PT publica resolução contra autonomia do BC no dia da reunião do CMN
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O diretório nacional do Partido dos Trabalhadores divulgou resolução na qual reafirma se opor à autonomia do Banco Central (BC). O texto diz ainda que a queda nas taxas de juros praticadas pelo BC e a revisão das metas de inflação são essenciais.
O documento foi divulgado na manhã desta quinta-feira (16), horas antes da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para começar às 15h. Ela ocorre em meio a uma série de ataques do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à atual política monetária.
O CMN é o colegiado responsável pela definição da meta de inflação a ser perseguida pelo BC na condução de sua política de juros. Ele é integrado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, além do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Em sua versão original, a que a reportagem teve acesso, o documento fazia menção elogiosa ao papel do ministro Fernando Haddad à frente da Fazenda.
Na redação final, o parágrafo foi suprimido, sem que o nome de Haddad voltasse ao texto. No lugar, entraram críticas mais severas à política monetária conduzida pelo Banco Central.
Na versão atual, redigida após inclusão de emendas apresentadas durante reunião do diretório nacional da legenda nesta semana, destaca-se que as bancadas do partido devem propor ao Congresso Nacional a convocação de Campos Neto para discutir a política monetária.
“O programa de governo apresentado pelo presidente Lula, aprovado nas urnas e constantemente reiterado pelo próprio presidente, prevê uma política econômica que permita o crescimento econômico, por isso é essencial a queda nas taxas de juros praticadas pelo Banco Central bem como a revisão das metas de inflação”, diz o documento.
“Economistas renomados questionam duramente essa política de juros altos e, mais ainda: criticam a maneira leviana e inverídica de justificar essa política de juros altos ao brandir com o temor da inflação, que sabidamente não é uma inflação de demanda, mas sim tem a ver com as consequências da pandemia e a guerra na Ucrânia”, continua o texto.
“Nossas bancadas devem propor ao Congresso Nacional a convocação do presidente do Banco Central para que venha debater essa política, tal como prevê a própria lei que aprovou a autonomia do Banco Central de 2019; autonomia contra a qual o PT sempre se posicionou contrariamente, por meio de suas instâncias e do voto das bancadas no Congresso.”
Hoje crítico da autonomia do Banco Central, o presidente Lula apresentou pessoalmente à Assembleia Nacional Constituinte um projeto que propunha a criação de um órgão autônomo para regular a moeda e o crédito –justamente a atribuição do BC.
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