Mês: março 2023

Terreiros de Santo Amaro se unem contra o racismo religioso

Celebração na cidade baiana mostra resistência do povo afro-brasileiro

Por: Redação Fonte: Agência Brasil
© Joédson Alves/Agência Brasil
© Joédson Alves/Agência Brasil

No ano seguinte à promulgação da Lei Áurea, que acabou com a escravidão legal no Brasil, em 1889, João de Obá organizou uma celebração em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano: o Bembé do Mercado. A festa reuniu os pescadores e os terreiros de candomblé para denunciar, no dia 13 de Maio, as condições em que a chamada abolição deixou a população negra, sem nenhuma reparação pelo sequestro das populações africanas e pelos anos de trabalhos forçados.

Joédson Alves/Agência Brasil
Joédson Alves/Agência Brasil

“Não é a comemoração do 13 de Maio, da suposta abolição da Princesa Isabel. O Bembé do Mercado é a afirmação da resistência do nosso povo. Quando houve a suposta abolição no 13 de Maio de 1888, eles [negros] não tinham terra. Ficaram todos à deriva. E muitos se submeteram a continuar com a vida de escravo porque não tinha terra, não tinha como comer”, explica Babá Sérgio, do Ilê Oman, que é diretor de comunicação da associação que reúne 60 terreiros do município para cuidar da organização do Bembé do Mercado.

Os pescadores que construíram essa manifestação eram, segundo Sérgio, aqueles que buscavam formas de sobrevivência sem ter acesso à terra. “Eles tiraram [o sustento] do mar, porque o mar não tem dono”, conta.

Patrimônio cultural
M?e Lidu (c), posa para foto com suas filhas de santo no terreiro Ilê Axé Igbalé.Joédson Alves/Agência Brasil
M?e Lidu (c), posa para foto com suas filhas de santo no terreiro Ilê Axé Igbalé.Joédson Alves/Agência Brasil

O Bembé foi reconhecido como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, em 2012, e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2019. A celebração envolve a realização de obrigações religiosas, com dedicações a Exu, Iemanjá e Oxum, e também manifestações culturais afro-brasileiras, como a capoeira e o samba de roda. As festas ocorrem em pontos centrais da cidade de Santo Amaro, município fundado no século XVI em um local que era habitado originalmente por povos indígenas.

Mais do que uma festa histórica, o Bembé é uma organização dos terreiros de Santo Amaro para preservar a cultura local e fazer resistência contra a violência do racismo que afeta as religiões de matriz africana. Um processo que, segundo Babá Sérgio, se aprofundou no último governo, do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“A gente lutou, pediu a Deus e aos orixás, aos voduns e aos encantados. No último governo, houve muitos ataques aos nossos terreiros. A gente quase foi banido pela forma de sacralização dos animais por uma perseguição à nossa religiosidade. Os frigoríficos, os abatedouros, [matam] milhares de aves. Mas o problema é porque é o candomblé, porque é de negro”, critica o responsável pelo terreiro fundado em 1933.

O Ilê Oman está atualmente fechado, em luto de um ano pela morte da matriarca mãe Lydia, em dezembro de 2022. Lydia ficou 48 anos à frente da casa e dedicou 70 dos 86 anos que viveu ao candomblé.

Babá Sérgio reconhece a delicadeza de lideranças religiosas se posicionarem politicamente. No entanto, ele enxerga que certos momentos exigem atuação. “A gente não pode colocar a religiosidade em política de homem, em política partidária. Mas, de uma forma ou de outra, a gente tem que falar, porque é a política que nos move”, enfatiza.

Por isso, ele espera que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva traga um respiro para o povo de santo. “A nossa esperança era viver com menos perseguição. Isso nós vamos conseguir, eu tenho certeza”, diz.

“Botar pé firme e lutar”

M?e Williana de Odé, em eu terreiro Ilê axé Ojú Igbô Odé -Joédson Alves/Agência BrasilM?e Williana de Odé, em eu terreiro Ilê axé Ojú Igbô Odé -Joédson Alves/Agência Brasil

A iaquequerê (mãe pequena) do Ilê Axe Igbalê, mãe Lyndu se assusta com a proporção da perseguição aos terreiros e seguidores do candomblé nos últimos anos.

“Muito preconceito religioso. A gente se veste com a roupa do santo para poder fazer as coisas que tem que fazer. E muita gente desfaz da gente, da nossa religião, da nossa matriz africana. A gente faz as caminhadas aqui para ver se acaba com isso”, diz em referência às manifestações contra o preconceito organizadas pelos terreiros na cidade.

Os fiéis, segundo a mãe de santo, se esforçam para conciliar as práticas ancestrais com o respeito à comunidade e ao meio ambiente. “A gente não mexe com ninguém. Cumpre as obrigações. A gente não polui o rio. Quando a gente leva um presente para a praia, a gente não joga frasco de perfume. A gente não joga saco plástico. Nada disso nós fazemos, temos todos os cuidados”, explicou.

