Dia: 18 de dezembro de 2022

Condeúba/Tamboril: Morreu a Sra. Ana Maria de Jesus aos 92 anos idade

 

Sra. Ana Maria de Jesus, morreu aos 92 anos idade

Morreu neste domingo dia 18 de dezembro de 2022, a Sra. Ana Maria de Jesus aos 92 anos de idade. Segundo informações de famliares, a causa morte foi natural. Sra. Ana era viúva do Sr. Gonsal Brito deixou um filho Odinete Firmo Brito e 3 netos. O corpo está sendo velado na Rua Vermelha na residencia de Zezito no Tamboril, o sepulto será amanh~~a (19), ainda sm horário definido no Cemitério Santa Rosa no Tambril.

Nós do Jornal Folha de Condeúba, neste momento de muita dor e luto, prestamos nossos mais sinceros sentimentos de solidariedade e amor à família da Sra. Ana, na esperança de que Deus nosso Pai, dê todo o conforto e consolo necessário aos parentes e amigos. Que permaneçam as boas lembranças, carinho e afeto para com a memória dela, descanse em paz, nas graças de Deus Senhora Ana.

Candiba e Caetité: Atleta condeubense Beto fez uma maratona participando nas duas corridasas

 

O atleta condeubense Beto, conquistou o 3º lugar em Caetite

Foi realizada neste final de semana duas corridas onde o atleta condeubens “Beto”, participou de ambas, ele fez uma verdadeira maratona, conquistando dois troféus em menos de 24 horas. Em Candiba no sábado dia 17, Beto correu na night run e ficou em 5º lugar na geral elite.

Neste domingo dia 18, Beto participou de outra corida em Caetité foi da II Caatiga Extreme ele ficou em 3º lugar correndo na elite geral.

AGRADECIMENTOS:- Obrigado meu Deus por mais duas conquistas, agradeço a Bruna Móveis Condeúba, Postos Condeúba e Ringo, Fabiana Moreira, Açaímix Condeúba, Samuca Net, Beatriz Calçados, Zema Calçados, Prefeitura de Condeúba, Jornal Folha de Condeúba.

Fotos: Org. do evento

Um toque de solidariedade para IVANI

“Olá pessoal, sou Ana Cândida e minha irmã Ivani está internada e precisa com urgência dessa cirurgia descrita no card abaixo. Qualquer ajuda será bem vinda. Com fé em Deus conseguiremos”.

Pessoal essa Sra. Ivani é condeubense e trata-se de uma pessoa do nosso conhecimento, ela é muito trabalhadeira, séria e lutadora, por isso, quem puder vamos ajudá-lá pois, ela precisa com muita URGENCIA esse valor. Faça a doação usando o (Tel).                              PIX  77991960724 

Pandemia da Covid-19 impacta PIB dos municípios baianos em 2020

Foto: Divulgação

A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) divulgou nesta sexta-feira (16) o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios baianos de 2020, parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os resultados mostram que, em 2020, o setor Agropecuário apresentou destaque na produção de grãos (soja, algodão e milho), sendo a soja a principal cultura de expansão devido ao valor de produção e melhor produtividade.

Os municípios do oeste baiano – São Desidério, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães dentre outros – foram os principais destaques no PIB dos municípios baianos. Por outro lado, Salvador perdeu participação tanto na estrutura do PIB estadual quanto nacional.

Segundo a SEI, a perda de participação foi decorrente do fraco desempenho devido principalmente às medidas de restrições por conta da pandemia do Covid-19 e que afetaram particularmente o setor de serviços.

Com os resultados do PIB Municipal 2020, Salvador permanece em relação a 2019 na segunda posição na economia do Nordeste. Dentre as atividades mais afetadas no setor é possível citar: Comercio, Serviços de alojamento alimentação e Transportes.

Além disso, duas outras atividades com relevância na estrutura produtiva municipal perderam participação – Construção civil e Extrativa mineral (produção de petróleo e gás). Sobre o desempenho negativo da capital, a SEI informou que os municípios do interior tiveram desempenho positivo em 2020.

Campanha do Governo da Bahia recebe prêmio internacional de publicidade

Foto: Divulgação

A campanha “Bahia: aqui é respeito”, do Governo da Bahia, levou o bronze na categoria TV e Cinema do Prêmio Internacional Lusófonos da Criatividade. Sediada em Portugal, a premiação abrange todos os países que tem a língua portuguesa como a oficial.

