Dia: 20 de maio de 2023

Bahia segue com a maior taxa de desemprego do País, segundo pesquisa do IBGE

Bahia segue com a maior taxa de desemprego do País, segundo pesquisa do IBGE

A taxa de desemprego no Brasil subiu em 16 das 27 Unidades da Federação no primeiro trimestre de 2023, e a Bahia foi o estado que registrou o maior índice de desocupação.

Essas informações constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, divulgada nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os números da Pesquisa, a taxa de desocupação na Bahia no primeiro trimestre de 2023 em relação ao quarto trimestre de 2022 ficou em 14,4%.

Em segundo lugar ficou Pernambuco (14,1%), seguido por Amapá (12,2%), Rio Grande do Norte (12,1%) e Distrito Federal (12%). A taxa média brasileira ficou em 8,8%. Segundo o IBGE, a taxa de informalidade para o Brasil foi de 39,0% da população ocupada.

As maiores taxas ficaram com Pará (59,6%), Amazonas (57,2%), Maranhão (56,5%), com a Bahia aparecendo no quarto lugar (53,7%).

Para o cálculo da taxa de informalidade da população ocupada são consideradas as seguintes populações: empregado no setor privado sem carteira de trabalho assinada; empregado doméstico sem carteira de trabalho assinada; empregador sem registro no CNPJ; trabalhador por conta própria sem registro no CNPJ; e trabalhador familiar auxiliar.

Em relação ao rendimento médio real mensal da população, o IBGE estimado que em relação ao trimestre anterior, o valor atual de R$ 2.880 pouco subiu em nível nacional, mas no Nordeste, houve uma alta significativa.

Em relação ao 4º trimestre de 2022, a região Nordeste (rendimento médio real mensal de R$ 1.979) foi a única do país com alta estatisticamente significativa, enquanto as demais permaneceram estáveis.

Estudante baiana é aceita em 17 universidades internacionais

A estudante baiana Anna Carolina Stein, de 18 anos, está prestes a realizar um sonho. Moradora de Serrinha, cidade do interior da Bahia, ela alcançou um feito impressionante ao ser aceita para estudar em 17 instituições de ensino superior fora do país.

Agora, a jovem se prepara para embarcar para Flórida, nos Estados Unidos, em agosto deste ano. As universidades estrangeiras matriculam alunos sem aplicar os tradicionais vestibulares conhecidos no Brasil.

O processo de escolha envolve análise curricular e de méritos, além de cartas de indicações emitidas por professores. Quem atender aos requisitos passa por uma prova, chamada por brasileiros de “Enem americano”, que abrange disciplinas básicas, como inglês e matemática.

Dentre as instituições em que Anna Carolina teve notas e currículos aceitos, 15 são dos Estados Unidos, uma é da Irlanda e outra, dos Emirados Árabes Unidos.

Em entrevista ao G1, ela lembrou a trajetória para conseguir as aprovações, que incluiu trabalhos voluntários, além de uma jornada intensa de estudos.

A baiana contou que sentiu vontade de estudar fora do país aos 10 anos de idade. No entanto, a serrinhense se deparou com desafios, para além do preparo intelectual. O principal deles era o dinheiro.

Segundo ela, as agências de intercâmbio que prestam esse tipo de serviço cobravam valores excessivos, chegando a quase R$ 100 mil por ano, o que estava distante da realidade financeira da família dela.

“Foi um sonho que por muito tempo ficou em segundo plano, sabe? Porque nunca imaginei que pudesse realmente fazer isso sozinha, que pudesse dar certo”, disse.

Em 2020, Anna Carolina decidiu buscar opções mais acessíveis e ingressou em uma escola preparatória online, criada para auxiliar quem deseja estudar fora do país. O serviço reúne pessoas que passaram pelo mesmo processo e ensina outros estudantes a trilhar o melhor caminho.

Estudante baiana é aceita em 17 universidades internacionais Foto: Arquivo Pessoal

Nesse momento, Anna descobriu que para ser aceita, não bastava tirar notas altas e conseguir cartas de indicações, mas também era necessário realizar atividades extracurriculares.

“Como aqui na minha cidade não tinha tantas opções, precisei buscar em outros lugares, contei muito com a ajuda da internet. Todas foram feitas de modo virtual”, explicou.

