na medial: tigela, região e na final: vagem, agir. O mesmo acontece com o J: jenipapo, jiboia na posição inicial; sujeira, canjica no meio e dejejum, pajé na sílaba final.
Trata-se de um único som para os dois grupos de palavras acima, classificado como Consoante Fricativa Palatal Sonora.

O fonema / s / ocorre em palavras como:

sala sela sede sinal soda sobre surdo
massa nessa sossego missa acessório osso tusso
alça dança caçula açúcar almoço açougue açude
cebola alcance alvorecer cidade cinema cipó civil
extenso êxtase extensão externo extremo expansão explosão
ascensão nascer florescer crescer adolescente descer consciência
excesso exceção exceto excursão excelente excedente excêntrico

Se, para o falante nativo, já é difícil empregar s, ss, ç, ce, ci, x, sc, sx todos correspondentes a um único fonema / s /, imagine para falantes das línguas alemã, inglesa, holandesa, russa, árabe, chinesa, japonesa e outras? Não se estuda a palavra isoladamente do seu contexto. Aqui, aborda-se o uso ortográfico do português em palavras com dificuldade na escrita, tendo em vista a fala usual do indivíduo. Dominar toda a escrita, só com o tempo, fazendo uso de leituras e produção textual. Estamos diante de uma Consoante Fricativa Alveolar Surda.
A leitura é a fase mais importante de todas, porque é uma decifração e decodificação da escrita, já que leitura é a realização do objetivo da escrita; afinal, quem escreve, escreve para ser lido.
Entretanto, há uma coisa interessante nisso tudo. Para o linguista não há erro no falar nem no escrever. Isto porque ele se preocupa em fazer a transcrição fonética de um falante. Se alguém diz: “Cuma? Nois é, Nois vai” é que esse sujeito tem um dialeto diferente da norma culta. Verifica-se o lugar onde nasceu, cresceu e viveu. Como se falava naquela região, mas ao se transportar de uma região para outra, terá de se adaptar à linguagem padrão.

Professor Agnério apresenta Apontamento de Língua Portuguesa 015

Professor Agnério Souza

Ortografia – Parte I

Do grego – ortos = certo + grafia = escrita. Escrita correta das palavras

Escreve-se com S

empresa marquesa baronesa milanesa despesa surpresa
avisar precisar analisar frisar agasalho quiser
formoso orgulhoso guloso valoroso medroso maisena
paisagem tesouro pêsames vaso gasoso isento
freguês burguês brasa tesoura casebre através

Escreve-se com Z

finalizar modernizar civilizar suavizar socializar dureza
catequizar esperteza honradez riqueza certeza timidez
acidez clareza rapidez altivez estupidez talvez
baliza buzina desprezo fuzil deslizar granizo
vazar vizinho lazer bazar prazer azeite

Não há uma explicação científica para a escrita em nossa língua, herdamos do latim vulgar. Aprendemos a escrever corretamente através das leituras e produções textuais ao longo da vida. Quando escrevemos sem pensar e acertamos, é porque já automatizamos o vocábulo.
Ler e escrever sempre foi uma preocupação da escola a partir das classes de alfabetização e letramento. No entanto, a criança se vê cercada de letras maiúsculas e minúsculas em seu livro, porém no caderno, a professora ensina a traçar as letras cursivas, começando pelo próprio nome. A escola ensina a escrever sem ensinar o que é escrever. O importante é aprender a ler, escrever e contar, e, mais tarde, usar a linguagem padrão aceita pela sociedade civilizada.
O que ocorre é a presença do fonema / z / nos dois grupos de palavras acima. Uma consoante fricativa alveolar sonora.
O mesmo fonema aparece através do X em palavras como:
exame êxito exasperar exímio exemplo exorcismo
inexorável exéquias exemplar exato exagero executar
executivo exigente êxodo exercer exilado exercício

Escreve-se com ch

bicho bucha broche boliche bochecha chácara
charuto chope cochicho cochilo cacho colchão
chimarrão chuchu deboche ficha flecha pechincha
chinelo salsicha charque inchar churrasco encharcar
fantoche guincho cachaça prancha piche mochila

Escreve-se com x

abacaxi ameixa baixela bexiga bruxa caixote
laxativo lixo maxixe mexer caixa enxada
engraxate enxugar caxumba xereta xucro xarope
rixa muxoxo faixa feixe frouxo rouxinol
lagartixa xifópago bauxita enxame laxante xingar

Temos a presença de um único som chiante nas palavras com ch e x. Existem sinais internacionais para representar os fonemas, mas, no computador não sei onde estão. O fato é que estamos diante de uma consoante fricativa palatal surda.
A escrita deve ter como objetivo essencial o fato de alguém ler o que está escrito. Ler é um ato linguístico diferente da produção espontânea da fala sobre um assunto qualquer, conforme nos ensina Cagliari. Dominar 100% a ortografia da Língua Portuguesa não é para todos os estudiosos da língua. Portanto, o Dicionário é quem vai nos auxiliar nessa tarefa de escrever.

