Ex-ministro de Bolsonaro afirma à PF que presentes sauditas foram enviados “sem direcionamento”, diz CNN Brasil

Ex-ministro de Bolsonaro Bento Albuquerque
BRASÍLIA (Reuters) – O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira que as joias entregues pela Arábia Saudita foram enviadas “sem direcionamento” ao governo brasileiro, segundo reportagem da CNN Brasil, mudando sua versão sobre o caso que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua mulher, Michelle.

Segundo o relato da TV, Albuquerque disse que entendeu que havia recebido o presente na qualidade de representante do governo brasileiro e que a destinação seria para a União. Afirmou ainda que não houve direcionamento do governo saudita sobre para quem as joias deveriam ir.

A versão apresentada à PF por Bento Albuquerque contrasta com o que o então ministro afirmou ao ser abordado em outubro de 2021 por auditores da Receita Federal, gravado em vídeo. Destacou na ocasião que os destinatários seriam o casal Bolsonaro.

O ex-ministro, segundo a CNN Brasil, disse ter dado essa resposta sobre o ex-presidente e a ex-primeira dama aos auditores da Receita “no momento”, por ter sido pego de surpresa com o conteúdo dos pacotes –ele disse não saber o que era.

Albuquerque depôs por videoconferência à Delegação de Crimes Fazendários da Superintendência da PF em São Paulo, segundo uma fonte da instituição.

Bolsonaro, que ainda está nos Estados Unidos, tornou-se alvo de uma série de investigações por causa de dois pacotes de presentes que entraram no país de forma irregular e que teriam sido ofertados pelo governo saudita a ele e à esposa, revelados em reportagens do jornal O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. O primeiro desses presentes ficou retido na Receita Federal e o segundo, que Bolsonaro efetivamente recebeu, acabou entrando no país sem ser declarado às autoridades.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro avisou à PF que iria entregar ao Tribunal de Contas da União o segundo pacote enviado pelo governo saudita, informou em petição o advogado Amador Cunha Bueno, em mais uma mudança na estratégia de defesa.

Inicialmente, o ex-presidente não reconhecia ser dono de nenhuma joia, ironizando o caso. Depois, afirmou de forma genérica, por meio de nota do primeiro advogado do caso, Frederick Wassef, que os presentes foram declarados a autoridades competentes e foram recebidos em caráter pessoal.

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