Dom e Bruno: suspeitos confessam ter esquartejado e incinerado corpos

Bruno Pereira e Dom Phillips transitavam pela terra indígena Vale do Javari quando desapareceram, em 5 de junho (Foto: Victoria Jones/PA Images via Getty Images)

Um dos suspeitos na morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips confessou ter matado os dois homens desaparecidos. Autoridades levaram Oseney da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido como “Dos Santos”, ao local das buscas.

O homem é o segundo preso suspeito de participação no crime e assumiu que as vítimas foram mortas, esquartejadas e os corpos foram incinerados. Em seguida, foram jogados em uma vala. A informação foi divulgada pela TV Bandeirantes e confirmada pela TV Globo.

De acordo com a CNN Brasil, fontes da PF revelaram que Amarildo confessou que a morte de Bruno e Dom Phillips possui relação com as denúncias feitas pelos dois sobre a prática de pesca ilegal na região.

Segundo a Bandeirantes, ainda precisará ser feita uma análise do material para comprovar a confissão de Oseney e Amarildo da Costa de Oliveira.

As buscas estão sendo feitas na margem esquerda do rio Itaquaí, perto da Comunidade São Gabriel.

Desaparecimento de Dom e Bruno: tudo o que você precisa saber
A notícia do desaparecimento de Dom e Bruno surgiu no domingo (5) e ganhou força na segunda (6)

Já no final da noite da segunda, uma força-tarefa de buscas atuava na Amazônia

Os primeiros movimentos do caso já preocupavam o governo Bolsonaro com possível repercussão negativa pelo mundo

Pouco adepta às entrevistas, a família do indigenista relatou sensação de angústia com a falta de notícias nos primeiros dias de busca

Ainda no início das buscas, Bolsonaro deu entrevista bastante criticada na qual afirmou que os dois haviam “se metido em uma aventura”

Apenas no quarto dia de buscas um suspeito foi identificado e preso

Por conta da ineficiência até então, as buscas foram reforçadas após ordem judicial no quinto dia

Arrastadas, as buscas encontraram material humano que foi para análise na sexta (10)

Na segunda (13), o dia mais corrido do desaparecimento começou com a notícia de que os corpos teriam sido encontrados, segundo a esposa de Dom

A PF negou que os corpos haviam sido encontrados assim que a notícia foi vazada

No dia seguinte, a embaixada britânica assumiu o erro na comunicação com a esposa de Dom

Um segundo suspeito acabou preso na terça (14), ainda sem os corpos terem sido achados

Ainda sem corpos encontrados, Bolsonaro é criticado após dizer na quarta (15) que Dom era ‘mal visto’ e deveria ter ‘tido mais cuidado’

Dom Phillips e Bruno Pereira estavam desaparecidos desde o dia 5 de junho, quando transitavam pela terra indígena Vale do Javari. A expectativa era de que eles chegassem em Atalaia do Norte após duas horas de trajeto, mas, depois de seis horas, lideranças indígenas estranharam a demora e começaram as buscas.

O desaparecimentoi foi notificado inicialmente pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), da qual Bruno faz parte como consultor, no dia 6 de junho. A esposa de Dom Phillips e o cunhado do jornalista também se manifestaram e pediram a intensificação das buscas.

No dia 12, autoridades encontraram pertences de Bruno e Dom durante as buscas, como um cartão de saúde em nome do indigenista, mochila, bota e uma calça.

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Suspeitos presos
Até o momento, foram presos dois homens suspeitos de envolvimento: Oseney e o irmão dele, Amarildo Costa de Oliveira, conhecido como “Pelado”.

Oseney da Costa de Oliveira, de 41 anos, conhecido como “Dos Santos”, foi preso temporariamente nesta terça-feira (14), suspeito de participação no desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. A informação é do portal g1.

Segundo a Polícia Federal, Oseney é suspeito de participar do desaparecimento com Amarildo da Costa Oliveira, também conhecido como “Pelado” —ele está preso no município de Atalaia do Norte, no Amazonas, mas nega envolvimento no caso.

Conhecido como “Pelado”, foi preso no dia 7 de junho por posse de droga e de munição de uso restrito.

Na prisão, a polícia apreendeu sua lancha, onde foram encontrados vestígios de sangue, o que levantou suspeita sobre seu envolvimento no caso dos desaparecidos.

