O dia em que o Governo brasileiro ‘hackeou’ a poupança e roubou R$ 100 bilhões da população Acha que investir na poupança é seguro? Então relembre quando o Governo Federa do Brasil confiscou a poupança de todos os brasileiros e roubou R$ 100 bilhões da população
CASSIO GUSSON
Acha que investir na poupança é seguro? Então relembre quando o Governo Federa do Brasil confiscou a poupança de todos os brasileiros e roubou R$ 100 bilhões da população
Embora o brasileiro tenha receio de investir no mercado de ações ou criptomoedas e acredite que a poupança é o investimento mais “seguro” do país é preciso relembrar que este tipo de investimento foi vítima do maior ataque “hacker” da história nacional.
No dia 16 de março de 1990, os brasileiros sofreram com o que veio a ser conhecido como maior “roubo” já feito pelo governo. O pais presenciou o Governo Federal do Brasil confiscar o dinheiro de todos os cidadãos que estavam guardados nos bancos do país (acima de 50.000 cruzeiros novos — o que hoje em dia equivaleria a algo entre R$ 5 mil e R$ 8 mil).
Pela primeira vez na história investimento na poupança passa de R$ 1 trilhão no Brasil. Isso mesmo, todas as pessoas que tinham esta quantia armazenada em bancos, fosse em conta corrente, conta poupança ou em aplicações financeiras foram “roubadas” pelo Governo.
Porém, ao invés do confisco da poupança ser chamado de ”roubo”, ele foi chamada de novo plano econômico, o Plano Collor I.
Plano Collor
Desde 1980, ainda na ditadura militar, o Brasil vivia um período de hiperinflação que chegou a bater a casa dos 80%.
Para conter essa crise econômica diversos planos econômicos foram lançados pelo Governo Federal, (Cruzado, em 1986; Bresser, em 1987, e Verão, em 1989), contudo, nenhum foi capaz de socorrer a economia nacional.
Então em 1989, ocorreu a primeira eleição presidencial por voto direto no Brasil depois do período de redemocratização.
Naquela eleição, foi eleito presidente, em segundo turno, o carioca Fernando Collor de Mello.
Collor tomou posse da presidência no dia 15 de março de 1990 e, no dia seguinte, anunciou seu plano de recuperação da economia, o Plano Collor.
O Plano consistia em uma série de medidas para frear a inflação por meio da restrição do fluxo de dinheiro no país.
Desta forma, o presidente anunciou por meio de sua Ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello (prima do presidente) as 27 medidas econômicas do Plano Collor, entre elas, o congelamento, por 18 meses, do dinheiro aplicado nos bancos.
Isso mesmo, todo o dinheiro acima de 50 mil cruzeiros novos que uma pessoa tinha no banco ficaria retido pelo Governo por 18 meses e nenhum depósito poderia ser feito.
Além disso, foi criada uma nova moeda, o Cruzeiro e instituído um imposto em todas as transações financeira, que foi a primeira versão do IOF.
Brasil sem dinheiro
Segundo historiadores e economistas, o Plano Collor “roubou” da população, por meio do confisco, mais de R$ 100 bilhões e retirou de circulação mais de 80% do dinheiro do país.
Como se fosse uma pirâmide financeira que parou de pagar seus clientes, o Plano Collor prometia devolver o dinheiro dos investidores depois de 18 meses, com uma rentabilidade prefixada (6%) e um ajuste conforme a inflação.
Além disso, quando o dinheiro fosse “liberado” ele já seria liberado na moeda nova o Cruzeiro.
O anúncio do Plano Collor foi um “ataque” bem orquestrado já que ele foi anunciado em uma sexta-feira (16 de março) que também foi o último dia de um “feriado bancário” decretado pelo ministro da Fazenda do governo de José Sarney, Maílson da Nóbregadia e que ocorreu nos dias 14, 15 e 16 de março de 1990.
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Assim, desde o dia 13 de março, os brasileiros estavam com os saques “bloqueados” nos bancos e, como a medida foi anunciada na sexta, que ainda era feriado bancário, os brasileiros só conseguiram ir ao banco no dia 19 de março, segunda feira.
Como algumas pessoas ainda podiam sacar o que tinham no banco isso levou a população a uma corrida às instituições financeiras.