Professor Agnério Souza: Apresenta Apontamento de Língua Portuguesa 013

Professor Agnério Souza

Sintaxe – Parte IV – Termos Acessórios da Oração

Para alguns gramáticos, esses termos são três: Adjunto Adnominal – AA, Adjunto Adverbial – Adj. Adv., Aposto – AP. Para outros, são quatro e acrescenta-se aí o Vocativo – VO.
1. Exercem função sintática de Adjunto Adnominal: os artigos, os adjetivos, as locuções adjetivas, os pronomes-adjetivos e os numerais. Ex:
a) O brilhante jornal da manhã publicou belas reportagens.
SS = o brilhante jornal da manhã
PV = publicou belas reportagens
VTD = publicou. OD = belas reportagens
AA = o, brilhante, da manhã, belas
Observe que, no sujeito e no objeto direto, o núcleo será sempre um substantivo (jornal, reportagens). O que sobra do núcleo está sendo AA, como: o (artigo) brilhante (adjetivo) da manhã (locução adjetiva) belas (adjetivo).
b) Esta estrada de ferro tem boa iluminação.
SS = esta estrada de ferro
PV = tem boa iluminação
VTD = tem. OD = boa iluminação
AA = esta (pronome-adjetivo), de ferro (locução adjetiva), boa (adjetivo)
c) Aquele delicioso sanduíche tinha duas linguiças.
SS = aquele delicioso sanduíche
PV = tinha duas linguiças
VTD = tinha OD = duas linguiças
AA = aquele, (pronome-adjetivo), delicioso (adjetivo), duas (numeral)
Convém lembrar que muitas locuções adjetivas se transformam em adjetivo: da manhã = matutino, de ferro = férrea, do coração = cardíaco, do aluno = discente, de chuva = pluvial, de ouro = áureo, de prata = argêntea, do ouvido = auditivo, da cidade = citadino, de mãe = materno, de filho = filial, de irmão = fraterno, etc.

2. Exercem função de Adjunto Adverbial – Adj. Adv. os advérbios e as circunstâncias adverbiais que são muitos, entre os principais estão: tempo, lugar, modo, intensidade, negação, afirmação, assunto, causa, companhia, meio, instrumento, fim e outros.
d) O sertanejo ficara arruinado com a seca.
SS = o sertanejo
PN = ficara arruinado com a seca
VL = ficara. PS = arruinado
AA = o, a. Adj. Adv. de causa = com a seca
e) Ontem, dois conferencistas dissertaram sobre a Covid-19.
SS = dois conferencistas
PV = dissertaram sobre a covid-19
VI = dissertaram. AA = dois, a, dezenove
Adj. Adv. de tempo = ontem. Adj. Adv. de assunto = sobre a covid-19

f) Na noite passada, o bandido cometeu vários crimes premeditadamente.
SS = o bandido. PV = cometeu vários crimes premeditadamente
VTD = cometeu. OD = vários crimes premeditadamente
AA = o, vários (pronome-adjetivo)
Adj. Adv. de tempo = na noite passada
Adj. Adv. de modo = premeditadamente

3. O Aposto – AP é um termo da oração que serve para explicar outro, aparece entre vírgulas. Ex:
g) Jair Bolsonaro, Presidente da República, não usou máscara na ONU.
SS = Jair Bolsonaro
AP = Presidente da República
PV= não usou máscara na ONU
VTD = usou. OD = máscara
Adj. Adv. de negação = não. Adj. Adv. de lugar = na ONU
h) Jacó serviu Labão, pai de Raquel, durante sete anos.
SS = Jacó. PV = serviu Labão, pai de Raquel, durante sete anos.
VTD = serviu. OD = Labão. AP = pai de Raquel. AA = sete
Adj. Adv. de tempo = durante sete anos.