Além disso, segundo testemunhas, no domingo (5), dia que a dupla foi dada como desaparecida, “Pelado” foi visto passando de lancha atrás da embarcação do jornalista e do indigenista, no trajeto de rio que separa a cidade de Atalaia do Norte e a comunidade de São Rafael, no Amazonas, onde eles foram vistos pela última vez.

Informações erradas da Embaixada do Brasil em Londres
A Embaixada do Brasil no Reino Unido pediu desculpas às famílias do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira nesta terça-feira (14). A informação é jornal inglês The Guardian.

Na última segunda-feira (13), autoridades informaram aos parentes dos desaparecidos que dois corpos foram encontrados na floresta, mas a informação foi negada pela Polícia Federal e também pela Univaja.

A Embaixada do Brasil no Reino Unido havia entrado em contato com Alessandra Sampaio, esposa de Dom, e com a família do jornalista na Inglaterra. A informação sobre a ligação havia sido confirmada pelo cunhado, Paul Sherwood.

Segundo o The Guardian, nesta terça, o embaixador enviou uma mensagem para se desculpar. “Estamos profundamente sentidos que a Embaixada tenha passado uma informação à família ontem que não se provou correta”, disseram as autoridades.

Difamação de Bolsonaro e da Funai
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (15) que Dom Phillips, jornalista britânico que está desaparecido na área do Vale do Javari, no Amazonas, era “mal visto” na região porque fazia “muita matéria contra garimpeiro”. Além de Phillips, o indigenista brasileiro Bruno Pereira também está desaparecido.

Ainda segundo o mandatário, os dois “resolveram entrar numa área completamente inóspita sozinhos, sem segurança e aconteceu o problema”.

“Esse inglês era mal visto na região, porque fazia muita matéria contra garimpeiros, questão ambiental, então, naquela região lá, que é bastante isolada, muita gente não gostava dele”, disse Bolsonaro.

“Ele tinha que ter mais que redobrada atenção para consigo próprio e resolveu fazer uma excursão. A gente não sabe se alguém viu e foi atrás dele, lá tem pirata no rio, lá tem tudo que possa imaginar”, acrescentou.

O chefe do Executivo também falou que Bruno e Dom deveriam andar armados na região. “É muito temerário você andar naquela região sem estar devidamente preparado fisicamente e também com armamento devidamente autorizado pela Funai, que pelo que parece não estavam.”

Além de Bolsonaro, a Fundação Nacional do Índio (Funai) também fez críticas aos dois. Agora, a fundação está proibida pela Justiça Federal de fazer comentários “tendentes a desacreditar a trajetória” do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, desaparecidos na região de Atalaia do Norte (AM) desde 5 de junho.

A decisão é assinada pela juíza Jaíza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, atendendo a pedido da Defensoria Pública da União (DPU). O texto também obriga a Funai a retirar do ar uma nota de esclarecimento na qual afirma que a dupla não tinha autorização para circular em área indígena, publicado em 10 de junho.

Diário de busca de Bruno Pereira e Dom Philips
Domingo, 05 de Junho
Bruno Pereira e Dom Phillips deixam a comunidade do Amazonas de São Rafael em uma embarcação com destino a Atalaia do Norte, em uma viagem que deveria durar 2h. Navegando pela Terra Indígena Vale Javari, eles conversaram com a esposa do líder comunitário Manoel Vitor Sabino da Costa, apelidado de Churrasco. Dom e Bruno viajavam com uma embarcação nova, de 40 cavalos e 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem. Depois desse encontro, ambos desapareceram.

Ainda não há Ainda não há “indícios fortes de crimes” no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira (à esq.) e do jornalista britânico Dom Phillips, segundo avaliação da Secretaria de Segurança do Amazonas. (Foto: Reprodução)

Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, foi visto em lancha atrás da embarcação do jornalista e do indigenista, no trajeto de rio que separa a cidade de Atalaia do Norte e a comunidade de São Rafael, no Amazonas, onde eles foram vistos pela última vez.

Segunda-feira, 06 de Junho
O desaparecimento é divulgado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), do qual Bruno faz parte como consultor. A esposa de Dom, Alessandra Sampaio, fez um apelo para que autoridades brasileiras tomassem ações urgentes para localizar o marido e o servidor da Funai.

Terça-feira, 07 de Junho
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronuncia pela 1ª vez sobre o caso e chama a viagem dos pesquisadores de “aventura”. “Realmente, 2 pessoas apenas no barco, numa região daquela (…) uma aventura que não é recomendável que se faça (…). A gente espera, e pede a Deus, que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região.”, declarou.

