O renomado Educador Brasileiro Paulo Freire se fosse vivo estaria completando 100 anos de vida hoje (19)
Pela professora Joandina Maria de Carvalho
Em 1987, depois de muita luta, terminei o meu curso de magistério no Colégio Cenecista de Mortugaba. Finalmente, estava me sentido uma professora. Em 1988 fui convidada pela irmã Analisa para participar de um Seminário sobre Alfabetização de Adultos. Para Caetité fomos eu, Bel e Beth. O Seminário foi coordenado por Normando Batista – educador com vasta experiência em educação popular e Adonias, um agente de pastoral da diocese, também comprometido com as lutas populares. Aquele momento representou um divisor de águas na minha vida, tendo em vista o encantamento que passei a sentir pelo educador Paulo Reglus Neves Freire.
Atualmente, impossível não se indignar com a maneira como o atual governo da República brasileira trata Paulo Freire. O presidente Bolsonaro chegou a chamá-lo de energúmeno e o seu primeiro ministro da educação tratou o nosso querido educador com uma ignorância que nos envergonha. Por que chegamos a esse nível em um país onde muitas pessoas se sentem numa democracia?
Paulo Freire é um dos cientistas sociais brasileiros mais reconhecidos no mundo não apenas por sua trajetória de resistência à ditadura militar no Brasil, mas por suas idéias e práticas, por sua originalidade e por sua sensibilidade como pessoa humana amorosa e coerente. Exilado pela ditadura militar, ele continuou seu trabalho em países latino-americanos como Chile, onde sistematizou a Pedagogia do Oprimido – um dos seus principais livros. Esteve também na África, onde realizou um trabalho importante. Atuou como professor em universidades como Harvard nos Estados Unidos e Cambridge na Inglaterra. Recebeu 40 títulos de doutor Honoris Causa em Universidades como Oxford, na Inglaterra, Coimbra em Portugal e em Havana/Cuba (esse último após a sua morte).
Retomando a nossa experiência local e regional, fruto do seminário de Caetité, (não me lembro exatamente o ano) conseguimos articular duas turmas de alfabetização de adultos: uma no Alegre/Condeúba tendo como monitora Jesuína – Du, que posteriormente veio a ser vice prefeita do município e outra em Mortugaba, coordenada por Bel da comunidade de São Domingos.
Paulo Freire nasceu em Pernambuco em 19 de setembro de 1921 e faleceu em São Paulo , em 02 de maio de 1997. Lembro-me que depois de retornar de Condeúba, onde estava com Gildásio, (colega do curso de graduação em História – UESB), pesquisando sobre a passagem da Coluna Prestes pelo município, tendo em vista o nosso projeto de conclusão do curso, minha mãe me deu a triste notícia, “faleceu aquele professor que você gosta muito.” Quando liguei a televisão ainda pude ver a então prefeita Luiza Erundina em prantos pela perda daquele que foi seu Secretário Municipal de Educação em São Paulo e pelo qual certamente tem grande afeto.
Segundo Paulo Freire, “não é possível existir humanamente sem sonhos, sem utopias. Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação reflexão”.
Paulo Freire é e continuará sendo o patrono da educação brasileira.
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