Engenheiro da Vale diz que empresa sabia sobre risco de barragem em Brumadinho

Foto: Rodney Costa/Getty Images

O engenheiro Felipe Figueiredo Rocha, da área de Recursos Hídricos da Vale, afirmou que, em uma reunião interna da mineradora, ele apontou a situação de risco de algumas barragens, incluindo a do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que rompeu em janeiro deste ano e deixou pelo menos 231 mortos.

Rocha foi ouvido pela CPI de Brumadinho nesta terça-feira, 23. A comissão foi aberta no Senado para apurar as causas do rompimento da barragem. “Os riscos da barragem, apesar de não serem iminentes, foram apresentados para a diretoria da Vale. A todas apresentações e todas informações a que eu tive acesso, eu dei publicidade”, declarou o engenheiro na CPI, que não soube afirmar se os relatórios chegaram “em sua completude” ao presidente da empresa, Fábio Schvartsman.

O executivo citou o engenheiro durante a sua participação na comissão, afirmando que, se soubesse de algo, Rocha poderia ter feito denúncia nos canais da companhia. Em seu depoimento aos senadores, Felipe Rocha afirmou que optou por contratar uma advogada particular, sem utilizar serviços jurídicos da Vale. De acordo com Rocha, o relatório sobre as recomendações da barragem em Brumadinho havia sido enviado para a diretoria e a análise de risco foi feita por um consórcio que incluía a empresa Tüv Süd.

O engenheiro informou na CPI que, apesar dos relatórios, os funcionários da geotécnica não demonstraram preocupação com os riscos. Ele acrescentou que possui a lista de presença das reuniões em que tais pautas foram conversadas. Ainda, o engenheiro leu na CPI um e-mail sobre a situação da barragem do Córrego do Feijão que, segundo ele, seria para comprovar que os diretores foram comunicados.

Mesmo assim, Rocha afirmou que não é possível colocar a Vale como culpada pelo rompimento da barragem porque ainda há uma investigação. Ele afirmou que sua área não é a responsável pela definição de limite de risco das barragens.

Na sessão de ontem, a CPI também ouviu César Grandchamp, geólogo da Vale que afirmou que “não tinha nada” que dissesse à empresa que a estrutura em Brumadinho poderia estar em risco. Questionado pelos parlamentares, o geólogo afirmou que a companhia está pagando sua defesa no processo e que este é um “direito” dado aos funcionários da empresa. Auditor da empresa alemã Tüv Süd, Arsênio Negro Júnior preferiu ficar calado.

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