Condeúba: Aniversário 103 anos de Laurinda Maria de Novaes

Por Joandina Maria de Carvalho

Vó de Joandina
Dona Laurinda com a neta Professora Joandina Maria de Carvalho

                                                                  Fé, paz e muito amor

No dia 09 de junho de 1914 nasceu em Barra do Rio, próximo ao que hoje é o distrito de Alegre em Condeúba, Laurinda Maria de Novaes. Filha do Sr. José Rodrigues e de dona Everaldina, a menina Laurinda sempre foi muito dedicada e amorosa. Ajudou a cuidar dos irmãos e cresceu vivenciando histórias, que ela gosta de contar até hoje. Não apenas os netos e bisnetos a chamam carinhosamente de Dindinha. Quem a conhece sente que ela é uma graça.

Casou-se com José Martins de Carvalho e teve 9 filhos: Miguel, Laura, Antônio, os gêmeos João e Joaquim, Florenita, Sidronio, Maria e Sizino. Desde pequeno cuidou e trata como filho, José Sobrinho – o Zé Buriti. Dona Laurinda é uma matriarca que desempenhou papel fundamental na criação do povoado do Alegre. Na casa deles eram acolhidas inúmeras pessoas que vinham de diferentes lugares ou que iam de Condeúba para reuniões no povoado. Sempre incansável, ela ajudava a cuidar de todos com dedicação e carinho.

Com os pais e amigos da família aprendeu várias artes, como a de plantar e colher o algodão, fiar, tecer, fazer renda e outros bordados como o crivo, que ela praticou por muitos anos. Até pouco tempo atrás, tinha o costume de presentear as pessoas com uma toalhinha que ela mesma bordava. Até Dona Maria que morava no Rio de Janeiro, e que hospedou sua neta Joandina, nos anos de 2005 e 2006, ganhou uma toalha de lembrança. Essa, que também era arteira e tinha a mesma idade de dona Laurinda, dizia com orgulho: é uma lembrança da vó da Jô.

Foi com ela que sua neta historiadora desenvolveu o gosto pela história oral e pelo trabalho com memória de idosos. Lá do mato, quando tinha 12 anos, ela acompanhou a família na luta para esconder dos revoltosos, tendo em vista que a Coluna Prestes passou por Condeúba e atrás dela estavam a polícia baiana e jagunços de coronéis da Chapada Diamantina. Quem morava no campo sofreu mais. Apesar de certo trauma com os revoltosos, Dona Laurinda sempre falou deles como algo marcante. Era uma menina e foi encarregada pelos pais de cuidar de Jovita, a irmã caçula. “Foi um tempo duro minha filha.”

Do Alegre, dona Laurinda saiu poucas vezes para visitar parentes em São João do Paraíso, para atividades religiosas em Condeúba e por duas vezes foi a Bom Jesus da Lapa. Dessas poucas viagens, lembra com entusiasmo, sempre contou muitas histórias e ainda conta, apesar das limitações da idade. Ela é uma pessoa que gosta de viver. Na celebração dos seus 100 anos, em 2014, quando questionada pelo Pe. Gilvan sobre que outros desejos ela tinha para a vida, disse que era viver mais. Ela continua firme, com garra, fé e muito amor. Em 09 de junho de 2017, familiares e amigos que estão no Alegre ou distante, comemoram os 103 anos de muita vida. Parabéns Dindinha!!!

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