Apesar da discriminação, mãe Lyndu defende que os costumes têm que ser mantidos. “A resistência da gente é botar pé firme, chamar por deus e lutar”, resume. “O povo fale ou não fale, critique ou não critique, nós temos que continuar. Não podemos parar com nossa cultura, com nosso axé, com nossas raízes. Temos que continuar lutando”, acrescenta sobre a disposição em manter viva a religião.

“Sofremos muitos ataques, discriminação. As pessoas não nos respeitam. E, depois do governo passado, ficou pior a situação”, avalia Williana de Odé do terreiro Ilê Axé Oju Igbo Odé e que também faz parte da diretoria da associação do Bembé do Mercado. Mas a mãe de santo também não se intimida com a hostilidade racista. “Eu visto minha roupa, boto minhas contas e saio pela rua. Mas tem muitas pessoas que nem falam que são do candomblé”, diz.

Para enfrentar essa situação, Williana tem confiança na união dos praticantes da religião. “Estamos nos unindo cada vez mais. E temos sempre reuniões, através do pai Pote [presidente da associação] e do Bembé do Mercado. Estamos sempre nessa questão de nos unir para estarmos nos setores, fazendo os trabalhos, para viajar, [e para a] caminhada contra a intolerância religiosa”, ressalta.

Como escândalo das joias árabes atinge planos políticos do PL para Michelle Bolsonaro

First Lady of Brazil, Michelle Bolsonaro gestures during motorcade as supporters of Brazil's President and presidential candidate Jair Bolsonaro, protest against the Supreme Court, the ministers of the Superior Electoral Court and against censorship, in Brasilia, Brazil, October 29, 2022. REUTERS/Ueslei Marcelino
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro durante a campanha pela reeleição do marido em outubro de 2022. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, lançou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro a candidata a presidente em mais de uma entrevista.

De duas, uma.

Ou o cotejo era jogo de cena, uma forma de pressionar Jair Bolsonaro (PL) a interromper o período sabático nos EUA e voltar ao Brasil para domar as feras hoje abrigadas em seu partido, como já pediu com todas as letras em outra entrevista, ou o projeto Michelle 2026 já está em curso.

Está ou estava.

Desde o último fim de semana, Michelle virou tema do noticiário diante da revelação, feita pelo jornal O Estado de S.Paulo, que ela seria a destinatária de um conjunto de brincos e colar de diamantes avaliado em R$ 16,5 milhões. As peças seriam um presente da Arábia Saudita à então primeira-dama.

Michelle poderia se lançar candidata daqui a menos de quatro anos com diamantes por todo o corpo desde que ela tivesse pago os devidos impostos sobre importação de produto estrangeiro. Algo em torno de 40% do produto.

Não foi o caso, como mostra o passo-a-passo reconstituído pelo Estadão sobre os esforços de Jair Bolsonaro (PL) em obter a mercadoria. Um de seus ministros escalados para a missão e agora suspeito de omitir mercadoria da Receita jura que tudo seria declarado como presente ao Estado brasileiro e incorporado ao acervo presidencial.

A história, mal contada sob qualquer ângulo por onde se olha, joga areia na engrenagem até então polida por Costa Neto para testar a viabilidade eleitoral de Michelle Bolsonaro, seja como candidata, seja como cabo eleitoral.

Daqui em diante, assim como já aconteceu em relação aos cheques de R$ 89 mil depositados em sua conta por Fabrício de Queiroz, peça-chave nas investigações sobre as supostas rachadinhas promovidas pelo clã Bolsonaro, Michelle será confrontada sobre a história das joias toda vez que aparecer em público.

Isso na melhor das hipóteses – para ela e os arquitetos de sua possível candidatura.

A tendência é que as pontas soltas da história resultem em uma investigação de fato sobre as razões para tantas joias serem trazidas da Arábia Saudita sem aval da Receita.

Esse fio pode se desdobrar em uma meada considerável a ponto de se converter em um possível processo por descaminho ou mesmo uma investigação aprofundada sobre possíveis interesses dos sauditas em outras joias. As joias brasileiras.

Lula prepara pacote para mês da mulher de olho em efeito político-eleitoral

***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 01.03.2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 01.03.2023 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mobilizou seus ministérios para que apresentem ações para o mês da Mulher. Para dar um peso político à data, o petista pretende fazer uma grande cerimônia nesta quarta-feira, dia 8 de março, no Palácio do Planalto.

De acordo com integrantes do governo, são mais de 25 ações, coordenadas pela ministra Cida Gonçalves (Mulheres). Outras medidas serão lançadas ao longo do mês ou já foram anunciadas.

Dentre as ações, está a proposta de criar o Dia Nacional Marielle Franco e a construção de Casas da Mulher Brasileira e oficinas de fabricação de absorventes em presídios femininos.