4. O Vocativo – VO não tem lugar certo na oração, ora aparece no início ora no fim. Trata-se de uma evocação, muitas vezes seguida de ponto de exclamação. Ex:
i) Ó Senhor, tende piedade de nós!
Sujeito oculto – SO = vós
PV = tende piedade de nós. VTD = tende. OD = piedade de nós
VO = ó Senhor
j) E agora, José? Está sem mulher!
SO = você. PV = está sem mulher. VI = está
VO = José. Adj. Adv. de tempo = e agora?
Adj. Adv. de companhia = sem mulher.

Professor Agnério Souza apresenta Apontamento de Língua Portuguesa 009

Professor Agnério Evangelista de Souza

Sintaxe – Parte I

Conhecer sintaxe é necessário para organização do pensamento de quem escreve. Já vimos que a frase é o enunciado que tenha sentido e que a oração é a frase que possui verbo. Orações formam períodos, períodos formam parágrafos, parágrafos formam textos. Quando o período é formado por uma só oração, dizemos período simples – oração absoluta. Quando for mais de uma oração, temos o período composto. Vamos trabalhar, por enquanto, com períodos simples. A estrutura normal da Língua Portuguesa segue o padrão: Sujeito – Verbo – Objeto (SVO) ou Sujeito – Verbo – Predicativo do Sujeito (SVPS). Sabemos também que os termos essenciais de uma oração é o Sujeito e o Predicado, porém existem orações sem sujeito ou sujeito inexistente. A posição do sujeito é sempre no início de uma oração, contudo, pode aparecer deslocado, quando a oração está na ordem inversa. Para melhor entendimento, convém colocar a frase na ordem direta, mas isso é para quem entende de sintaxe. Vejamos algumas orações de períodos simples:

a) Pedreiros habilidosos constroem belas casas.
Sujeito Simples (SS) = pedreiros habilidosos
Verbo Transitivo Direto (VTD) = constroem. Objeto Direto (OD) = belas casas. ( esse é o padrão geral SVO).
b) Sua presença inspira confiança aos jovens.
SS = sua presença, Verbo Transitivo Direto e Indireto (VTDI) = inspira, OD = confiança, Objeto Indireto (OI) = aos jovens
c) Deus é perfeito. SS = Deus, Verbo de Ligação (VL) = é, Predicativo do Sujeito (PS) = perfeito.
d) A cegueira e a pobreza lhe torturavam os últimos dias de vida.
Sujeito Composto (SC) = a cegueira e a pobreza, VTDI = torturavam, OD = os últimos dias de vida, OI = lhe. Observe que o pronome oblíquo “lhe”, sempre é objeto indireto de pessoa.
e) Há grandes poetas no Brasil.
Oração sem sujeito (OS) (verbo haver no sentido de existir)
VTD = há, OD = grandes poetas, Adjunto Adverbial de Lugar (Adj. Adv. de lugar) = no Brasil. As orações sem sujeito,conhecidas também por sujeito inexistente, aparecem com os verbos: chover, trovejar, anoitecer, haver, fazer e ser e outros na indicação de tempo ou fenômeno atmosférico. Ex: Choveu bastante. Fazia muito frio. Era ao anoitecer de uma tarde primaveril. Hoje são 21 de agosto.
f) Precisa-se de professores. Sujeito Indeterminado (SI) (está indicado pela partícula “se”). VTI = precisa, OI = de professores.
g) Falaram mal daquela moça. Sujeito Indeterminado (o verbo está na 3ª p. do plural e não se sabe quem: eles ou elas?) VTI = falaram, OI = daquela moça, Adj. Adv. de modo = mal.
h) Vendem-se carros usados. SS = carros usados, VTD = vendem, Pronome apassivador com função de objeto direto = se. Temos aqui a voz passiva sintética que pode ser transformada em voz passiva analítica = Carros usados são vendidos. Nesse caso, o sujeito concorda com o verbo. Comete erro quem deixa o verbo no singular e o sujeito no plural, como: Vende-se carros usados.
i) Vive-se bem aqui. Sujeito Indeterminado (indicado pelo “se”), Verbo Intransitivo (VI) = vive, Adj. Adv. de modo = bem, Adj. Adv. de lugar = aqui.
j) Orações construídas com pronomes interrogativos, para melhor elegância da frase, melhor colocar o sujeito depois do verbo:

– Onde estão as crianças? SS = crianças
– Quanto custou o livro? SS = livro
– Que desejam vocês? SS = vocês
– Quando chegará o ônibus? SS = ônibus
– Como fugiu o cachorro? SS = cachorro.

