Quaest/Genial mostra que Lula passou no teste nos primeiros 45 dias de governo
O copo meio cheio desses primeiros 45 dias de gestão mostra, porém, que ele passou no teste até aqui.
A avaliação do petista é mais positiva do que negativa. Quatro em cada dez brasileiros (40%) aprovam o início do governo, o dobro dos que o avaliam negativamente (20%).
O governo de Jair Bolsonaro (PL), em um levantamento da Genial/Quaest realizado pouco antes do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, ostentava índice semelhante de aprovação (37%), mas a rejeição era maior (35%).
Lula tinha índice parecido de ótimo/bom no início de seu primeiro mandato, em 2003, segundo o Datafolha.
O copo meio vazio aponta que Bolsonaro, a essa altura, tinha avaliação melhor nas pesquisas em 2019 – ao menos segundo um levantamento do antigo Ibope. O ex-presidente havia largado com 49% de aprovação e apenas 11% de ruim e péssimo.
O capital político foi sendo aos poucos dilapidado pelo próprio capitão.
Lula não tem tanta margem para errar – e ele mesmo admite isso.
Falta ao petista, até agora, uma marca que o associe a uma agenda positiva. Prova disso é que a maioria dos participantes (63%) não soube citar nenhuma medida impactante do governo.
A briga comprada com garimpeiros de Roraima em defesa das populações indígenas locais, largadas ao abandono pelo governo anterior, foi lembrada por apenas 9% dos entrevistados. A defesa de programas sociais, pauta comum nos discursos do presidente, foram citados por 4%.
O comportamento de Lula como presidente é aprovado por 65% dos eleitores – 29% o desaprovam.
O mesmo instituto divulgou, no fim do ano passado, uma pesquisa mostrando que 45% dos brasileiros desaprovavam a forma como Bolsonaro se comportava após a derrota.
Parte da aprovação ao petista pode ser explicada pela expectativa em relação à economia. Seis em cada dez eleitores (62%) acreditam que a situação econômica vai melhorar neste ano. Só 20% demonstram pessimismo.
O presidente também foi, de certa forma, beneficiado diante da repercussão dos atos de vandalismo promovidos por bolsonaristas em 8 de janeiro, que ofuscaram as derrapadas do início do mandato.
A invasão foi reprovada por 94% e mais da metade dos brasileiros (51%) diz enxergar as digitais de Bolsonaro nos atos.
Outra explicação para o índice de popularidade do petista neste início de mandato é o alinhamento da maioria dos eleitores em relação a pautas defendidas pelo atual governo.
Esse alinhamento foi apurado pela própria Qaest.
Por exemplo: 9 em cada 10 brasileiro (92%) consideram que o governo deve aumentar a fiscalização contra o desmatamento na Amazônia. É o que o governo está tentando em diversas ações para reprimir atividades ilegais e o desmatamento na região.
Lula tem também sinalizado que pretende dificultar o acesso a armas por civis, uma bandeira cara ao bolsonarismo e que é rejeitada por 75% dos brasileiros.
A maioria dos eleitores mostra posição diversa às da esquerda quando se manifesta sobre a redução da maioridade penal (apoiada por 92%) e aborto (rejeitada por 72%), duas pautas que o governo Lula tem passado longe.
Não há capital político sobrando hoje para comprar essas brigas.
Ainda assim, metade dos entrevistados (53%) acredita que Lula fará um mandato melhor do que os dois anteriores.
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