Realizado pela agência Leiaute, o vídeo foi veiculado em 2021 e retrata situações cotidianas para conscientizar sobre as consequências do preconceito na sociedade. Com mensagens fortes na voz das pessoas no vídeo, o filme fala de racismo, machismo, gordofobia e lgbtfobia, por exemplo.

A ação buscou também provocar uma movimentação social contra a discriminação e teve a colaboração de movimentos e coletivos sociais. Os protagonistas da peça, inclusive, são pessoas e casos reais, que vivem na pele todos os dias as situações retratadas.

A direção de criação do vídeo, com duração de 60 segundos, tem a assinatura de Raul Rabelo e Rodrigo Soares. Já a criação foi desenvolvida por Rodrigo Soares, Bruno Molicone, Will Vieira e Renato Nunes.

O prêmio Lusófonos da Criatividade é um festival internacional de criatividade sediado em Portugal e também o único no mundo dedicado exclusivamente a premiar, homenagear e debater os mercados publicitários e de comunicação dos países de língua oficial portuguesa.

O Governador eleito da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT), esteve visitando a 13° Feira Baiana da Agricultura Familiar em Salvador

 

Manoel Neto da Cooperman (Condeúba) e o Governador eleito da Bahia Jerônimo Rodrigues – PT

Neste sábado dia 17 de dezembro de 2022, o Governador eleito pela Bahia Jerônimo Rodrigues (PT), esteve visitando a 13° Feira Baiana da Agricultura Familiar que está acontecendo em Salvador.

Manoel Neto da Cooperman, ele que está representando a Agricultura Familiar de Condeúba disse: “Ficamos surpresos com a visita do Governador eleito Jerônimo Rodrigues em nosso estand do Sudoeste Baiano, ele demonstrou muito interessado em continuar investindo na Agricultura Familiar, ficou muito feliz também, quando viu os produtos industrializados pela Cooperman, em especial a cerveja da marca “Lages”, cuja matéria prima é extraída da mandioca”, afirmou Manoel.

Fotos: Coopeman

Croácia vence Marrocos e fica com o terceiro lugar da Copa do Mundo

A Croácia é o terceiro melhor time da Copa do Mundo no Catar. Neste sábado (17), no Khalifa International Stadium, a equpe de Zltako Dalic venceu Marrocos por 2 a 1 e cravou o seu lugar no pódio do Mundial de 2022.

Gvardiol e Orsic marcaram a favor dos croatas, enquanto Dari balançou a rede para os marroquinos. Marrocos, treinado por Walid Regragui, jogou com Bono; Hakimi, El Yamiq (Amallah), Dari (Benoun) e Attiyat Allah; El Khannouss (Ounahi), Amrabat e Sabiri (Charir); Ziyech, Boufal (Zaroury) e En-Nesyri.

Já a Croácia teve Livakovic; Stanisic, Sutalo, Gvardiol e Perisic; Modric e Kovacic; Majer, Kramaric (Vlasic) e Orsic (Jakic); Livaja (Petkovic). Os croatas fecham a competição com quatro vitórias, dois empates e uma derrota. Marrocos teve quatro tivórias, duas derrotas e um empate.

Governo da Bahia mantém 20% de desconto e parcelamento ampliado para IPVA 2023

Também estão mantidos o parcelamento do imposto em cinco vezes e o desconto de 10% para quem optar por quitar todo o valor devido no vencimento da primeira cota, data que varia de acordo com o número final da placa do veículo.

A tabela 2023 do imposto, assim como todas as condições de pagamento, serão publicadas na edição deste fim de semana do Diário Oficial do Estado, em portaria da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz-BA).

No final do ano passado, com o objetivo de proteger os proprietários de veículos dos efeitos da inflação, o governador Rui Costa determinou que os percentuais de desconto fossem ampliados, e o número de parcelas também aumentasse.

Antes desta decisão, o desconto para quem quitava o IPVA em fevereiro era de 10%, e quem optava pela quitação no início do calendário fazia jus a 5%. O parcelamento também foi ampliado, já que tradicionalmente o contribuinte baiano podia parcelar o imposto em no máximo três vezes.

O parcelamento em cinco vezes poderá ser feito a partir de março. Neste mês, tem início o calendário que fixa os prazos para início do pagamento parcelado conforme o número final da placa do veículo.

De acordo com o fisco estadual, a frota tributável da Bahia é de cerca de 2,4 milhões de veículos. O IPVA constitui a segunda fonte de arrecadação tributária do Estado. O valor arrecadado com o imposto é dividido meio a meio com o município onde o veículo foi emplacado.

