Ninguém é substituível
Por José Geraldo Pansani Bressanini
…Na sala de reunião de uma conceituada empresa o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores e colaboradores…
Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: “Ninguém é insubstituível”!
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os colaboradores se entreolham, alguns abaixam a cabeça.
De repente, um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
– Alguma pergunta?
– Tenho sim.
E Beethoven?
– Como? – o encara o diretor confuso.
– O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Silêncio…
O funcionário fala então:
– Ouvi essa história esses dias, contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso. Afinal as empresas falam em descobrir talentos, mas no fundo, continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Então, pergunto: quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico?
O rapaz fez uma pausa e continuou:
– Todos esses talentos que marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem. E, portanto, mostraram que são sim, insubstituíveis.
Não estaria na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe, em focar no brilho de seus pontos fortes e não utilizar energia em reparar seus erros ou deficiências?
Nova pausa e prosseguiu:
– Acredito que ninguém se lembra e nem quer saber se BEETHOVEN era SURDO, se PICASSO era INSTÁVEL, CAYMMI PREGUIÇOSO, KENNEDY EGOCÊNTRICO, ELVIS PARANÓICO… O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos. Mas cabe aos líderes de uma organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços, em descobrir os PONTOS FORTES DE CADA MEMBRO. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
O rapaz continuava.
– Se um gerente ou coordenador, ainda está focado em ‘melhorar as fraquezas’ de sua equipe, corre o risco de ser aquele tipo de técnico de futebol, que barraria o Garrincha por ter as pernas tortas, ou Albert Einstein por ter notas baixas na escola, ou Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria PERDIDO todos esses talentos.
Nunca me esqueço quando o Zacarias dos Trapalhões ‘foi pra outra morada’…
Dedé, ao iniciar o programa seguinte, entrou em cena e falou mais ou menos assim: “Estamos todos muito tristes com a ‘partida’ de nosso irmão Zacarias… e hoje, para substituí-lo, chamamos: .…NINGUÉM, pois nosso Zaca é insubstituível!
O silêncio foi total!
Conclusão: Nunca esqueça: SEJA UM TALENTO ÚNICO!
Valorize-se! E valorize quem está a sua volta.
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