A jovem participou de vários cursos oferecidos pela escola preparatória, inclusive no período das férias do colégio onde estudava, além de realizar trabalhos voluntários, que lhe “enchem de orgulho”. “Foi o voluntariado que me permitiu obter a bolsa, que fez toda diferença para que eu pudesse ir para a faculdade nos Estados Unidos.

Essa oportunidade foi concedida com base no meu impacto na comunidade”, afirmou. Anna fundou o projeto “Relendo Sonhos”, que arrecadou e doou 130 livros para estudantes carentes de três cidades do interior baiano.

Segundo ela, mais de 300 crianças e adolescentes foram beneficiados pela iniciativa. Além disso, a serrinhense fez parte da organização Cáritas Brasil e ajudou a arrecadar alimentos, roupas e livros para comunidades rurais.

Desde 2021, Anna também atua como mentora na escola preparatória “The Dream School”. Até o momento, ela já orientou cerca de 500 alunos, ajudados em revisões de redações e aulas gratuitas de inglês, entre outras atividades.

Apesar de todos os esforços, Anna ainda acreditava ser difícil conseguir realizar o sonho de estudar fora do Brasil. Segundo ela, trata-se de “uma verdadeira competição”, onde perfis de candidatos do mundo inteiro são avaliados e disputam um número reduzido de vagas.

Entre as “desvantagens” citadas está o fato de concorrer com canadenses, norte- americanos e outros cidadãos que têm o inglês como língua materna, portanto, são fluentes, enquanto ela precisou aprender o idioma do zero.

Condeúba: A Casa do Idosos Amor e Cia estará promovendo um Curso Gratuito para Cuidadores de Idosos

A Casa do Idosos Amor e Cia estará promovendo um Curso Gratuito para Cuidadores de Idosos na cidade de Condeúba. O curso acontecerá nos dias 23 e 24 de maio, das 18h às 21h, no Instituto Ativamente, localizado na Rua Martinho Moreira, 117, ao lado da Madeireira Paraíso – Gruta.

Este é um mercado em expansão que necessita de muita mão de obra qualificada. Além de oferecer uma oportunidade para quem deseja ingressar neste mercado, esse curso também é uma ótima oportunidade para quem deseja aprender a melhor cuidar da Pessoa Idosa da sua família em sua própria casa.

O cuidado com o idoso é um assunto sério e demanda conhecimentos específicos. Por isso, o curso oferecerá aos participantes informações importantes sobre os cuidados com a higiene, alimentação, medicação, mobilidade e atividades de lazer para os idosos.

Não perca essa oportunidade de se qualificar e aprender a cuidar melhor dos idosos.

Inscreva-se já no Curso para Cuidador de Idosos em Condeúba. (77) 9.8801-5738.

UPB, Cosems/BA e Alba entregam carta à ministra da saúde pedindo ampliação dos recursos repassados para pagamento do piso da enfermagem

“Estamos extremamente angustiados com a situação que queremos resolver com urgência. Sabemos que quem ‘carrega o piano’ da saúde são os enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares”, disse o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), prefeito Quinho de Belo Campo, durante a entrega de uma carta à ministra da saúde, Nísia Trindade, que solicitou a revisão dos recursos repassados aos municípios para pagamento do piso salarial dos profissionais da enfermagem.

O documento foi entregue nesta sexta-feira (19), pela UPB o Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (COSEMS/BA) e a Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), no auditório da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), durante o evento para anúncio do pacote de investimentos do Ministério da Saúde e Governo da Bahia, com a presença da ministra de estado. A carta traz um estudo de impacto financeiro e aponta o déficit de R$ 63,4 milhões dos municípios baianos com o pagamento do piso.

“A maioria dos prefeitos e prefeitas que estão aqui querem cumprir efetivamente o piso salarial. Mas o formato da publicação da portaria, ministra, nos deixou extremamente angustiados. O levantamento que fiz em meu município [Belo Campo] indicou que vamos ter um déficit mensal de R$ 202 mil. Nós vamos receber R$14,7 mil e gastamos R$ 216 mil. No repasse atual ficaram de fora, por exemplo, municípios que têm a saúde terceirizada. Os municípios que, ao invés de dar manutenção ao mínimo possível de profissionais, ficarão sem poder pagar nem um terço da sua folha”, explicou Quinho ao relatar que 97% dos municípios baianos terão déficit financeiro para o pagamento do piso.  