Além de as mulheres representarem mais da metade da população, há um componente político-eleitoral no incentivo a essas medidas.

Durante as eleições, Lula foi beneficiado pela alta rejeição das mulheres contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por isso, ele credita parte da sua vitória a essa fatia do eleitorado. Ele tem dado destaque a elas em seus discursos e quer aproveitar março para reforçar essa mensagem.

Um episódio, narrado por Cida Gonçalves, sobre quando Lula convidou-a para assumir o ministério, explicita isso.

“Quero que você [Cida] saiba da responsabilidade que eu [Lula] estou te dando, porque quem me elegeu foram as mulheres. Portanto, você tem a responsabilidade de tocar aquilo que pra mim é mais caro nesse governo, que são as pessoas que, quando ninguém acreditava, foram lá e acreditaram em mim”, contou a ministra em evento do Google com o Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), na última semana.

É também este segmento da sociedade que tem dado avaliações mais positivas à sua gestão. De acordo com a última pesquisa da Quaest, divulgada no final de fevereiro, 44% das mulheres avaliam como positivo o governo Lula 3, enquanto dentre os homens, é de 37%.

O levantamento entrevistou 2.016 pessoas entre os dias 10 e 13 de fevereiro.

O presidente anunciou na última semana uma das principais medidas que serão lançadas no próximo dia 8, em cerimônia no Planalto: a apresentação de um projeto de lei que estabeleça remuneração igual para homens e mulheres que exerçam a mesma função.

A ideia foi bandeira da então candidata e hoje ministra Simone Tebet (Planejamento). Foi incorporada pela campanha do petista e deve sair do papel na próxima semana.

Já existem leis sobre o tema, mas que, na prática, não são cumpridas. Os detalhes ainda estão sendo fechados pela Casa Civil. Segundo relatos, a nova lei deve ter reforços positivos e negativos às empresas, como outros países já fazem.

Nesta última semana, integrantes da sociedade civil foram ao Palácio do Planalto e levaram suas contribuições ao pacote.

Uma das principais ênfases do governo será com o tema feminicídio, como o próprio Lula destacou durante sua campanha. Segundo auxiliares palacianos, este tema, assim como a fome, tem se tornado uma das prioridades do chefe do Executivo —muitos atribuem essa mudança à primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.

Nesse sentido, um dos anúncios para o mês de março será a construção de Casas da Mulher Brasileira pelo país, política do programa “Mulher Viver, Sem Violência”. Essa ação é feita pelo Ministério das Mulheres em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A Casa da Mulher Brasileira é um programa que já existe desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). É um espaço público que concentra serviços especializados e multidisciplinares para o atendimento às mulheres vítimas violência, que vai desde o acolhimento até o serviço jurídico.

Segundo relatos, a intenção é que esses espaços sejam construídos não só nas capitais, mas também pelo interior do país.

As ações do governo também incluem o reforço no número de viaturas para patrulhas Maria da Penha —especializadas na proteção de mulheres— e de delegacias de atendimento à mulher.

“Todos os indicadores [de violência] aumentaram no último ano e em especial contra as mulheres negras, sendo necessária a retomada de investimentos em prevenção”, disse Tamires Sampaio, assessora especial do Ministério da Justiça e Segurança Pública e coordenadora do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania),

Haverá também uma parceria da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) com a Secretaria de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o lançamento do Programa Dignidade Menstrual para pessoas em situação de vulnerabilidade, que consiste em oficinas para a fabricação de absorventes, fraldas e calcinhas por pessoas presas.

No âmbito da violência política, o ministério da Igualdade Racial vai anunciar o Dia Nacional Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça, em 14 de março, mesma data do aniversário do assassinato da vereadora carioca. Sua irmã, Anielle Franco, é ministra da Igualdade Racial.

Os bancos federais, comandados pela primeira vez por mulheres, também anunciarão medidas para 8 de março. No Banco do Brasil, chefiado por Tarciana Medeiros, serão lançados neste mês produtos com condições especiais favoráveis às mulheres, como linha de crédito para empreendedoras.

Além disso, o governo Lula deve propor colocar como critério de desempate em licitações do governo federal a equidade de trabalhadores homens e mulheres. A ideia, do ministério da Gestão, de Esther Dweck, é para regulamentar um artigo da Lei das Licitações.

Ainda que a agenda para mulheres tenha sido colocada como prioridade durante a campanha, durante a transição, houve uma quebra de expectativa quando Lula anunciou só 11 ministras no seu primeiro escalão.

O número é recorde, mas ainda está aquém da paridade, uma vez que há 37 pastas na Esplanada.

Lula também nomeou pela primeira vez mulheres para o Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e para a Caixa Econômica Federal, Rita Serrano.

