O PAÍS DA NEGLIGÊNCIA
* Levon Nascimento
Não tenho maiores informações sobre o incêndio que matou dez pessoas no centro de treinamento do Flamengo. Mas não deixa de ser estranho que adolescentes pobres, a base do futebol pentacampeão mundial, estivessem num alojamento com possibilidade de curto-circuito, quando se sabe que os clubes lucram milhões a cada ano, ainda mais um que diz ter a maior torcida do Brasil.
Também não surpreende que anualmente ainda ocorram vítimas fatais das chuvas de verão. O país não aprende a zelar dos pobres. Agora, com esse (des)governo, pior ainda, porque nem sensibilidade social há em Brasília.
Igualmente, foi a negligência que destruiu, em imediato, a vida de mais de 300 pessoas em Brumadinho e arruinou centenas de famílias e o meio ambiente de Minas Gerais.
Somos o país da negligência com os pobres. Essa negligência institucional nos foi legada por herança da escandalosa escravidão negra e indígena, que durou mais de 300 anos. Aliás, a escravidão é, de longe, nosso maior problema nacional, como afirma Jessé Souza.
A vida humana do pobre não vale nada no Brasil. E tende a piorar.
A reforma da previdência de Bolsonaro quer nos fazer morrer sem aposentar.
A licença para matar sem culpa que Sérgio Moro, ministro de Bolsonaro, quer aprovar para as forças de segurança pública, institucionaliza o genocídio contra jovens, pobres, pretos e pardos.
A vida humana pobre não vale nada no país da negligência. E, ai de quem pensar diferente! As masmorras de Curitiba estão prontas para recebê-los.
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