Representando a Presidência da Alba, deputado Zé Raimundo participa da abertura comemorativa do bicentenário da Independência da Bahia no Brasil
Abrindo a programação para homenagear o bicentenário da Independência da Bahia, a se completar no próximo 2 de julho, a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) promoveu nesta terça-feira, 04, uma palestra no auditório Jornalista Jorge Calmon, intitulada “As festas de caboclo e cabocla: a Bahia na consolidação da Independência do Brasil”, proferida pelo professor Milton Araújo Moura. O primeiro vice-presidente, Zé Raimundo (PT), compôs a mesa de abertura, representando a Presidência da ALBA.
Zé Raimundo parabenizou o grupo da Alba designado para a realizar a programação comemorativa. O grupo é integrado por servidores de vários órgãos da Assembleia e conta com o apoio da Escola do Legislativo na realização do ciclo de palestras visando ressaltar a importância histórica da luta ocorrida na Bahia, mas especialmente realçar o caráter efetivamente popular da rebelião que acabou expulsando as forças portuguesas da Bahia.
Em sua saudação de abertura da programação, Zé Raimundo também anunciou que apoiará a realização de eventos no interior da Bahia visando celebrar os dois séculos da independência, numa ação conjunta com o deputado federal Waldenor Pereira. O deputado, que também é historiador e defensor da necessidade de se enaltecer e debater essa marca histórica que é o bicentenário da independência, falou da importância de abordar o assunto neste momento como forma de valorizar a história, a cultura e a identidade baianas. Isto, pontuou, especialmente neste momento de recentes ataques contra os baianos, referindo-se ao famoso caso do vereador de Caxias do Sul (RS), Sandro Fantinel, que fez discurso preconceituoso ao falar de trabalhadores resgatados em condições escravas, afirmando que os baianos “vivem na praia tocando tambor”.
“A história se revela nestes debates e precisa ser resgatada, especialmente nestes momentos em que é preciso combatermos o racismo e o preconceito. Aqui a gente sabe trabalhar, estudar, produzir qualidade e também tocar tambor e dançar, porque isso também faz parte da nossa cultura”, defendeu o deputado, citando em seguida várias personalidades do estado que se tornaram referência nas diversas áreas do conhecimento e da cultura no cenário nacional, dentre eles Juliano Moreira, médico psiquiatra brasileiro, frequentemente considerado como o fundador da disciplina psiquiátrica e da psicanálise no Brasil e o educador Anísio Teixeira.
O professor convidado, Milton Araújo Moura, é membro permanente de dois programas de pós-graduação na Universidade Federal da Bahia e vem se envolvendo profundamente em estudos sobre as festas do Caboclo e da Cabocla no contexto da luta de Independência, interessando-se também pela reflexão sobre diferença cultural, coordenando o grupo de pesquisa “O Som do Lugar e o Mundo”. Ele destacou que nos últimos anos tem sido vigorosamente utilizada a expressão “Independência do Brasil na Bahia”, como justa referência à interpretação do saudoso professor Luís Henrique Dias Tavares. Um contraponto à análise simplista de que a independência foi rápida, incruenta e um ato meramente político, quando nas províncias do Norte, a situação permanecia dramática, sendo a independência construída, de fato, a partir da organização dos setores populares. No caso da Bahia, observou o professor doutor, “é preciso pensar como a população mais pobre, de maioria afro-indígena, se viu representada e se representou nas figuras do Caboclo e da Cabocla, como ícones de um ideal de liberdade que poderia integrar o conjunto do povo baiano – ao mesmo tempo que se via integrado na configuração da brasilidade”.
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