Cerimônia de posse pode dizer algo sobre o futuro governo?

Eleito pela primeira vez em 2002 e reeleito quatro anos depois, em 2006, o petista já fez dois discursos de posse

Lula acena para multidão após a cerimônia de posse, em Brasília, 1º de janeiro de 2003 (Foto: ORLANDO KISSNER/AFP via Getty Images)
Lula acena para multidão após a cerimônia de posse, em Brasília, 1º de janeiro de 2003 (Foto: ORLANDO KISSNER/AFP via Getty Images)

A três dias da cerimônia de posse, há dúvidas e curiosidades sobre como será o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eleito pela primeira vez em 2002 e reeleito quatro anos depois, em 2006, o petista fez dois discursos de posse. Será, então, que o evento que acontecerá no domingo (1º) pode dizer algo sobre o futuro governo? A resposta é sim.

Após sair derrotado em três campanhas presidenciais, Lula finalmente tomou posse como presidente da República no dia 1º de janeiro de 2003. O então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) passou a faixa ao sucessor eleito. Isso não acontecerá desta vez, pois o presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas, se recusou a cumprir o rito e estará nos Estados Unidos no dia do evento.

2003

Voltando para 1º de janeiro de 2023, há quase 20 anos, Lula fez um pronunciamento na sessão solene de posse no plenário do Congresso Nacional. Em seu discurso, prometeu “mudança”, afirmando que a sociedade brasileira “decidiu que estava na hora de trilhar novos caminhos”.

Lula destacou a importância do combate à fome, dizendo que sua missão seria garantir café da manhã, almoço e jantar para todos os brasileiros. Ele afirmou também que criar empregos seria sua “obsessão” e viabilizaria reformas, falou em “restabelecer a segurança” da população e manter uma relação “construtiva e fraterna” com o Legislativo e o Judiciário, dentre outras coisas. As promessas foram cumpridas? Veja alguns temas:

Fome

Apesar da fome nunca ter acabado no país, pesquisas indicam que entre os anos 2004 e 2014, ou seja, durante os governos petistas, o país avançou no combate à insegurança alimentar. Foi no segundo mandato do governo de Dilma Rousseff (PT), a partir de 2014, que alguns indicadores sociais pioraram devido à crise econômica. De acordo com reportagem da revista Veja, divulgada em julho deste ano, a situação se deteriorou ainda mais no período que compreende os governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) —entre 2018 e 2022.

Além disso, em 2014, o Brasil saiu oficialmente do Mapa da Fome, relatório global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), e retornou a ele este ano.

Empregos

Conforme noticiado pelo Yahoo!, no final de 2002, antes do início do primeiro mandato de Lula, o Brasil tinha aproximadamente 28,7 milhões de pessoas empregadas em vagas com carteira assinada. Já em 2010, último ano do governo do petista, havia 44 milhões de empregos. O acréscimo no período foi de cerca de 15,4 milhões, de acordo com dados calculados com base na RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Programas sociais

É importante falar sobre o Bolsa Família, programa de distribuição de renda criado em 2003, no primeiro ano do governo petista. Até janeiro de 2020, o benefício ajudava cerca de 13 milhões de famílias em todos os municípios brasileiros.

Depois de quase duas décadas, o presidente Jair Bolsonaro substituiu o benefício pelo Auxílio Brasil. A partir do próximo ano, porém, o programa que ajuda famílias em situação de pobreza e pobreza extrema voltará a ser Bolsa Família.

2007

Reeleito no segundo turno das eleições de 2006, com mais de 58 milhões de votos, Lula fez mais um pronunciamento à nação na cerimônia de posse em 1º de janeiro de 2007 no Congresso Nacional. O petista iniciou o discurso falando sobre como ele, homem nascido na pobreza, chegou à Presidência da República.

Após comandar o país durante quatro anos, Lula afirmou que o Brasil estava diferente, e para melhor, “na força da sua economia, na consistência de suas instituições e no seu equilíbrio social”. Disse também que o país ainda tinha injustiças sociais, mas estava diferente, para melhor, “na erradicação da fome, na diminuição da desigualdade e do desemprego”, por exemplo. Na época, ele reiterou que a educação de qualidade seria prioridade de seu mais novo governo.

“Durante a campanha afirmei que meu segundo governo será o governo do desenvolvimento, com distribuição de renda e educação de qualidade”, falou.

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada em outubro mostra que Lula investiu e aumentou o sistema de ensino superior e pesquisa, quase dobrando o número de vagas públicas e apoiando a expansão das vagas em faculdades privadas, com bolsas e financiamentos, por exemplo.

Dados da PNDA (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) revelam, de acordo com a Agência Senado, que 13,6% da população brasileira era analfabeta em 2000, antes do início do primeiro governo Lula. Porém, em 2010, penúltimo ano do segundo mandato do petista, a taxa caiu para 9,6%. O governo criou programas como o ProUni (que oferece bolsas em universidades privadas) e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

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