A uma pequena plateia de mulheres da sociedade civil e do mundo político, no evento do Google nesta semana, a ministra Cida Gonçalves reconheceu que são poucas no primeiro escalão, mas atribuiu isso ao machismo de partidos políticos, que fazem as indicações.

“Trazer empoderamento significa, além de sair da situação de violência e de ter autonomia financeira, fazer com que nossas mulheres sejam sujeitas de direito, esse é o desafio que Lula está colocando para nós. E ele tem mostrado isso, quando coloca 11 ministras no governo”, disse.

“As pessoas perguntam: ‘Mas não é pouco? São 37 ministérios’. É, sabemos que é [pouco]. Só que temos que vencer o machismo de quem indica, porque o problema não é do presidente Lula, é de quem indica, que são os partidos”, completou.

Das 11 ministras, seis são diretamente ligadas a partidos políticos.

MEDIDAS DO MÊS DA MULHER

– Produtos em condições especiais no Banco do Brasil, como linha de crédito com taxa menor para agricultoras familiares ou empreendedoras.

– Programa Empreendedoras Tec para empresas e projetos tecnológicos liderados por mulheres.

– Dia Nacional Marielle Franco contra violência política.

– Colocar como critério de desempate em licitações do governo federal a equidade de trabalhadores homens e mulheres.

– Encontro Nacional das Mulheres das Águas e lançamento do prêmio Mulheres das Águas.

– Lançamento do Programa Dignidade Menstrual para pessoas em situação de vulnerabilidade.

– Edital de R$ 4 milhões para projetos municipais com foco na prevenção à violência e à criminalidade, com foco em mulheres.

– Edital de 1,5 milhão para financiar projetos para fomentar ações de geração de trabalho, renda e participação social para mulheres em situação de vulnerabilidade.

– Doação de 270 viaturas para as Patrulhas Maria da Penha.

– Reforço das estruturas das delegacias de atendimento à mulher.

– Construção de Casas da Mulher Brasileira em capitais e no interior do país.

– Desenvolvimento de encontros, eventos debates e balanços no âmbito do Ministério da Justiça e Segurança Pública com foco em gênero.

Van recheada de cigarros sem nota fiscal é retida pela PRF em Vitória da Conquista (BA)

Van recheada de cigarros sem nota fiscal é retida pela PRF em Vitória da Conquista (BA)
Foto – Divulgação / PRF-BA
Uma carga de cerca 244 mil maços de cigarro nacional sem nota fiscal foi retida, na madrugada de hoje (05), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR 116, em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. A mercadoria havia saído do Rio de Janeiro com destino a Fortaleza, no Ceará.
O flagrante ocorreu durante a abordagem a uma van com placas de São Paulo, no Km 830 da rodovia. Ao abrir o compartimento de carga do veículo, foram encontradas centenas de caixas com os pacotes de cigarro de origem nacional. Ao todo foram apreendidos 243.950 maços de cigarros.
Os pacotes estavam sem a documentação necessária ao transporte da carga. Na troca de informações entre a PRF e a Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz-BA), foram identificados indícios de sonegação fiscal. Além disso, constatou-se ainda o não recolhimento dos impostos devidos.
O motorista da van, a carga e o veículo ficaram sob a responsabilidade da Sefaz-BA, para regularização fiscal, o que incluí o pagamento dos tributos e multas provenientes da irregularidade.

Obesidade “instala-se” na Europa

Mais de metade dos europeus têm excesso de peso. Cientificamente, isto significa um Índice de Massa Corporal igual ou superior a 25.

Quando este índice é superior a 30, já estamos perante obesidade, o que afeta um em cada cinco europeus.

Os países com a taxa de obesidade mais alta do continente são Malta, Croácia e Hungria. Itália, Bélgica e França têm as taxas mais baixas.

Neste Dia Mundial da Obesidade, as autoridades de saúde alertam para um fenómeno que continua a agravar-se.

Em 20 anos, o número de casos duplicou. E a pandemia não ajudou, como realça a jornalista que trabalha na área da Saúde, Hélia Hakimi-Prévot: “Isso favoreceu o sedentarismo, a inatividade física e a má alimentação. Tudo isto fez com que a obesidade aumentasse, especialmente entre as crianças, porque as crianças costumavam passar tempo no recreio da escola, praticar desporto e todas estas atividades foram canceladas”.

Vários especialistas defendem que sejam introduzidos hábitos alimentares saudáveis nos mais pequenos.

“É preciso ter cuidado com os refrigerantes, as bebidas açucaradas e os snacks. As crianças tendem a comer muitos doces fora das refeições. Devemos tentar reequilibrar a dieta dos mais pequenos”, diz a médica Karina Vychneskaia.

Várias vozes defendem a criação de impostos sobre os produtos mais processados, mais doces e mais salgados.