Pela Portaria 597 do Ministério da Saúde, o cálculo para o repasse foi feito com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2021, que não possui o cadastro de todos os profissionais, incluindo concursados, terceirizados e contratados. Para os gestores o ideal seria adotar como base o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), que possui os dados de todos os profissionais que atuam no município.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, garantiu que trabalhará para corrigir o que chamou de “distorções” sobre o repasse. “Esse trabalho de diálogo e de construção coletiva será permanente na nossa gestão. Com relação especificamente ao piso da enfermagem, estamos desde o início com um grupo de trabalho para acompanhamento da implementação do que é constitucional. A portaria foi publicada, mas nós vamos trabalhando para corrigir distorções nesse processo e ver alternativas”, afirmou.

Durante o evento também foi assinado o protocolo de intenções para constituição do Consórcio Público de Saúde da região de Ilhéus. “Nós não vamos deixar nenhum campo deste estado sem atenção, sem tratamento. O que tiver para distribuir de orçamento todos os municípios receberão” garantiu o governador Jerônimo Rodrigues. Sobre a regulação, Jerônimo disse que pretende criar mutirões e investir na saúde preventiva para destravar as filas. “Nós vamos buscar dinheiro para poder ajudar os municípios a cuidar. Os prefeitos não estão só”.

Também participaram do evento a secretária estadual da Saúde, Roberta Santana, e o presidente da Federação dos Consórcios Públicos do Estado da Bahia (Fecbahia), prefeito de Castro Alves, Thiancle Araújo, senadores, deputados, prefeitos e presidentes de consórcios de saúde de diversas regiões do estado.

Adab realiza inspeções fitossanitárias em lavouras de citros em Rio de Contas e Jussiape

Adab realiza inspeções fitossanitárias em lavouras de citros em Rio de Contas e Jussiape

Lavouras de citros nos municípios de Rio de Contas e Jussiape, na Chapada Diamantina, estão passando por inspeções fitossanitárias.

A ação, realizada por técnicos da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), visa avaliar os pomares para fins de detecção de pragas e para elaboração do Levantamento Anual dos Citros na Bahia.

As pragas Cancro Cítrico e HLB têm impactado diretamente no comércio e exportação dos citros.

Diretor de Defesa Vegetal da Adab, Vinícius Videira explicou que a equipe da Adab registra as ocorrências, pontuando as interações fitossanitárias, agronômicas e biológicas quando detecta a presença de insetos sugadores.

“Dessa forma, buscamos capacitar a cadeia produtiva dos citros para um Manejo Integrado de Pragas”, afirmou.

Mulheres ocupam 34% de cargos de alta liderança no setor público

Governo trabalha para aumentar presença feminina e combater assédio

A participação de mulheres em cargos de alta liderança na administração pública federal aumentou de 29%, em dezembro de 2022, para 34%, em abril de 2023, o que representa crescimento de 17%, em quatro meses.  

De acordo com o Observatório de Pessoal do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, em abril de 2019, o percentual era ainda menor, 26%.

Brasília (DF), 04/05/2023 - Ministra Esther Dweck  de Gestão e Inovação de Serviços Públicos  participa do lançamento do programa “Formação de Iniciativas Antirracistas (Fiar): tecendo o caminho para a igualdade racial”, na Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil.
A ministra de Gestão e Inovação de Serviços Públicos, Esther Dweck – Wilson Dias/Agência Brasil

A ministra destacou que há aumento de participação, tanto na comparação com o último mês do governo passado, quanto na comparação com o mesmo mês do primeiro ano da gestão passada. 

Segundo a ministra, o aumento se deve ao estímulo à ampliação do acesso e, sobretudo, à permanência de lideranças femininas na alta gestão pública, para que representem com mais fidelidade a população brasileira.  

Os cargos de alta liderança no setor público federal dizem respeito a postos como coordenação, assessoria, diretoria, superintendência, secretaria executiva e ministérios. Nestes postos, a remuneração das funções e cargos comissionados executivos varia de R$ 11.306,90 a R$ 18.469,94.

Ações antiviolência

A assessora de Participação Social e Diversidade do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Daniela Gorayeb, ressaltou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde o período de atuação do Gabinete de Transição, sinalizou o empoderamento feminino, quando nomeou 11 ministras de Estado.

Daniela aponta ainda a criação dos ministérios das Mulheres e da Igualdade Racial e das secretarias nacionais dos Direitos de LGBTQIA+ e Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, ambas do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, como avanços para diminuir desigualdades de gênero. 