Quarta-feira, 08 de Junho
Após investigações, a polícia cumpriu a prisão temporária de Amarildo da Costa de Oliveira (41), conhecido como “Pelado”. Ele foi avistado seguindo a lancha dos desaparecidos e preso depois de ser encontrado com drogas e munição de uso restrito. “Pelado” foi apontado por uma testemunha ouvida pela agência Amazônia Real com a pessoa que ameaçou Bruno, Dom e mais nove indígenas da vigilância da Univaja após ser flagrado tentando invadir a terra indígena no início do mês de junho.

Quinta-feira, 9 de Junho
Vestígios de sangue são encontrados na lancha de Amarildo, suspeito do desaparecimento. As amostras de sangue na lancha foram analisadas em Manaus, capital do Amazonas. Ainda não se sabe se o sangue é humano ou de animais.

Vestígios de sangue foram encontrados em embarcação durante as buscas. Foto: Agência Reuters.

Sexta-feira, 10 de Junho
A Univaja solicita apoio da Embaixada do Peru no Brasil para buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips, nas áreas de fronteira no território peruano próximas ao lugar do desaparecimento. Também na sexta, equipes que trabalham na localização de Bruno e Dom, relataram que encontraram um “material orgânico aparentemente humano”, no rio, próximo ao porto de Atalaia do Norte. O material foi encaminhado para análise pericial pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF.

Sábado, 11 de Junho
O Corpo de Bombeiros descartou que a escavação encontrada às margens do Rio Itaquaí, onde Bruno e Dom Phillips foram vistos pela última, tenha relação com o sumiço da dupla, na Amazônia.

Domingo, 12 de Junho
O Corpo de Bombeiros do Amazonas encontrou uma mochila, um notebook e um par de sandálias na área de busca. Também foi achada uma lona no local.

A PF confirma ter encontrado cartão com nome de Bruno Pereira na área. “Na região onde se concentraram as buscas foram encontrados objetos pessoais pertencentes aos desaparecidos, sendo 1 (um) cartão de saúde em nome do Sr. Bruno Pereira, 1 (um) calça preta pertencente ao Sr. Bruno Pereira, 1 (um) chinelo preto pertencente ao Sr. Bruno Pereira, 1 (um) par de botas pertencente ao Sr. Bruno Pereira, 1 (um) par de botas pertencente ao Sr. Dom Phillips e 1 (uma) mochila pertencente ao Sr. Dom Phillips contendo roupas pessoais.”, diz a nota da PF. A mochila estava amarrada em uma árvore, em área de igapó, terreno de mata alagada.

A Univaja informou, em nota, que foi encontrada uma possível nova embarcação de Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, suspeito de envolvimento no desaparecimento da dupla. Um local por onde vestígios indicam que um barco pode ter sido arrastado também foi identificado e isolado para análise.

Em entrevista ao Fantástico, a esposa de Bruno declarou esperança nas buscas. “Eu acredito que os dois podem sobreviver na floresta, sem comida, ou com os recursos que eles têm. Então, há algo dentro de mim que diz que ele pode estar perdido, que ele pode estar escondido”, declarou Beatriz Matos.

Segunda-feira, 13 de Junho
Indígenas de Atalaia do Norte, município onde Bruno e Dom desapareceram, fizeram uma manifestação em apoio a lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). O ato também ocorreu em solidariedade às famílias dos desaparecidos.

Indígenas de Atalaia do Norte, município onde Bruno e Dom desapareceram, fizeram uma manifestação em apoio a lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). REUTERS/Bruno Kelly

A esposa de Dom, Alessandra, confirmou ao jornalista André Trigueiro, da GloboNews que recebeu informação da Polícia Federal de que os corpos foram encontrados. Os corpos dos dois teriam sido encontrados amarrados em uma árvore. A Polícia Federal, porém, informou que não encontrou qualquer novo indício sobre o desaparecimento dos pesquisadores. A UNIVAJA também negou que corpos foram achados.

O presidente Jair Bolsonaro falou mais uma vez sobre o desaparecimento. Segundo ele, parece que “fizeram maldade” com os dois. Pouco tempo depois da fala do mandatário, a esposa do jornalista afirmou que os corpos foram encontrados.

“Estou acompanhando [as buscas dos corpos]. Agora, os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles. Foram encontrado vísceras humanas, que já estão aqui em Brasília para se fazer o DNA”, afirmou Bolsonaro. “Pelo tempo, já vai ser muito difícil encontrá-los com vida.”, declarou.

Fonte: Yahoo.com.br

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