Conclusão – temos cinco tipos de sujeito, SS formado por um só núcleo, o núcleo é sempre o substantivo; SC formado por mais de um núcleo, SI pelo “se” ou verbo na 3º do plural, Oração sem sujeito (OS) ou sujeito inexistente nos casos da letra e, e o sujeito oculto (SO) como: Andei rápido. SO (eu). Falaste mal do governo. SO (tu). Trabalhamos durante a noite. SO (nós). O sujeito oculto é sempre identificado na desinência verbal.

Condeúba: O Professor Agnério Evangelista nos trás hoje, Apontamento de Língua Portuguesa nº 003

Agnério SouzaAgnério Evangelista de Souza – Professor condeubense da Língua Portuguesa

Você já ouviu falar em Semântica?É o estudo do significado das palavras nos mais diversos níveis do discurso, isto é, da linguagem. Vejamos um pouco sobre este assunto. Nessa abordagem vamos nos concentrar sobre os Sinônimos, Antônimos, Homônimos e Parônimos.
a) Sinônimos – são palavras com grafia diferente, mas com significado muito semelhante:
Engraçado = divertido, espirituoso, jovial, jocoso
Diferente = desigual, divergente, variado, modificado
Informar = comunicar, avisar, instruir, corroborar
Mentira= lorota, falsidade, impostura, lenda
Vermelho = rubro, corado, escarlate, rutilante
Ao escrever um texto ou fazer uma produção escrita, devemos lançar mão de sinônimos, porque é antiestético a repetição de vocábulos dentro do mesmo parágrafo. Escreve-se bem, porque se lê muito, principalmente livros literários, jornais, revistas, e agora, textos online pelo celular ou pelo computador. Contudo, evite a linguagem virtual. É sempre bom solicitar a um revisor a correção da produção escrita, quando esta se destinar a publicação.
b) Antônimos – são palavras de sentidos opostos:
bonito/feio, diferente/igual, jovem/velho, egoísmo/altruísmo, céu/inferno, bom/mau, verdade/mentira, claro/escuro, doente/sadio, etc. Há uma figura de estilo conhecida por Antítese que tem como base os antônimos, muito usada por escritores e poetas.
c) Homônimos – palavras com o mesmo som e grafia diferente, são as Homófonas:
acento = sinal gráfico, assento = local para sentar-se; cela = aposento, sela = arreio; concerto = música, conserto = verbo consertar; cessão = ato de ceder, sessão = reunião; taxa = tributo, tacha = prego; cesta = utensílio, sexta = numeral seis, dia da semana, etc
Quando são iguais na escrita e diferentes na pronúncia são as Homógrafas:
O gosto (substantivo),eu gosto (verbo gostar).
A colher (substantivo),vou colher o milho (verbo colher).
Tenho sede (ter sede de), Esta cidade é a sede do município (lugar principal). O governo (substantivo), eu governo (verbo governar).
São (Santo), são (verbo ser), são (sadio) – homônimos perfeitos.

d) Parônimos – são apenas parecidos, mas grafia diferente, som diferente e também o significado:
cavaleiro (homem a cavalo), cavalheiro (gentil);
aura (atmosfera), áurea (dourada);
descriminar (tirar o crime), discriminar (diferenciar);
mugir ( soltar mugidos), mungir (ordenhar);
eminente (ilustre), iminente (prestes a acontecer);
geminada (duplicada), germinada (que germinou), etc.

E na garupa dos parônimos, existem os falsos. Vejamos alguns, então, a primeira palavra é a correta:
aleijar e não alejar, adivinhar e não advinhar, cabeleireiro e não cabelereiro, reivindicar e não revindicar, frustrado e nãofrustado, próprio e não própio, proprietário e não propietário, frear e não feiar, prazerosamente e não prazeirosamente, bueiro e não boeiro, jabuticaba e não jaboticaba, curinga e coringa, meritíssimo e não meretíssimo, chuchu e não xuxu, aborígine e não aborígene, antediluviano e não antidiluviano, penico e pinico, bandeja e não bandeija, má-criação e não malcriação.
Os estudos semânticos são mais abrangentes e a lista de homônimos e parônimos é enorme, por isso as boas leituras são fundamentais para a escrita. Quando tiver dúvida de uma palavra, consulte sempre o dicionário.