As últimas ‘virgens juramentadas’ da Albânia, que vivem como homens

Gjystina Grisha, or Duni
Gjystina Grisha é uma das cerca de 12 virgens juramentadas ns Bálcãs

Para Gjystina Grishaj, “a Albânia era um mundo dos homens e a única forma de sobreviver era tornar-se um deles”.

Ela morava nas montanhas do norte da Albânia e, com 23 anos de idade, tomou uma decisão que mudaria sua vida. Ela fez um voto de celibato e prometeu viver o resto da vida como homem.

A família de Grishaj mora na região de Malësi e Madhe, em Lëpushë (norte da Albânia), há mais de um século. O lugar é um profundo vale encravado entre montanhas escarpadas e uma das poucas regiões onde ainda existe a tradição da burrnesha — uma prática centenária na qual as mulheres prestam um juramento para os anciãos da aldeia e vivem como homens.

Essas mulheres são conhecidas como burrneshat — as “virgens juramentadas”.

“Existem muitas pessoas solteiras no mundo, mas elas não são burrneshat“, explica Grishaj, que agora tem 57 anos.

“Uma burrnesha dedica-se apenas à sua família, ao trabalho, à vida e a preservar sua pureza.”

Gjystina colhendo ervas
Gjystina Grishaj aprendeu com o pai o uso das ervas medicinais

Para muitas mulheres nascidas tempos atrás, trocar sua identidade sexual, reprodutiva e social era uma forma de ter liberdades que apenas os homens podiam experimentar.

Tornar-se uma burrnesha permitia que as mulheres se vestissem como homens, atuassem como chefes de família, movimentassem-se livremente nas situações sociais e aceitassem trabalhos que, tradicionalmente, eram abertos apenas para os homens.

Gjystina — ou Duni, como é conhecida pelos mais próximos — era uma jovem ativa e atlética, decidida a ser independente. Ela nunca imaginou ter uma vida tradicional, com casamento, trabalho doméstico ou usando vestidos.

Em vez disso, após a morte do seu pai, ela decidiu tornar-se uma virgem juramentada, para poder chefiar a família e trabalhar para sustentá-la financeiramente.

“Éramos extremamente pobres… Meu pai morreu e minha mãe tinha seis filhos”, ela conta. “Para facilitar para ela, decidi me tornar burrnesha e trabalhar bastante.”

Grishaj mora em uma aldeia remota. O sinal do celular é esporádico, no melhor dos casos. Invernos rigorosos fazem com que a neve bloqueie a estrada para Lëpushë e cause cortes de eletricidade.

Ela dirige uma pousada, trabalha na terra e cuida dos seus animais. Como burrnesha e chefe da família, Grishaj também pratica a arte das ervas medicinais para fazer chás e óleos de cura. Ela aprendeu a técnica com seu pai.

“Ele tinha muito cuidado com as ervas medicinais e passou as lições para mim. E eu quero que minha sobrinha Valerjana aprenda essa prática, mesmo tendo escolhido outro caminho”, afirma ela.

Valerjana andando em uma rua em Tirana
Para Valerjana Grishaj, a vida das mulheres na cidade tem ‘mais vantagens’ do que na zona rural

“Hoje em dia, ninguém tenta se tornar uma virgem juramentada”, segundo Valerjana Grishaj. “As jovens nem pensam em ser virgens juramentadas. Sou um exemplo real disso.”

Valerjana Grishaj foi criada ao lado da tia em Lëpushë e percebeu que as opções para as mulheres na região eram mínimas. A expectativa era casar-se cedo.

“Sempre recordo um momento quando estava no sexto ano da escola primária. Uma amiga minha estava no nono ano e estava ficando noiva. Ela tinha apenas 14 anos”, recorda ela. “Ela me disse que seu marido não iria permitir que ela continuasse os estudos e que ela precisava ouvir o seu marido, ficar com ele e obedecê-lo.”

Em vez de se casar cedo ou tornar-se uma virgem juramentada, Valerjana Grishaj saiu da casa da família com 16 anos de idade para estudar direção teatral e fotografia na capital da Albânia, Tirana.

“Em Tirana, as meninas e as mulheres têm mais vantagens e são mais emancipadas”, ela conta. “Enquanto, na aldeia, a situação, ainda hoje, é um desastre.”