Para Daniela, isso valoriza a representatividade feminina. “A representatividade tem efeito simbólico e concreto. A presença destas pessoas, que têm condição de representar as diversas demandas, direcionam os espaços futuros, inovam as políticas públicas e vão estar mais alinhadas e mais próximas das demandas reais da sociedade.” 

O governo federal adotou também ações de combate à violência de gênero como a criação do grupo de trabalho para elaboração de uma política de enfrentamento ao assédio moral e sexual e discriminação na administração pública, sob coordenação do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. 

E, para tornar os ambientes seguros para as mulheres exercerem plenamente suas atividades, a Controladoria-Geral da União (GCU) publicou o Guia Lilás, com orientações para prevenção e tratamento ao assédio moral e sexual e à discriminação no governo federal, além de protocolo para denunciar a ocorrência de casos deste tipo. 

Outra medida foi o lançamento, em abril, do Observatório de Pessoal do Governo Federal, ferramenta que pode ser acessada por qualquer cidadão para monitorar e comparar as presenças masculina e feminina em cargos de alta e média lideranças, perfis dos ocupantes (idade, estado civil e escolaridade), número de pessoas com deficiência e de mulheres negras e indígenas na liderança pública, além de dados estatísticos e informações sobre tabelas de remuneração dos servidores. 

Para capacitar lideranças femininas e ampliar o número de altas gestoras na administração pública federal, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) também disponibiliza cursos de formação.

Barreiras e desafios

Daniela destaca que a discriminação e a violência contra mulheres são estruturais na sociedade brasileira, e não restritas à administração pública federal. “Somos, lamentavelmente, inaceitavelmente, desqualificadas e inferiorizadas na nossa forma de atuação por sermos mulheres É uma tentativa recorrente de descrédito da nossa capacidade de trabalho”. Entre as sequelas, ela aponta o assédio e qualquer outra forma de discriminação, que “minam a segurança, minam a autoestima e podem, inclusive, adoecer as mulheres”.

Como resposta para garantir mudanças efetivas, ela defende os incentivos do governo federal que ampliam a entrada das mulheres na alta gestão pública e os canais de bloqueios ao assédio, discriminações e outras violências ao feminino. 

Em paralelo às ações do governo, Daniela cita a associação entre os movimentos sociais e os três poderes para mudanças concretas. “Para que a gente avance, não mais só como uma sensibilização da sociedade, mas com ações concretas em direção à equidade.”

Cuidados

Além da espera da administração pública federal, Daniela destacou que o governo federal se preocupa com a desigualdade de gênero nos trabalhos domésticos e nos cuidados de idosos, crianças e pessoas com deficiência. Em geral, essas tarefas não são remunerados, o que acentuaria as discriminações e as desigualdades econômico-sociais. 

Para discutir saídas, Daniela adiantou à Agência Brasil que, na segunda-feira (22), ocorrerá a primeira reunião do Grupo de Trabalho Interministerial de Elaboração da Política Nacional de Cuidados, sob coordenação dos Ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e das Mulheres.

A construção de uma Política Nacional de Cuidados é tratada como uma das prioridades da agenda social do governo Lula, destacou Daniela Gorayeb. 

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Bzzz…Hoje é o Dia Mundial da Abelha

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O desaparecimento das abelhas e outros insetos polinizadores seria também o fim da maior parte dos produtos alimentares, diz a bióloga Carla Rego, que alertou para uma diminuição mundial dos insetos.

Em entrevista à Agência Lusa a propósito do Dia Mundial da Abelha, que se assinala hoje, a especialista, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Entomologia, alertou para os problemas para a humanidade decorrentes da diminuição do número de insetos e manifestou também preocupação sobre o impacto dos antibióticos do gado bovino na fauna que promove a decomposição dos dejetos.

“Não temos a consciência do problema que isso pode ser”, afirmou, lembrando que a Austrália já teve que importar insetos, quando se deu conta de que os dejetos das vacas não eram decompostos, criando um problema de saúde pública.

“Ainda são estudos, mas há provas de que é um problema que temos de encarar nos próximos anos”, disse.

O Dia Mundial da Abelha foi proclamado pela ONU e destina-se a sensibilizar a população mundial para a importância das abelhas e de outros polinizadores.