Condeúba/Dist. Mandassaia: Morreu um dos patriarcas da Mandassaia Sr. Fidelcino Alves da Silva aos 92 anos de idade

Sr. Fidelcino Alves da Silva, morreu aos 92 anos de idade

Morreu na manhã deste domingo dia 5 de março de 2023 às 7h30min., em Salvador, o condeubense Sr. Fidelcino Alves da Silva popular “Fidel” aos 92 anos de idade. Segundo informações de familiares, ele vinha internado ha alguns dias, porem hoje não resistiu e foi a óbito.

O Sr. Fidel deixou viúva a Sra. Aliça em segunda união, ele era viúvo da Sra. Jovelina Pereira da Silva com quem teve 18 filhos: Odilon, Pedro, Nozim, Ginivaldo, Jeovane, José, Lindauro, Marinalva, Arli, Zenilda, Rosa, Zelinda, Jossadilsa, Delcina e Maria. (São falecidos – Osmar, Elói e Ana), além de 76 netos 15 bisnetos e um tataraneto.

O corpo está sendo transladado de Salvador para Condeúba, assim que chegar vai ser velado em sua residência no Distrito da Mandassaia, o sepulto será amanhã cedo dia (6), às 10:00 horas no Cemitério Municipal da Mandassaia. A família agradece a todos que comparecer a esse ato de fé e solidariedade Cristã.

NOTA:- Ainda segundo informações de familiares, o Sr. Fidelcino tem aproximadamente um terço da população do Distrito da Mandassaia que são seus descendentes.

Atendimento: FUNERÁRIA SÃO MATHEUS

Nós do Jornal Folha de Condeúba, neste momento de muita dor e luto, prestamos nossos mais sinceros sentimentos de solidariedade e amor à família do Sr. Fidelcino, na esperança de que Deus nosso Pai, dê todo o conforto e consolo necessário aos parentes e amigos. Que permaneçam as boas lembranças, carinho e afeto para com a memória dele, descanse em paz, nas graças de Deus Sr. Fidelcino.

Condeúba/Fazenda Canabrava: Morreu a artesã Sra. Ana Prates Pereira aos 44 anos de idade

 

Sra. Ana Prates Pereira, morreu aos 44 anos de idade

Morreu na manhã deste domingo dia 5 de março de 2023 às 8:00 horas, a Sra. Ana Prates Pereira aos 44 anos de idade. Segundo informações de familiares, a causa morte, suspeita-se que tenha sido um infarto. Ana era solteira não deixou filhos, ela era filha do Sr. José Avelino Pereira (falecido) e da Sra. Manoela Prates Pereira e deixou 9 irmãos: Anita, Izabel, Amerzina, Zenilde, Maria, Rita, Silvia, José e Roseli. O corpo será velado na residência de sua mãe na Fazenda Canabrava, o sepulto será amanhã dia (6) no Cemitério Municipal Santa Rosa na Comunidade do Tamboril, ainda sem horário definido. A família agradece a todos que comparecer a esse ato de fé e solidariedade Cristã.

NOTA DE PESAR DA ATRACANA:

Foi com grande tisteza que recebemos a notícia do falecimento da nossa querida amiga Sra. Ana Prates Pereira, ela era sócia da Associação dos Trabalhadores Rurais das Fazendas Canabrava e Olho d’Água – ATRACANA sob o  nº 58, desde 14 de dezembro de 2014, Ana fazia parte do Conselho da ATRACANA na atual diretoria, perdemos nossa grande artesã, ela era uma bordadeira de mão cheia. Ana sempre foi muito constante nas reuniõs e ações da Associação. Fica aqui os nossos agradecimentos pela sua passagem marcante na ATRACANA e os nossos profundos sentimentos de pesar pelo seu falecimento. Aos parentes e amigos, rogamos a Deus que dê a eles muita força para suportar e superar essa grande dor da perda de um ente tão querido. descanse em paz amiga Conselheira Ana, ao lado do Pai Celestial.   

                                  A Diretoria da ATRACANA.

Nós do Jornal Folha de Condeúba, neste momento de muita dor e luto, prestamos nossos mais sinceros sentimentos de solidariedade e amor à família da Sra. Ana, na esperança de que Deus nosso Pai, dê todo o conforto e consolo necessário aos parentes e amigos. Que permaneçam as boas lembranças, carinho e afeto para com a memória dela, descanse em paz, nas graças de Deus amiga Ana.

Guajeru: MP recomenda afastamento de parentes de prefeito

MP recomenda afastamento de parentes de prefeito em Guajeru
O prefeito de Guajeru, Jilvan Teixeira Ribeiro (PSD), o Galego

O prefeito de Guajeru, Jilvan Teixeira Ribeiro (PSD), o Galego, foi recomendado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) a afastar dos quadros do município familiares que ocupam cargos comissionados sem preencher os requisitos previstos na Constituição Federal.