Prática em extinção

Não existem números exatos, mas estima-se que existam apenas 12 burrneshat remanescentes no norte da Albânia e em Kosovo. Desde a queda do comunismo nos anos 1990, a Albânia vem presenciando mudanças sociais que trouxeram mais direitos para as mulheres.

Valerjana Grishaj considera que o desaparecimento da tradição das burrneshat é algo positivo.

“Hoje, nós, meninas, não precisamos lutar para virar homens”, afirma ela. “Precisamos lutar por direitos iguais, mas sem nos tornarmos homens.”

Em 2019, a ativista dos direitos das mulheres Rea Nepravishta protestou durante os eventos do Dia Internacional da Mulher em Tirana. Ela saiu às ruas com um grande cartaz estampado com a palavra burrnesha riscada com uma grande cruz vermelha. Embaixo, a expressão “mulheres fortes”.

“No idioma albanês, quando queremos descrever uma mulher como sendo forte, usamos o termo burrnesha“, explica ela. “É uma palavra composta de duas partes. ‘Burre’ significa homem… Não deveríamos nos referir aos homens para mostrar a força das mulheres.”

Nepravishta acredita que o país está a caminho da abertura e deu “muitos passos adiante em um curto período de tempo”.

Segundo a ONU Mulheres — a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres —, a participação feminina na tomada de decisões políticas e econômicas na Albânia progrediu recentemente, com melhorias dos códigos e processos eleitorais. Ainda assim, a participação das mulheres permanece limitada e as diferenças salariais não foram combatidas adequadamente.

Em 2017, 23% dos parlamentares e 35% dos legisladores locais eram mulheres.

Os direitos das mulheres têm um longo caminho pela frente. “Sexismo, estereótipos de gênero… E violência de gênero, infelizmente, ainda são muito presentes na Albânia”, afirma Nepravishta.

Os dados da ONU Mulheres indicam que quase 60% das mulheres albanesas com 15 a 49 anos de idade já sofreram violência doméstica. E o Banco de Dados dos Órgãos de Tratados das Nações Unidas revela que apenas 8% das mulheres são proprietárias de terras e elas ainda são marginalizadas em questões relativas a heranças.

Paisagem do vale com névoa e algumas casas
A vida nas aldeias pode ser difícil, especialmente no inverno.
Status especial

As raízes da tradição das burrneshat originam-se no Kanun, uma antiga constituição adotada em Kosovo e no norte da Albânia no século 15, que organizou a sociedade albanesa. Segundo essa lei patriarcal, as mulheres eram consideradas propriedade do marido.

“Elas não tinham o direito de decidir seu próprio destino, nem de escolher suas próprias vidas”, segundo Aferdita Onuzi, etnógrafa que estudou as burrneshat. “Se uma menina fosse ficar noiva, tudo era decidido sem sequer questioná-la; nem a idade em que ela ficaria noiva, nem a pessoa com quem ela ficaria noiva.”

Existem muitos conceitos errôneos que pairam sobre a tradição. Tornar-se uma virgem juramentada, normalmente, não era uma decisão baseada na sexualidade, nem na identidade de gênero, mas sim em um status social especial que era oferecido a quem fizesse o juramento.

“A decisão de uma menina de tornar-se virgem juramentada não tem nada a ver com a sexualidade”, segundo Onuzi. “É simplesmente uma escolha de ter outro papel, outra posição na família.”

Mas tornar-se uma burrnesha também era uma forma de escapar de um casamento arranjado, sem desonrar a família do noivo. “Esta decisão significava que elas poderiam evitar um conflito sangrento entre duas famílias”, afirma Onuzi.

As regras que regiam os conflitos sangrentos haviam sido codificadas há muito tempo no Kanun, que ajudava a trazer ordem para a vida das tribos do norte da Albânia, particularmente durante sua incorporação ao Império Otomano.

Segundo a lei do Kanun, os conflitos sangrentos eram uma obrigação social para proteger a honra. Eles podiam começar com ações pequenas como ameaças e insultos, mas, às vezes, poderiam se intensificar até gerar um assassinato. A família da vítima poderia então buscar justiça, matando o assassino ou outro homem da família da parte culpada.

Para muitas jovens daquela época, o juramento do celibato evitava os conflitos sangrentos. “Era uma forma de escapar”, segundo Onuzi.

As tradições evoluíram ao longo do tempo, transformando as decisões forçadas em escolhas ativas.

