Eleições 2022: as ideias de Simone Tebet que Lula prometeu pôr em prática

Tebet e Lula
Tebet e Lula se encontraram para anunciar apoio da senadora ao petista
Em 5 de outubro, três dias depois de ter terminado a disputa à presidência em terceiro lugar, com 4,16% dos votos, a senadora Simone Tebet (MDB), declarou apoio a Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo turno, que acontecerá em 30 de outubro.

“Meu apoio não é por adesão. Meu apoio é por um Brasil que sonho ser de todos, inclusivo, generoso, sem fome e sem miséria, com educação e saúde de qualidade, com desenvolvimento sustentável”, disse Tebet em transmissão exibida ao vivo em suas redes sociais e também em carta disponibilizada em seu site.

“Depositarei nele [Lula] meu voto, porque reconheço o compromisso de Lula com a democracia e a Constituição. O que não reconheço no atual presidente (Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL)”, afirmou.

Para concretizar o apoio, Tebet colocou como condição a adesão do PT e de Lula a cinco propostas dela, considerando a necessidade de haver “responsabilidade fiscal como meio de alcançar o social”. Em seu discurso, Tebet destacou as ideias:

  1. Educação: ajudar municípios a zerar filas na educação infantil para crianças de três a cinco anos e implantar, em parceria com os estados, o ensino médio técnico, com período integral e conectividade, garantindo uma poupança de R$ 5 mil ao jovem que concluir o ensino médio, como incentivo para que os nossos jovens voltem à escola;
  2. Saúde: zerar as filas de cirurgias, consultas e exames não realizados no período da pandemia, com repasse de recursos ao SUS;
  3. Resolver o problema do endividamento das famílias, em especial das que ganham até três salários mínimos mensais;
  4. Sancionar lei que iguale salários entre homens e mulheres que desempenham, com currículo equivalente, as mesmas funções. Esse projeto já foi aprovado no Senado Federal e encontra-se parado na Câmara dos Deputados;
  5. Um ministério plural, com homens, mulheres e negros, todos tendo como requisitos a competência, a ética e a vontade de servir ao povo brasileiro.
Lula respondeu às propostas afirmando que são “completamente plausíveis” e disse desejar que a senadora participe de sua agenda de campanha, viajando com ele para diferentes partes do Brasil na próxima semana.

O ex-presidente enfatizou que Tebet se tornou um nome nacional, crescendo muito durante a campanha à Presidência. O aceno a uma possível relação mais longeva fez com que analistas considerassem que a senadora pode ganhar um cargo de ministra caso Lula seja eleito, mas até o momento, não há nada anunciado.

Tebet e Lula fizeram sua primeira aparição pública juntos na tarde desta sexta-feira (7/10).

Ao jornal Folha de S.Paulo, a agora aliada de Lula e da Coligação Brasil da Esperança afirmou que o “erro fatal” de Lula, que o impediu de vencer no primeiro turno, foi não ter detalhado seu plano de governo e ter apenas focado seus feitos do passado. Agora, ela espera que esse erro seja corrigido.

Apoio de Tebet pode ajudar a decidir as eleições?

Simone Tebet somou quase cinco milhões de votos, uma fatia nada desprezível do eleitorado, sobretudo em uma disputa tão polarizada quanto a atual. A diferença entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno, vale lembrar, foi de aproximadamente seis milhões de votos.

Na avaliação do cientista político Creomar de Souza, fundador da consultoria política Dharma, Lula conseguiu romper uma barreira ideológica ao conseguir apoios de figuras consideradas da centro-direita.

“Nomes como Simone Tebet e Fernando Henrique Cardoso, que não votaram no PT, isso é uma novidade no quadro político. Já os apoios que o Bolsonaro recebeu até agora são mais do mesmo. Não há ninguém que entrou no palanque que possamos dizer ‘esse eu não esperava’.”

Mas o desafio para Lula, na análise de Creomar de Souza, é aumentar a taxa de transferência dos votos que Tebet recebeu para o candidato do PT — já que parte desse eleitorado tende a votar nulo ou a até a migrar sua escolha para Bolsonaro.

“A resposta para isso é quanto ela vai se engajar na campanha, o quão grande será seu poder de convencimento com o seu eleitor”, afirma.

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