A recomendação da promotora de Justiça Adriana Patrícia Cortopassi Coelho é para que o gestor rescinda todos os contratos realizados em ofensa aos princípios constitucionais da impessoalidade, moralidade e eficiência administrativa, por meio da nomeação de familiares para exercício de cargos públicos, nos termos da Súmula Vinculante nº. 13.

O prefeito também foi orientado a suspender eventuais nomeações de servidores públicos que venham a violar à Constituição Federal, assim como os princípios norteadores da administração pública.

Na recomendação, Adriana Cortopassi registra que informações colhidas pelo MP constataram a ocorrência de contratações irregulares de servidores públicos pela Prefeitura Municipal, o que tem sido feito em descompasso com o ordenamento jurídico vigente. Ela frisa que a prática de nepotismo configura grave violação aos princípios da administração pública.

Bolsonaro será julgado pelo TSE com regras mais duras que podem torná-lo inelegível

**ARQUIVO** BRASILIA, DF, BRASIL, 28-01-2021: O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de Lançamento do Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
**ARQUIVO** BRASILIA, DF, BRASIL, 28-01-2021: O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de Lançamento do Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário, no Palácio do Planalto. 
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com uma série de ações que podem resultar na perda de seus direitos políticos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será julgado pela Justiça Eleitoral com base em uma legislação de inelegibilidade que endureceu na última década.

Por um lado, a Lei da Ficha Limpa, sancionada em 2010 e aplicada pela primeira vez na eleição de 2012, aumentou as chances de se vetar a eleição de agentes políticos.

Por outro, o precedente aberto pelo caso do então deputado paranaense Fernando Francischini abriu a possibilidade até então inédita de se aplicar a inelegibilidade em resposta a ataques à lisura do processo eleitoral. Esse precedente pode complicar a vida do ex-mandatário.

Atualmente, Bolsonaro enfrenta ao menos 16 ações de investigação na Justiça Eleitoral que podem deixá-lo inelegível. Integrantes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) querem acelerar a tramitação desses casos para analisá-los até o meio do ano, como publicou recentemente a Folha.

Relator das ações, o corregedor eleitoral Benedito Gonçalves, também ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), indicou a aliados querer acelerar o passo dos julgamentos por avaliar que esse tipo de instrumento acaba se arrastando em demasia.

Além disso, segundo pessoas próximas a ministros do TSE, os magistrados pretendem concluir a tarefa antes da aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, em maio, pois a saída dele resultará na entrada de Kassio Nunes Marques, indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal) por Bolsonaro.

Entenda quais as possibilidades de inelegibilidade previstas na legislação e como isso pode afetar o caso do ex-presidente.

*Quais são as causas de inelegibilidade previstas na legislação?*

As hipóteses de inelegibilidade estão previstas na lei complementar nº 64, de 1990. A norma prevê 17 situações que inviabilizam a eleição de alguém.

Entre elas, estão condenação pela Justiça Eleitoral, transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político; condenação por órgão colegiado por atos de improbidade, desde que cumpridas determinadas condições, como a presença de dolo (intenção); e condenação por órgão colegiado de crimes previstos na Lei da Ficha Limpa, de 2010.

Além disso, estão elencadas dez hipóteses de inelegibilidade para o presidente e o vice-presidente da República, como o veto a membros do Ministério Público que não tenham se afastado nos seis meses anteriores ao pleito. Essas regras específicas para o chefe do Executivo não devem se aplicar a Bolsonaro.

*No caso de quais crimes a Lei da Ficha Limpa prevê a inelegibilidade?*

A punição está prevista para os seguintes crimes:

– contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público

– contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na Lei de Falências

– contra o meio ambiente e a saúde pública

– eleitorais, em caso de pena privativa de liberdade

– de abuso de autoridade, quando houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública

– lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores

– tráfico, racismo, tortura, terrorismo e crimes hediondos

– de redução à condição análoga à de escravo

– contra a vida e a dignidade sexual

– praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.

*Por qual prazo o político fica inelegível caso se enquadre nos casos previstos na Legislação?*

Por oito anos. A contagem varia de acordo com o enquadramento. No caso de crime eleitoral, por exemplo, o prazo vale para a eleição na qual o candidato concorreu e nas realizadas nos oito anos seguintes. No caso dos crimes previstos na Lei da Ficha Limpa, o prazo de oito anos é contado após o cumprimento da pena, e a inelegibilidade já vale após a condenação.

*De que forma a Lei da Ficha Limpa endureceu a legislação sobre inelegibilidade?*

Além de estender o prazo de inelegibilidade de 3 para 8 anos e incluir uma série de tipos penais entre os que barram um candidato, a Lei da Ficha Limpa trouxe uma novidade que facilitou muito a aplicação da pena, diz o advogado Fernando Neisser, membro fundador da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político).

