Professora de Caculé leva a cultura baiana em forma de texto para o exterior
“Os livros são asas para quem quer voar, são pão vivo para quem tem fome metafórica, são lamparinas que iluminam os caminhos dos que acreditam que podem ir além”. É assim que a professora natural de Caculé, Maria Angélica Rocha Fernandes, define sua paixão pelo ensino e pela leitura. Oriunda de escola pública, encontrou na educação uma oportunidade de melhorar de vida e, mais que isso, de tornar-se exemplo para a juventude, em especial para a filha que no próximo mês fará 13 anos. “Quero que minha filha se orgulhe da mãe, que tantas vezes a deixou em prol da educação”.
Antes de ser mãe, a professora Angélica como é conhecida por muitos, já era educadora. Tudo começou em 1994, quando ela se formou em Letras, pela Universidade Estadual da Bahia, (Uneb), Campus de Caetité. Ao se formar, passou a ensinar em sua cidade, no ensino fundamental. E em 1998 começou a atuar na rede estadual, no Colégio Norberto Fernandes, por meio de um concurso público, no qual obteve primeira colocação.
Para a docente que também atua na Uneb de Brumado desde 2004, a burocracia é um dos grandes problemas na educação. “Em todos os âmbitos e setores, somos ‘mandados’ muitas vezes por indivíduos que desconhecem a realidade de uma sala de aula, que burocratizam o que desconhecem”, desabafa. A longa experiência como docente, orientadora e inspiração para muitos alunos caminha junto com os estudos. Angélica não parou na graduação.
Em 2014 se tornou Mestre em Estudos Literários, pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFES). Concluiu o curso de Arte na Faculdade Entre Rios do Piauí (FAERPI), em 2017 e nesse mesmo ano iniciou o Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. A mulher de “quase 50 anos”, como brinca, considera uma ousadia continuar a estudar. Para ela, essa é a melhor maneira de alcançar também, a liberdade de escolha.
“Ser provedores das nossas vidas, sem precisarmos trocar nossa dignidade por qualquer coisa, esse é o meu maior orgulho”. Orgulho é o que Angélica é para a educação em Caculé. Com dois livros, sendo um deles publicado em 2017, com o título “Práticas e vivências na Educação de Caculé”, ela tem publicação em mais de 18 livros, diversos artigos, contos e poesias. Além disso, apaixonada por literatura e pelas obras do escritor Jorge Amado, já levou o nome da cidade por seis vezes a uma revista internacional.
A última publicação na SG MAG de Porto em Portugal, é de março deste ano. Mais do que para ter um currículo extenso, a professora enxerga seus textos em terras lusitanas como motivo de alegria, porque é uma forma de se eternizar. “Quem escreve não morre”, afirma. Para ela, a literatura tem o poder de levar a cultura baiana para outras terras. “Autores como Jorge Amado e Dias Gomes levaram nossas histórias e cultura para lugares incontáveis do mundo, tanto no impresso, quanto nas telenovelas”.
Quando perguntamos qual é a mensagem de incentivo para os jovens, a educadora não hesita em dizer: “a educação é uma forma de oportunizar a ascensão social, minha prática mostra que é possível pobres chegarem aonde quiserem”. Ela ainda acredita que a leitura e a arte têm o poder de ir além do material, “as artes, de um modo geral, salvam da ignorância”, conclui.
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