Por Paulo Henrique
Casais “irregulares” poderão se casar novamente em liturgia sacramental?
Irmãos, essas e outras tantas perguntas, foram suscitadas em todo o mundo, particularmente entre os católicos, sobre a posição da Igreja em um novo subsídio que orienta as bençãos pastorais.
A declaração entitulada: “Fiducia Supplicans”, trata-se de uma orientação pastoral para o Cleto católico, sobre as bençãos administradas na Igreja a todos os que a pedem com sinceridade, confiança e humildade. Nada além disso!!!!!
As bençãos sempre aconteceram na vida da Igreja e, geralmente, são até mais populares e espontâneas do que litúrgicas e formais. Por exemplo: um filho que pede a benção para os pais, os fiéis que pedem a benção para os sacerdotes, os afilhados que pedem a benção para os padrinhos etc… São casos inúmeros, comuns e recorrentes de todos os dias na missão da Igreja e vida do povo.
Mas onde está a dúvida sobre as bençãos? De onde brotam tantos questionamentos e até mesmo críticas contra o magistério do Papa?
Infelizmente, estamos num mundo dominado pelos noticiários que, nem sempre, são fidedignos e coerentes com a VERDADE. Todas as notícias são espalhadas com interesses próprios e manipulações que trazem um caráter duvidoso e sem credibilidade.
Antes de lerem e entenderem o contexto, anunciam os trechos polêmicos e que dão maior audiência pela curiosidade que eles despertam.
Assim aconteceu com o documento publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé sobre as bençãos.
O documento, prevê uma abertura para abençoar casais irregulares de segunda união e casais do mesmo sexo também, porém, deixa bem claro que não se trata de sacramento, matrimônio, concordância, regularização de vida, aceitação. Não é uma celebração litúrgica e a Igreja não está “liberando” o casamento entre pessoas do mesmo sexo. NÃO É ISSO!!!!!
Mas o que é de fato essa abertura da Igreja?
Trata-se de uma atitude misericordiosa de amor, escuta, acolhida, perdão, empatia, respeito para com a pessoa humana, dignidade a todos e inclusão.
Estamos numa caminhada SINODAL e precisamos nos abrir para todos, radicalmente a todos, sem deixar ninguém para trás, sem esquecer dos pobres, dos aflitos e marginalizados, dos que sofrem preconceito e vivem na margem da comunidade.
Na JMJ de Lisboa, o Santo Padre Francisco disse em um de seus discursos que: ” a igreja tem espaço para todos, todos, todos!!!” E é isso mesmo, deve e precisa acolher como Jesus o fez e o faria se estivesse aqui na Terra.
ACOLHER NÃO É CONCORDAR. A Igreja tem sua posição com relação a família e a sua formação, obedecendo os critérios de Deus e o que diz a Palavra sobre essa dinâmica familiar. Um matrimônio só acontece entre um homem e uma mulher e esse ensino está na moral católica, na doutrina e faz parte do depósito da nossa fé, preservado ao longo dos anos, desde o início da Igreja. ISSO NÃO MUDOU E NÃO MUDARÁ.
Agora, o desejo do Papa é conceder a benção pra todos, não deixar de rezar pelas pessoas, por suas histórias de vida, pedindo a Deus que continue sendo presença viva e constante. Essas bençãos já até acontecem em muitas situações. Quem nunca pediu a benção e uma oração espontânea para um sacerdote? Pode existir limites para rezar por uma pessoa? Pode haver condições para isso? Creio que não e se Jesus estivesse aqui, com certeza, rezaria e conversaria com todos, sem nenhuma diferença.
O que a gente precisa mesmo entender é que Deus ama a todos e não faz distinção de pessoas, Ele não escolhe, somente acolhe. Depois, cada um de nós traz os seus próprios pecados, suas limitações e fraquezas. Será que temos crédito para julgar os outros?
O juiz das almas é Deus e nenhum outro. Papa, bispos, padres, diáconos, todos são servos e ministros, mas só Deus vai pesar as almas e só a Ele pertence a prerrogativa de condenar e salvar.
A Igreja, como uma mãe, precisa seguir o seu caminho de amor, manifestando a misericórdia de Deus e despachando os sacramentos com responsabilidade, mas, ninguém tá no juízo das pessoas e se um fiel pede para ser abençoado, a Igreja deve ouvir e falar de Deus para este irmão ou irmã com grande caridade pastoral e amor.
Dessa forma, as bençãos para casais irregulares são casos específicos, cada caso tem sua particularidade e os padres devem ter muita cautela com isso, sem banalizar o que é de Deus e sem esquecer da caridade para com todos.
Uma pergunta: se um casal homossexual pedir a confissão, o que deve fazer a Igreja? Escutar ou abandonar?
A Igreja não é a favor do pecado, mas ama os pecadores e deseja a conversão de todos, a mudança de vida e a prática radical do Evangelho de Jesus.
Enfim, é um tema polêmico, difícil de ser tratado, doloroso em alguns sentidos e, quem fala sobre isso, deve ter muito cuidado nas palavras para não dizer besteiras ao vento. Eu penso que antes de crucificar é necessário escutar.
Aos que criticaram o Papa e o documento, o meu respeito sincero, mas peço que leiam o comunicado oficial e parem de confiar nas notícias jogadas ao vento de qualquer forma.
Antes de criticar precisa estudar, amadurecer, conhecer e não acreditar em qualquer coisa.
Que Deus nos ajude neste tempo tão difícil de polêmicas e divisões. Que o espírito de sinodalidade possa falar mais alto em nossos corações de católicos.
E uma sugestão para os que gostam e são influenciados pelas redes sociais: Comecem a seguir as páginas do Vaticano nas redes sociais, para acessarem notícias verdadeiras e coerentes com os valores da fé cristã.
Deus abençoe a todos!
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