Dia: 20 de novembro de 2024

Brasil Celebra Primeiro Feriado Nacional do Dia da Consciência Negra com Marcha Histórica em Condeúba/BA.

 

Momento inicial da marcha, onde a assembleia profere a oração do Pai Nosso com uma Ave Maria, no Açucareiro Osmar Alves de Sousa – Centro de Condeúba.

Nesta quarta-feira, 20 de novembro de 2024, o Brasil celebrou pela primeira vez o Dia da Consciência Negra como feriado nacional. A data, instituída para homenagear a luta histórica dos negros e valorizar as culturas afro-brasileiras, ganhou destaque especial no sertão baiano, onde a celebração foi realizada em Condeúba, organizada pelo Instituto Quilombola do Sudoeste Baiano.

Um Marco para as Comunidades Quilombolas

O evento, considerado histórico, reuniu parte dos representantes de 67 comunidades quilombolas dos 19 municípios que compõem o território sudoeste da Bahia, participaram em Condeúba os dirigentes de Vitória da Conquista e as comunidade de Tremedal, Piripá e Mortugaba. A celebração foi liderada por Josezito Ferreira (Zezito), diretor do Instituto Quilombola, acompanhado por Nelson Quilombola, assessor do quilombo, e pelo engenheiro agrônomo Marinaldo Carvalho dos Santos, que atua em projetos sociais e produtivos na região.

A programação teve início às 9h com uma concentração na Praça Santo Antônio, mais precisamente no Açucareiro Osmar Alves de Sousa, em Condeúba, onde foi feito a oração do Pai Nosso com uma Ave Maria. A partir dali, os participantes realizaram uma marcha pelas principais ruas da cidade, culminando na quadra poliesportiva Antônio Andrade dos Santos na Escola Dário de Oliveira Lima, no bairro Divino Espírito Santo.

Cultura, Resistência e Homenagens

Na quadra, o público presenciou apresentações culturais, como Folia de Reis, cantoria de roda, danças, capoeira entre outros, debates sobre resistência e racismo, e uma homenagem especial a figuras históricas, como Arlindo Firmo Brito, líder reconhecido pela luta em defesa dos direitos quilombolas. Cada representante das comunidades teve a oportunidade de falar, apresentando reivindicações e reafirmando a importância da luta contra o racismo e pela preservação das tradições.

A celebração contou ainda com a presença do vice-prefeito eleito e vereador Carlito José Pereira, quilombola da região, que ressaltou o significado do evento como símbolo de união entre o poder público e as comunidades. “Esta data representa mais do que memória, é um compromisso com a continuidade da luta pela igualdade e pelo reconhecimento do povo negro no Brasil”, destacou Carlito.

União e Resistência

O evento encerrou com um momento emocionante liderado por Zezito, que convidou o público a fazer um minuto de silêncio em homenagem a Zumbi dos Palmares, símbolo maior da resistência negra, além de Luiz Alberto e Arlindo Brito, nomes fundamentais na defesa dos direitos quilombolas. Em seguida, foi servido um almoço coletivo oferecido pela prefeitura municipal.

Significado Histórico

A celebração deste Dia da Consciência Negra em Condeúba simboliza mais do que uma festa cultural. Ela marca um momento de reafirmação da identidade quilombola e da resistência contra o racismo estrutural. Para as comunidades participantes, o evento é a prova da força de um povo que continua escrevendo sua história com coragem e dignidade.

Com esse primeiro feriado nacional, o Brasil reafirma seu compromisso com a valorização das contribuições negras na construção da sociedade, transformando o 20 de novembro em um dia de memória, união e renovação de esperanças.

Quem foram eles?

Zumbi dos Palmares foi morto em uma emboscada no dia 20 de novembro de 1695, na Serra dos Dois Irmãos, em Viçosa (AL). O líder do Quilombo de Palmares foi delatado por um de seus companheiros, Antônio Soares, que foi torturado para revelar o local de esconderijo de Zumbi. O capitão Furtado de Mendonça organizou a emboscada e matou Zumbi, que tinha 40 anos de idade.

Algumas Leis de autira do deputado federal Luiz Alberto Silva dos Santos, falecido em 13/12/2023, aos 70 anos de idade.

Ementa: Altera a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, que “dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas”, aperfeiçoando o cálculo da renda familiar para efeitos de definição dos beneficiários do Programa.

Ementa: Requer a realização de Audiência Pública para debater o financiamento da política destinada ao incentivo à cultura e às artes negras em suas variadas linguagens: teatro, música, dança, cinema, fotografia, artes visuais, artes plásticas e literatura.

Ementa: Reserva aos negros vinte por cento das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União.
Arlindo Firmo de Brito
Fundador, dirigente e líder da Comunidade Quilombola do Tamboril, no município de Condeúba, Agente Comunitário de Saúde – ACS, foi assassinado brutalmente no dia 8 de outubro de 2024, aos 60 anos de idade.
Estiveram prestigiando esse grande evento as seguintes autoridades: O presidente do Legislativo condeubense vereador Reginaldo Nascimento, o vice-prefeito eleito, vereador Carlito José Pereira, as vereadoras Nena e Bell do Alegre, os vereadores Weberson e Lucas Ruan e os vereadores eleitos Zé de Fernando e Conceição, além de secretários, diretores e outros.

Fotos: Oclides/JFC

Sobre a consciência negra

Por Paulo Henrique

Sobre a consciência negra, faz parte de uma cultura preconceituosa, festejar o dia 20 de novembro. Parece uma contradição gigantesca, porém, é a verdade. Ainda vivemos num país que alimenta o preconceito velado, silencioso e, por vezes, até escancarado como se vê nos estádios de futebol e outros espaços por aí a fora.
Alguns julgam ser uma data especial para recordar as lutas do povo negro, os escravos que edificaram este país, os pretos de cor e de raça, os afrodescendentes, os quilombolas refugiados. Outros dizem que é uma data desnecessária e que, por si só, gera mais preconceito. Talvez o segundo pensamento seja até uma realidade mesmo. Com certeza, exitem os que dizem não gostar do dia 20 de novembro e que não seria preciso ter um feriado para isso.
É o Brasil negro que temos, marcado ainda pelas mazelas do racismo de anos e mais anos; as perseguições e as senzalas que oprimiam, os senhores fazendeiros e tantos outros.
Agora, com uma consciência profunda e amadurecida, refletimos sobre toda a história e tentamos reparar um pouco do que fizemos aos irmãos negros que chegaram aqui.
Vale ressaltar que ninguém é melhor que ninguém e o fato de ter um dia dedicado os negros, não os fazem melhores ou piores que ninguém. O que desejamos é a unidade entre todos os brasileiros, oportunidades para todos, vagas nas universidades, trabalho, teto, dignidade, oportunidades na TV e no Rádio, no mundo digital e nas redes sociais, gerando inclusão e derrotando o preconceito velado e silencioso.