Médico da BA tem parada cardíaca e morre após tomar hidroxicloroquina
Médico da BA tem parada cardíaca e morre após tomar hidroxicloroquina O médico Gilmar Calasans Lima, que morreu de covid-19 Imagem: Arquivo pessoal Aurelio Nunes Colaboração para o UOL, em Salvador 21/04/2020 12h05Atualizada em 21/04/2020 21h23 Após quatro dias de tratamento domiciliar com hidroxicloroquina contra o novo coronavírus, o médico Gilmar Calasans Lima, 55, morreu 45 minutos depois de dar entrada na emergência do Hospital da Costa do Cacau, em Ilhéus, com um quadro de parada cardiorrespiratória. A informação é do secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas.
Na manhã de hoje, Vilas-Boas disse que, por ser médico, Gilmar teve acesso à combinação de hidroxicloroquina e azitromicina sem a necessidade de receita médica. Mas a família contestou a informação do secretário e afirmou que os medicamentos foram, sim, prescritos por outro médico do mesmo hospital. A foto de uma receita médica enviada pela família ao UOL nesta tarde mostra a prescrição de hidroxicloroquina e azitromicina
Para familiares do médico morto, a afirmação do secretário de que Gilmar se automedicou foi “irresponsável” e “caluniosa”. Segundo Vilas-Boas, entretanto, o documento é a prova de que “a prescrição em questão foge ao protocolo” — o uso do medicamento é orientado apenas para pacientes internados — e, por isso, “será aberta uma sindicância para apurar as circunstâncias do fato”.
Lima era hipertenso e diabético. Alteração cardiovascular é um dos efeitos colaterais da hidroxicloroquina, mas não é possível saber se a morte de Giomar está relacionada ao uso do remédio.
A hidroxicloroquina é a versão menos tóxica da cloroquina. Seu uso foi liberado pelo Governo do Estado da Bahia no último dia 8 exclusivamente para tratamento em ambiente hospitalar de pacientes com diagnóstico positivo para a covid-19 internados nas redes pública e privada do estado.
Na ocasião a secretaria informou que havia em estoque 50 mil comprimidos, e que uma nova carga, de 1 milhão de comprimidos, estava sendo adquirida.
“É sabido que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem levar a arritmias cardíacas graves potencialmente fatais. Seu uso deve ser precedido de avaliação cardiológica e realização de eletrocardiograma”, declarou Vilas-Boas, ao portal Metro 1.
Lima foi o 46º óbito confirmado pela covid-19 no estado. Segundo a Sesab, o médico teve os primeiros sintomas da doença em 11 de abril.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, há 47 mortes no estado. Os casos já são 1.489.
Ele chegou a apresentar melhora clínica, sem febre ou dispneia, quando apresentou um mal súbito e foi levado por familiares ao Hospital da Costa do Cacau, mas não resistiu.
“Foi submetido a manobras de reanimação por 45 minutos, permanecendo sem estabilizar o ritmo cardíaco, terminando por evoluir para o óbito”, explicou Vilas-Boas.
A direção do Hospital Regional da Costa do Cacau divulgou nota lamentando a morte. “O colaborador permanecia em isolamento domiciliar na última semana quando nas últimas 48 horas apresentou piora, sendo internado de urgência no HRCC. Neste momento de dor e consternação, deixamos os nossos mais sinceros pêsames aos familiares e amigos”, diz a mensagem.
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