Segundo Carla Rego, que coordena o projeto da primeira Lista Vermelha dos Invertebrados em Portugal (os insetos são um dos grupos de invertebrados), em Portugal há pelo menos 740 espécies de abelhas, embora oficialmente sejam 724.

E acrescenta que se conhece ainda mal o mundo dos insetos do país, como também não há dados que comprovem a diminuição dos insetos, que é patente pela observação. Como exemplo aponta as viagens de automóvel, em que no passado, ao contrário de hoje, deixavam o para-brisas cheio de insetos.

Científico, diz, é o facto de 70% a 80% da flora mundial depender da polinização por insetos. E se em alguns países a polinização possa ser feita também por aves e morcegos Portugal depende quase exclusivamente dos insetos.

É certo, lembra, que a polinização acontece por vezes de outras formas, como através do vento, mas há exemplos, como o morango, em que os frutos são maiores e conservam-se mais tempo quando a polinização é feita pelos insetos.

Os morangos são uma das frutas que precisam de polinizadores mas há muitas outras plantas a depender deles. Segundo Carla Rego, entre 57% e 60% das plantas cultivadas. Grande parte dos produtos à venda nos mercados desapareceria com o fim dos polinizadores.

“Sem polinização não teríamos alimentos”, diz Carla Rego, alertando para a assustadora diminuição de insetos no mundo, incluindo os polinizadores. A China, recorda, “foi dos primeiros pontos do globo a confrontar-se com a ausência de polinizadores, devido ao uso indiscriminado de pesticidas, e já são pessoas que estão a fazer a polinização”.

Também já estão a ser desenvolvidos pequenos drones para fazer a polinização, uma situação que a bióloga considera “caricata”, porque o natural devia ser a natureza fazer esse trabalho.

Informação da União Europeia compilada em 2019 e depois atualizada indica que a “grande redução” de colónias de abelhas representa uma “crise global”, e relembra que os insetos polinizadores são essenciais para os ecossistemas e para a biodiversidade. Menos polinizadores é sinónimo do declínio de plantas e de impactos na segurança alimentar.

A União Europeia já tem iniciativas de defesa dos polinizadores, sendo uma delas a redução em 50% da utilização de pesticidas químicos mais perigosos.

Dizendo que a informação disponível aponta para um “claro declínio” das populações de polinizadores, a União Europeia cita investigações que indicam que uma em cada 10 espécies de abelhas e borboletas está em risco de extinção na Europa.

Alterações do uso dos solos, agricultura intensiva, pesticidas, inseticidas e herbicidas e espécies invasoras podem ser causas que levam à diminuição de insetos. A estas, Carla Rego acrescenta as alterações climáticas, havendo espécies com menos tolerância térmica, os fenómenos climáticos extremos, ou a poluição atmosférica e o excesso de luz artificial.

A responsável, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3C), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, admite que com a publicação da Lista Vermelha algumas espécies vão ter o estatuto de proteção.

“Temos consciência de que o nosso bem-estar depende da preservação dos ecossistemas e em grande parte dos insetos, que tentamos ignorar. Estes seres são muito importantes em muitas facetas, da reciclagem de nutrientes à produção alimentar”, adianta.

Os insetos são também uma parte importante da cadeia alimentar. Em 1962, o livro “Primavera Silenciosa” alertava para o desaparecimento de aves devido ao uso indiscriminado de DDT, um pesticida. “O que presenciamos agora é muito mais complicado, há uma diminuição de aves muito possivelmente devido ao desaparecimento do alimento insetos”.

Nas últimas décadas, acrescenta a bióloga, os humanos estão cada vez mais alheados da natureza, não gostam dos insetos nas suas casas, “só se preocupam com o que pode ser doentio e esquecem-se que eles fazem parte de um ecossistema”.

É preciso, diz, fazer um trabalho de sensibilização em relação aos insetos, e fazê-lo sobretudo nas escolas.

Na segunda-feira, para se assinalar o Dia Internacional da Diversidade Biológica, proclamado pela ONU, realiza-se em Lisboa um seminário sobre a importância da escola nesta matéria, promovido pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental.

Hoje, a marca alimentar Nestum ofereceu 300 núcleos de abelhas-rainha a apicultores portugueses. Desde 2021 já ofereceu mil colmeias, o equivalente a 50 milhões de novas abelhas no país, especialmente para zonas afetadas por incêndios.