No próximo domingo (17), será realizada na cidade de Paramirim, a 129 km de Brumado, uma manifestação contra uma obra do Governo do Estado da Bahia. A barragem do Zabumbão, localizada no município, foi construída na década de 1990 pela Codevasf e tem como objetivos perenizar o Rio Paramirim, contribuir para o desenvolvimento da agricultura irrigada e abastecer a população local com água potável.
O reservatório possui capacidade máxima para acumular 60.800.000 m³ de água e, atualmente, atende Paramirim, Caturama, Botuporã e Tanque Novo, totalizando cerca de 60 mil pessoas. Em 2015, o Governo da Bahia anunciou uma licitação com o objetivo de implantar uma adutora para levar água do Zabumbão a vários outros municípios da região.
Se entrasse em operação, a barragem, que na época atendia 56 mil pessoas, passaria a abastecer mais 196 mil, totalizando 252 mil habitantes. Para se ter uma ideia da gravidade da proposta, em 31/10/2014, havia apenas 31.967.000 m³ no lago. Caso a região passasse por longo período de seca, como é de costume, a médio prazo, o funcionamento da adutora poderia, literalmente, secar a barragem.
Segundo informou ao site Achei Sudoeste, Josilete Porto, representante da Associação dos Irrigantes do Vale do Paramirim, não havia qualquer viabilidade técnica para o projeto. Na época, a população se uniu e promoveu uma grande manifestação contra a obra. Pressionado, o Governo da Bahia suspendeu a licitação e firmou alguns compromissos com a sociedade.
No entanto, até o momento, segundo Porto, apenas a construção do Plano da Bacia dos Rios Paramirim e Santo Onofre foi cumprido. Agora em 2021, o Governo da Bahia, sem consultar a população, anunciou novamente a construção da adutora. Em tempo recorde, a licitação foi lançada e um consórcio de empresas foi declarado vencedor por mais de R$ 186 milhões.
“Diferentemente de 2015, quando a licitação foi suspensa no início, hoje estamos na iminência da assinatura do contrato e da ordem de serviço para início das obras. Tudo foi feito de forma a evitar a mobilização popular”, destacou.
Para Porto, há alternativas mais viáveis para abastecimento dos municípios vizinhos, a exemplo da construção das barragens do Rio da Caixa e do Rio dos Remédios e até mesmo uma adução direta a partir do Rio São Francisco. “Construir a adutora Zabumbão-Boquira colocará em risco não apenas o abastecimento dos atuais usuários, mas também dos habitantes dos demais municípios.
A barragem não conseguirá atender quase 200 mil pessoas. Em alguns anos, ninguém terá água”, colocou. Para barrar a obra, a Frente Popular em Defesa do Zabumbão irá realizar outra grande manifestação popular com a participação dos habitantes dos quatro municípios abastecidos pelo Zabumbão. A concentração será em frente à rodoviária da cidade, com saída às 7h.
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