‘Golpista da USP’ jamais deveria exercer medicina, alerta polícia em pedido de prisão
Estudante que confessou ter desviado quase R$ 1 milhão de comissão de formatura tem certeza de impunidade, diz relatório da Polícia Civil
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No relatório em que pede a prisão preventiva de ‘golpista da USP’, polícia indica que estudante de Medicina jamais deveria exercer profissão;
- Segundo o relatório, Alicia Muller tem certeza da impunidade;
- Pedido de prisão preventiva da estudante foi rejeitado pelo Ministério Público de São Paulo.
No relatório final do inquérito sobre o desvio de quase R$ 1 milhão da comissão de formatura de uma turma de Medicina da USP, a Polícia Civil afirma que Alícia Muller, que assumiu o crime, tem certeza da impunidade e jamais deveria exercer a medicina.
A estudante foi indiciada nove vezes por apropriação indébita e a polícia pediu prisão preventiva dela, que foi negada pelo Ministério Público de São Paulo.
“Trata-se de um estudante de medicina e que deveria salvar vidas, sequer foi capaz de respeitar os colegas de turma, sequer foi capaz de pensar no esforço financeiro feito por grande parte dos alunos, quando praticou os crimes”, escreveu o delegado Guilherme Santos Azevedo no relatório final. As informações foram obtidas pela CNN Brasil.
“Uma pessoa com esse perfil e caráter jamais deveria exercer a medicina, função das mais nobres”, acrescentou o delegado.
A polícia ainda aponta que ela teria se sentido incentivada a prosseguir com os saques na conta da comissão por não ser punida.
“A postura apresentada por Alicia é de uma pessoa que tem certeza da impunidade, a ponto de sair sorrindo do interrogatório”, indica o relatório.
Pedido de prisão negado
O promotor de Justiça Fabiano Pavan Severiano recusou o pedido de prisão preventiva contra a estudante de Medicina Alicia Muller, de 25 anos, que confessou ter desviado R$ 937 mil da comissão de formatura de uma turma da USP.
Severiano discordou do crime atribuído a Alicia pela Polícia Civil. A delegacia considera que a aluna cometeu nove vezes o crime de apropriação indébita. Já o MP avalia que o caso dela se enquadra no artigo 171 do Código Penal, referente a prática de golpes, com pena de um a cinco anos de prisão. As informações foram divulgadas pelo portal UOL.
“Diferentemente do que ocorre em relação à apropriação indébita, no estelionato a lei exige representação criminal dos ofendidos para oferecimento de denúncia contra a autora dos fatos”, argumentou o promotor.
Assim, ele pediu que o inquérito fosse devolvido a delegacia para que as vítimas possam apresentar representações criminais individuais em desfavor de Alicia.
O MP também emitiu parecer contrário a prisão preventiva da estudante.
Confissão
Alicia levou para o depoimento os nove comprovantes de transferências do dinheiro da comissão para as suas três contas bancárias pessoais. Segundo a polícia, ela usou cerca de R$ 500 mil em apostas na Lotofácil e ganhou 17 vezes. Com isso, embolsou R$ 170 mil, mas perdeu outros R$ 330 mil.
Entre os gastos, ela comprou um iPad de R$ 6mil e alugou um Iphone, além de ter feito gastos pessoais. Ela ainda alugou um carro avaliado em R$ 120 mil e um flat de R$ 3.700.
Atualmente, as contas dela estão sem saldo e a dívida no cartão de crédito chega a R$ 20 mil.
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