“É muito importante observar a diferença entre as burrneshat clássicas, no sentido etnográfico, e as burrneshat atuais… Atualmente, é uma decisão totalmente pessoal”, explica Onuzi.

Drande olhando para a câmera
‘Sempre me senti como homem’, afirma Drande
Gjystina Grishaj não foi obrigada a tornar-se burrnesha — ela própria decidiu sua vida. Ao crescer na Albânia comunista, ela percebeu que os homens, na época, tinham muito mais liberdade.

“Havia muitos momentos em que você era considerada desigual”, ela conta. “As mulheres eram muito isoladas, limitadas às tarefas domésticas e não tinham direito de falar.”

Sua família — particularmente sua mãe — reprovou a decisão, preocupada porque ela estava sacrificando sua possibilidade de ser mãe e ter sua própria família. Mas, para Grishaj, o sacrifício foi recompensado. “Quando decidi me tornar burrnesha, ganhei mais respeito”, ela conta.

Quanto às demais, elas decidiram tornar-se burrneshat porque se sentiam mais como homens.

“Eu nunca me associei às mulheres, mas sempre aos homens. Em bares, fumando…”, afirma Drande, burrnesha que mora na cidade litorânea de Shëngjin, no noroeste da Albânia, e refere-se a si próprio no masculino. “Sempre me senti como homem.”

Para Drande, adotar a prática foi uma forma de usufruir das liberdades dos homens, como fumar cigarros e beber álcool, elementos enraizados na tradição das burrneshat.

E essas liberdades incluíam beber o tradicional destilado albanês rakia, historicamente restrito aos homens. Agora, Drande não só bebe o destilado, como produz o seu próprio.

Quando chegamos para entrevistá-lo, ele exibe orgulhoso um lote recente, conservado em uma garrafa plástica de água. “Isto vai deixar você mais forte”, afirma.

Drande conta que sua decisão de tornar-se burrnesha trouxe mais aceitação da sociedade.

“Aonde eu fosse, recebia respeito especial e a sensação era boa”, ele conta. “Eu era respeitado como homem e não como mulher… Eu me sentia mais livre dessa forma.”

Drande tem orgulho dos sacrifícios que fez para tornar-se burrnesha, mas também reconhece sentimentos de solidão. Ele conta que já teve dúvidas.

“Pensei por um momento como seria ter um filho que pudesse cuidar de mim…”, ele conta. “Eu estava muito doente e não havia ninguém por perto para me ajudar. Mas foi apenas por um momento, uma fração de segundo.”

Naquele momento, enfrentando uma sociedade com opções limitadas para as mulheres, aquelas que se tornavam burrneshat viam a escolha como uma espécie de empoderamento. Era “um tipo de protesto convertido em sacrifício”, segundo Onuzi.

Mas, ao decidirem ser homens, elas inadvertidamente fortaleciam normas de gênero, aceitando o papel inferior das mulheres.

Gjystina e Valerjana
Gjystina Grishaj ainda espera transmitir parte do seu conhecimento tradicional para sua sobrinha Valerjana, mesmo que ela tenha escolhido uma vida diferente

Mesmo na capital albanesa, a vida das mulheres jovens hoje em dia pode ser difícil. Valerjana Grishaj estabeleceu uma presença online nas redes sociais, para ajudar a ampliar os direitos das mulheres. Mas o envio de mensagens positivas trouxe atenção negativa.

“Recebi muitas mensagens de homens, até mensagens ameaçadoras, questionando por que eu falava sobre os direitos das mulheres”, ela conta.

Valerjana Grishaj vem fotografando sua tia e outras burrneshat, como forma de documentar uma tradição que está morrendo.

“Espero que as gerações futuras se interessem por este tema, pois é parte da nossa história e das nossas tradições”, afirma ela. “Hoje em dia, você não precisa ser uma burrnesha para ter liberdade. Como mulher moderna, não é preciso prestar juramento.”

Gjystina Grishaj não dá importância ao preço que ela pagou para ser respeitada — o sacrifício da sua identidade feminina — mas, sim, à liberdade que sua decisão trouxe para ela.

“Não haverá mais burrneshat, eu serei a última”, afirma ela.

Grishaj admite que, embora talvez não tomasse a mesma decisão hoje, ela faria tudo de novo se pudesse voltar no tempo.

“Tenho orgulho de ser uma burrnesha. Não tenho arrependimentos.”

Esta reportagem faz parte do especial BBC 100 Women, que todos os anos destaca 100 mulheres inspiradoras e influentes ao redor do mundo.