Recriação do Bolsa Família tem choro de Lula, Pai-Nosso e repúdio a racismo

O evento do novo Bolsa Família, lançado hoje pelo presidente Lula (PT), teve choro contido do presidente, reza do Pai-Nosso puxada por ministro e críticas ao caso dos trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão em vinícolas do Rio Grande do Sul.

O benefício, que começará a ser pago no dia 20 de março, terá o valor mínimo de R$ 600 por família, com adicionais por filho menor de idade e gestantes. Acompanhado do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Lula fez ainda críticas à distribuição dos lucros da Petrobras, assunto que dominou a semana, e voltou a tratar do compromisso do combate à fome. 

Lula se emocionou com o discurso de uma doutora em biologia, antiga beneficiária do programa.

Com o dinheiro recebido pela família no interior da Bahia, Isamara Mendes pôde ter acesso ao ensino superior por meio de cotas e programas educacionais do governo federal. Conseguiu se formar e, na sequência, concluir o doutorado pela USP (Universidade de São Paulo).

O título de doutora não me define, mas a conquista, sim, pois traz a história dos meus pais, que cresceram na labuta e não tiveram a oportunidade de estudar. De ‘mainha’, que adquiriu independência ao administrar o Bolsa Família e nos empoderou. Nós acreditamos na educação como instrumento de transformação social.“Isamara Mendes, beneficiária do Bolsa Família.

Em sua fala, mais rápida do que a de costume, o presidente até brincou que, depois de Isamara, não havia nada mais a ser dito.

O presidente pediu ainda a fiscalização do cadastro para receber o auxílio, com a atuação da imprensa e do Ministério Público.

Wellington Dias citou passagens bíblicas e puxou uma oração com os presentes.

Emocionado, o ministro pediu que os presentes ficassem em pé e juntassem as mãos, antes de puxar um Pai-Nosso ao final. Em tom de pregação, ele orou pelo fim da pobreza e pelo sucesso do programa social.

Vamos dizer, juntos, assim: eu, hoje, vou me juntar a milhões de brasileiros e, junto ao presidente Lula, vamos tirar o Brasil do Mapa da Fome, vamos tirar o Brasil do mapa da insegurança alimentar e nutricional. Vamos dar as mãos a quem mais precisa e ninguém larga a mão de ninguém.” Wellington Dias, em pregação

O ato, aplaudido pelo salão lotado, causou surpresa entre parte dos presentes. Ações como esta eram mais comuns durante as cerimônias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A denúncia de casos análogos à escravidão em Bento Gonçalves (RS) também foi lembrada.

Diferentes discursos repudiaram a entidade empresarial que relacionou a exploração descoberta ao recebimento do Bolsa Família e o discurso xenófobo de um vereador do Rio Grande do Sul.

“Programas como esses são importantes para que pessoas como vocês Programas como esses são importantes para que pessoas como vocês não utilizem a pobreza, a miséria e a desigualdade social para produzir escravidão.” Elias de Souza, presidente do Congemas (Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social).

Como funciona o novo Bolsa Família

Famílias com renda mensal de até R$ 218 por pessoa têm direito ao programa;

O benefício é de R$ 600 por família, no mínimo;

Famílias com crianças até 6 anos recebem extra de R$ 150;

Famílias com crianças e jovens entre 7 e 18 anos incompletos e com gestantes ou mulheres que estejam amamentando recebem adicional de R$ 50;

Vacinas em dia, frequência escolar e acompanhamento pré-natal serão exigidos;

O pagamento começa no dia 20 de março; expectativa é distribuir R$ 13,2 bilhões e atingir 21,8 milhões de famílias.

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