Salvador/BA: Estudantes acusam professor de abuso dentro de escola

menorA relação entre alunos e professor que chamou atenção. Estudantes do turno vespertino de uma escola estadual no bairro de Tancredo Neves, em Salvador, acusaram um professor de assédio sexual dentro da instituição.

Alunas se reuniram com o professor de educação física em uma parte isolada do colégio com o propósito de fazê-lo assumir tais práticas e filmaram todo o ocorrido sem que o docente percebesse. Por se tratar de alunos que podem ser menores de 18 anos, o vídeo não será divulgado e as identidades não serão reveladas.

Em uma das cenas do vídeo recebido pela redação do BNews, uma estudante chega a pedir para ele parar de assediá-la e pergunta: “o senhor quer ter uma relação com a gente? ” Ele responde: “Quero”. A vítima, que teve o nome preservado, continuou: “eu vou te dizer uma coisa. Para de ficar pegando na gente, pegando na mão dela (apontando para a colega), pegando na minha mão, me abraçando… eu não gosto e ela não gosta”, explana. Elas ainda descrevem outras atitudes do professor com outras alunas, incluindo passar a mão nas pernas das garotas.Em outro momento das imagens, a garota que filma diz: tipo você ficar passando a mão na perna dela, isso é assédio de menor. Não é uma coisa normal você pegar a mão dela e colocar embaixo da sua mochila (nesta cena, uma das vítimas demonstra como o docente fazia ao colocar a mochila no colo).

Por fim, as alunas fazem o professor assumir o assédio e uma grita: não tem justificativa! Isso é assédio! Você vai admitir? E o professor responde: eu admito. Eu errei.

Em relação à acusação de assédio sofrido por estudantes do colégio, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia informou, através de nota, que demitiu o professor e está apurando os fatos.

O BNews também entrou em contato com Waldemar Almeida de Oliveira, coordenador executivo do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca/Bahia), que comentou abusos a crianças e adolescentes nas escolas.

Segundo Almeida, o Cedeca-BA não recebe muitas queixas de assédio de crianças e adolescentes nas escolas, isso porque, segundo ele, muitos casos são abafados nos próprios estabelecimentos de ensino. Ainda conforme o coordenador do órgão, mesmo com uma baixa quantidade de denúncias, a rede pública os casos parecem acontecer mais que na rede particular, mas o motivo está na imagem da instituição. “A rede privada tem um cuidado redobrado para que os casos não transpareçam, pois isso macula a imagem da instituição e coloca em risco a imagem da própria escola”, estima.

Cedeca chama atenção dos pais e alunos:

Para Waldemar Almeida a proximidade e o diálogo dos pais é essencial. “Dentro dessa perspectiva, aconselhamos aos pais que mantenham um diálogo permanente com os seus filhos e permita a abordagem de situações como essa”, orienta o coordenador que se referindo a este caso.

Para o coordenador executivo do Cedeca-BA é indispensável que os pais participam da vida dos filhos na escola. “Diretores de escolas se queixa que os pais não participam de reuniões. Nos depoimentos de diretores que temos contato, é baixo o quantifico de pais que se fazem presentes na escola” alerta.

Aos adolescentes, Almeida orienta a denúncia como melhor caminho. “Para adolescentes que sofrem assédio, estes devem conversar com algum familiar de confiança, ou até uma professora também de confiança, mas nunca se calar, pois na hora que ela se cala, ela estimula a prática do abusador”, afirma.

Aproveitando o assunto, Almeida destacou a importância de observar crianças menores de oito anos para identificar algum tipo de violência sexual. “No caso de crianças entre quatro e oito anos, os pais devem estar atentos para mudança comportamental. Se é uma criança extrovertida, ele deve observar se mudou esse comportamento. Observar se passa a ser uma criança irritadiça, chorosa ou tem queda no rendimento escolar. Nos casos também de crianças de dois e três anos, que deixaram de fazer xixi na roupa é algo a ser apurado. Todos estes, podem ser sinais de violência sexual”, explica Almeida.

Para os pais o coordenador Almeida orienta: “Em caso de abuso, os pais das vítimas devem procurar a Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Contra Criança e Adolescente (DERCA), independentemente de qualquer atitude punitiva adotada pela escola. Os pais devem ingressar com uma queixa crime contra o autor. Não se contentar apenas uma punição disciplinar por parte do estabelecimento escolar, mas deve prosseguir com uma queixa que resultará em um processo”, orienta.

Para denunciar abusos contra criança e adolescente as pessoas podem entrar em contato com Cedeca-Ba através dos números (71) 3321-1543 / 5196 / 0800254551.

O Ministério Público da Bahia foi procurado pela reportagem e aguarda retorno de nota oficial sobre dados e orientação aos pais.

Facebooktwitterredditpinterestlinkedinmail