É que, antes da Lei da Ficha Limpa, ao analisar um possível abuso, a Justiça Eleitoral avaliava o seu potencial de mudar o resultado da eleição. Além de ser difícil de provar isso, a formulação na prática impedia a punição de candidatos que cometeram ilícitos, mas mesmo assim perderam a eleição.

Sancionada em 2010, porém, a nova legislação mudou esse quadro, ao determinar que a Justiça Eleitoral deve analisar a gravidade das circunstâncias do ato, independente do potencial dele de alterar o resultado da eleição. “Isso aumentou brutalmente as cassações por abuso de poder político e econômico no Brasil”, afirma Neisser.

*Que parâmetro a Justiça Eleitoral usa para determinar a gravidade de um ato na eleição e considerá-lo abusivo?*

Esses parâmetros têm sido modulados pela jurisprudência. Neisser cita três balizas usadas pelo TSE para analisar a gravidade: amplitude daquele ato abusivo (quantas pessoas podem ter sido afetadas); quão ligados à campanha do candidatos os atos estavam; e o peso moral da conduta.

*O que mudou com o caso do então deputado estadual Fernando Francischini e como isso pode afetar o julgamento de eventual inelegibilidade de Bolsonaro?*

O TSE decidiu em 2021 cassar o então deputado estadual paranaense Fernando Francischini, eleito pelo PSL, devido à publicação de vídeo no dia das eleições de 2018 em que ele afirmou que as urnas eletrônicas haviam sido fraudadas para impedir a votação de Bolsonaro.

A corte também determinou que o deputado ficaria inelegível por oito anos, contados a partir da data do pleito. A decisão foi um marco nos julgamentos de inelegibilidade pela caracterização do abuso de poder a partir do ataque à legitimidade do processo eleitoral, acusação presente em ações de investigação das quais o ex-presidente é alvo.

Embora a decisão tenha sido uma novidade, especialmente no contexto da desinformação sobre as urnas, tinha como referência o artigo 14º da Constituição, que fala em inelegibilidade para proteger “a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta”.

*Quais ações podem resultar na inelegibilidade de Bolsonaro?*

Há ao menos 16 ações de investigação judicial eleitoral em trâmite no TSE que podem tornar Bolsonaro inelegível por oito anos a partir da última eleição. Dessas, duas têm como alvo principal os ataques ao processo eleitoral e às urnas.

Há ainda ações que tratam do uso da máquina pela campanha do ex-presidente às vésperas do pleito. São citados fatos como a liberação de parcela extra do auxílio de R$ 1.000 para caminhoneiros e taxistas, a confecção de milhões de cartões do Auxílio Brasil e o desvirtuamento de agendas oficiais, como a da comemoração do bicentenário da Independência do Brasil e a viagem para o funeral da rainha Elizabeth 2ª.

*Qual dessas ações está em estágio mais avançado?*

Das ações que tramitam no TSE, a mais avançada é uma apresentada pelo PDT. Ela aponta que Bolsonaro usou a estrutura do Palácio da Alvorada para a reunião com embaixadores em julho do ano passado na qual atacou a integridade do sistema eleitoral.

Na ocasião, o ex-presidente colocou em xeque a lisura das urnas com base em afirmações já desmentidas. O PDT aponta suposta prática de abuso de poder político e de uso indevido dos meios de comunicação. O trâmite rápido da ação se deve ao foco único e à necessidade reduzida de produção de provas, uma vez que a reunião foi filmada e transmitida em canais oficiais.

*O que afirma a defesa do ex-presidente?*

Uma das linhas da defesa de Bolsonaro foi sustentar que as falas do evento foram feitas enquanto chefe de Estado e como ato de governo, tendo o objetivo de “dissipar dúvidas sobre a transparência do processo eleitoral”. Além disso, seus advogados alegam que o público-alvo do evento não eram eleitores, mas pessoas sem cidadania brasileira.

*Se Bolsonaro for declarado inelegível, sua candidatura será automaticamente cassada?*

Não. Ele pode pedir o registro da candidatura, que será analisada pelo TSE. Em 2018, por exemplo, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu o registro da candidatura mesmo estando preso em Curitiba. O registro foi alvo de 16 contestações de adversários e da Procuradoria-Geral Eleitoral e acabou sendo barrado pelo tribunal a pouco mais de um mês do primeiro turno.

*O fato de Bolsonaro estar fora do país, nos EUA, muda algo no julgamento dos casos?*

Não. Os casos seguem em tramitação, com manifestações feitas pela defesa do presidente.

Bolsonaro nega ter pedido ou recebido joias de presente da Arábia Saudita

*ARQUIVO* BRASILIA, DF, BRASIL, 12-07-2021, 18h00: O presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa ao deixar o STF (Supremo Tribunal Federal) após uma reunião com o presidente do tribunal, ministro Luiz Fux. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
*ARQUIVO* BRASILIA, DF, BRASIL, 12-07-2021, 18h00: O presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa ao deixar o STF (Supremo Tribunal Federal) após uma reunião com o presidente do tribunal, ministro Luiz Fux. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado (4) não ter pedido nem recebido qualquer tipo de presente em joias do governo da Arábia Saudita. Bolsonaro se refere a ele especificamente, ao negar envolvimento no caso.

“Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei nem paguei nenhum centavo nesse cartão”, disse Bolsonaro em declaração à CNN Brasil.

Nesta sexta-feira (3), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que o governo Bolsonaro tentou trazer de forma ilegal para o Brasil um conjunto de joias e relógio avaliado em 3 milhões de euros (cerca de R$ 16,5 milhões).

As peças seriam um presente do governo da Arábia Saudita à então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Em rede social, Michelle negou ser a destinatária das joias, mas não deu mais explicações e ironizou: “Quer dizer que ‘eu tenho tudo isso’ e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa [sic] vexatória”, postou no Instagram.

O governo Bolsonaro tentou reaver um conjunto de joias e relógio presenteado pelo governo da Arábia Saudita sob a alegação de que os objetos seriam analisados para incorporação “ao acervo privado do Presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República”.

A informação consta em documentos publicados em redes sociais pelo ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social na gestão Bolsonaro, Fabio Wajngarten.

Os artigos de luxo estavam na mochila de um militar, que à época era assessor do então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia). As peças foram apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021.

O militar responsável pela mochila compunha a comitiva de Albuquerque, que esteve em Riade –capital do país árabe– de 22 a 25 de outubro de 2021, segundo sua agenda oficial. Nesse período, Bolsonaro estava no Brasil, onde participou de almoco na Embaixada da Arabia Saudita em Brasília no dia 25.

Ao jornal O Estado de S. Paulo Bento Albuquerque disse que a remessa era um presente para Michelle, mas afirmou desconhecer o conteúdo do estojo de joias. Procurado posteriormente pela Folha, negou que sua equipe tenha tentado trazer presentes caros destinados a Bolsonaro e a Michelle.

Em nota na manhã deste sábado (4), a assessoria do ex-ministro corroborou os documentos de Wajngarten e disse que, diante dos valores “histórico, cultural e artístico” dos itens, a pasta adotou medidas para encaminhar o acervo “ao seu adequado destino legal”.

“Tratavam-se de presentes institucionais destinados à Representação brasileira integrada por Comitiva do Ministério de Minas e Energia –portanto, do Estado brasileiro; e que, em decorrência, o Ministério de Minas e Energia adotaria as medidas cabíveis para o correto e legal encaminhamento do acervo recebido”, disse.

O texto também nega que o ministro tenha tentado “induzir, influenciar ou interferir” nas ações da Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, quando sua comitiva chegou da Arábia Saudita e os artigos de luxo foram retidos.

A ação da Receita Federal na alfândega foi confirmada pelo ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Especial de Comunicação Social do governo Lula (PT), que publicou em rede social, ainda na sexta-feira, fotos dos artigos de luxo apreendidos e de um documento que relata o ocorrido na alfândega do aeroporto de Guarulhos (SP).

Na madrugada deste sábado (4), Wajngarten reagiu com a publicação dos documentos que solicitam a liberação dos itens para avaliação e eventual incorporação ao acervo.

Um dos atos tem data de 29 de outubro de 2021, embora tenha sido efetivamente assinado em 3 de novembro do mesmo ano. O autor é Marcelo da Silva Vieira, chefe de gabinete adjunto de Documentação Histórica do gabinete pessoal do presidente da República.

No texto, endereçado ao chefe de gabinete do ministro de Minas e Energia, José Roberto Bueno Júnior, há o pedido de encaminhamento das joias para avaliação.

Outro ofício, emitido pelo gabinete de Bento Albuquerque em 3 de novembro de 2021, mas que não teve a assinatura exposta por Wajngarten, foi expedido ao chefe de gabinete do Secretário Especial da Receita Federal, Antônio Márcio de Oliveira Aguiar.

O assunto do texto era “liberação e decorrente destinação legal adequada de presentes retidos por esse Órgão, que foram ofertados por ocasião de eventos protocolares no exterior”.

O ex-secretário também publicou um documento em inglês, no qual Albuquerque comunica ao ministro de Energia da Arábia Saudita que os itens seriam “incorporados ao acervo oficial brasileiro”.

A Receita Federal não respondeu aos questionamentos da Folha. O advogado Frederick Wassef, defensor do ex-presidente, disse que não comentaria.

Na noite de sexta-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública de Lula, Flávio Dino, disse que vai acionar a Polícia Federal para apurar o caso.

“Fatos relativos a joias, que podem configurar os crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro, entre outros possíveis delitos, serão levados ao conhecimento oficial da Polícia Federal para providências legais. Ofício seguirá na segunda-feira”, afirmou.