CULTURA: Vereadores de Florianópolis que barraram homenagem deveriam ouvir Gilberto Gil

Brazilian singer Gilberto Gil performs during the Rock in Rio music festival in Rio de Janeiro, Brazil September 4, 2022. REUTERS/Pilar Olivares
O imortal da Academia Brasileira de Letras, cantor e compositor Gilberto Gil – Foto: Pilar Olivares/Reuters
A Câmara Municipal de Florianópolis rejeitou, na terça-feira (14), o título de cidadão honorário ao cantor e compositor Gilberto Gil. A iniciativa de dois vereadores da cidade foi barrada por não reunir os 12 votos mínimos necessários para a aprovação.

É a segunda vez que os parlamentares da capital catarinense negam a honraria a Gilberto Gil. Em 2020, a proposta não teve maioria absoluta.

Dessa vez, oito vereadores deram votos favoráveis a Gil e seis, contra. Foi o suficiente para rejeitar a concessão do título.

Para Gil, um imortal da Academia Brasileira de Letras que já venceu o Grammy de melhor álbum de world music, a desfeita muda absolutamente nada em sua carreira.

A vergonha é toda dos vereadores de Florianópolis, em particular um vereador do Podemos que assim justificou o veto: a honraria serviria como “incentivo ao uso de entorpecentes” na cidade.

Xará do cantor, Gilberto Pinheiro fazia referência ao dia em que Gil foi flagrado com maconha e preso no centro de Florianópolis.

O ano era 1976, o artista tinha 34 anos e o país vivia em uma ditadura. Hoje ele é um senhor de 80 e, pela lógica do vereador, não é exemplo para a juventude de uma cidade onde habita a maior proporção de adolescentes entre 13 e 17 anos que já usaram algum tipo de droga ilícita entre as capitais brasileiras – e onde, no fim do ano passado, a Polícia Federal foi às ruas para interceptar uma quadrilha especializada em produção de drogas sintéticas.

O discurso do parlamentar leva o eleitor mais ingênuo a acreditar que Florianópolis está livre de qualquer problema desde que fique longe dos ídolos da MPB. Burrice define.

Os vereadores da cidade fariam melhor se ouvissem as músicas de Gilberto Gil.

Podem começar por “Nos barracos da cidade”. Aquela que define o espírito dessa época:

“oh, gente hipócrita/oh, gente estúpida”.

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