Segundo estimativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na segunda, 19, cerca de 10 milhões de pessoas foram aos bancos para sacar dinheiro ou tirar dúvidas sobre o novo sistema
Levando em conta que, na época o país tinha cerca de 149 milhões de habitantes, estima-se que quase 10% da população correu para os bancos em busca de “salvar” o dinheiro que ainda restava.
Porém os bancos não tinham dinheiro para todo mundo, ou seja, os bancos do país não tinham dinheiro, liquidez, para pagar o que uma pequena parte da população tinha armazenado nos bancos (e depois falam que o Bitcoin não tem lastro…).
Comércio
Com o dinheiro que o povo conseguiu retirar do banco e temendo as novas medidas econômicas (e a hiperinflação que chegava ao seu maior patamar no país) os brasileiros, depois da corrida aos bancos, correram para comprar comida.
Porém como não havia dinheiro no país os comerciantes passaram a aceitar cheques e até mesmo a vender fiado (o famoso “anota ai na caderneta”).
Mas o prejuízo econômico foi incalculável e milhares de negócios em todo o Brasil fecharam as portas e pessoas cometerem suícidio em diversas partes do Brasil ao se verem sem suas economias e, em muitos casos, sem comida.
“Como eu me sinto? Como um réu que foi julgado e condenado por si mesmo. Votei no homem e ele me condenou a passar fome”, escreveu um leitor da Folha de S. Paulo, na edição do dia 15 de abril de 1990.
E onde foi parar o dinheiro confiscado?
Da mesma forma como ocorre em golpes de pirâmide, fraudes ou ataques hacker a população que teve seu dinheiro confiscado nunca mais conseguiu reaver totalmente seus investimentos.
O dinheiro que foi confiscado nos bancos literalmente sumiu.
Quando o Governo passou a permitir a retirada dos valores, então convertidos de Cruzeiro Novo para Cruzado aquele dinheiro já não tinha o mesmo valor e simplesmente “evaporou” com os desmandos na economia.
Até hoje brasileiros lutam na justiça para reaver seus investimentos confiscado pelo Governo e que acabou evaporando nos bancos.
Bitcoin é considerado o melhor investimento dos últimos dois anos, após atingir 117,65% de rentabilidade. O Supremo Tribunal Federal (STF) validou o acordo firmado em 2018 entre Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), a Advocacia-Geral da União (AGU), o Banco Central (Bacen), o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Frente Brasileira Pelos Poupadores (Febrapo) para devolução dos valores do confisco da poupança.
No entanto, segundo a AGU, os bancos ainda não pagaram a indenização a 79% de consumidores prejudicados com planos econômicos.
A entidade ainda afirma que 95 mil poupadores já aderiram ao acordo, e, com uma nova resolução do STF aprovada em 28 de maio deste ano o prazo para aderir ao acordo acaba em 2022.
Quem aderir ao acordo concordará com os critérios fixados para o cálculo do ressarcimento , que variam conforme o plano econômico.
Para valores até R$ 5 mil, o pagamento será integral e à vista. As indenizações acima desse patamar terão descontos de 8% a 19% e poderão ser parceladas entre três e cinco vezes, dependendo do montante.
Em outras palavras, ninguém vai conseguir receber, mesmo entrando na Justiça, o valor total que o governo roubou, que ao invés de roubo, foi chamado de confisco.
Poupança hoje
No entanto, embora o brasileiro já tenha sofrido no passado com um confisco na poupança ainda hoje o investimento é o preferido pela população.
Em setembro deste ano pela primeira vez na história a poupança no Brasil registrou mais de R$ 1 trilhão em aplicações.
Segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil, somente no mês de setembro os brasileiro adicionaram mais de R$ 13 bilhões em contas poupança, levando o investimento ao recorde histórico de R$ $ 1,002 trilhão.
O montante que os brasileiros guardam na poupança seria suficiente para comprar quase todo o suprimento de Bitcoin do mercado, avaliado atualmente em US$ 210 bilhões.
Entre outros objetivos, justamente para evitar sistuações como esta em que o Governo destroi o valor do dinheiro e com isso prejudica toda a população que em 2008 com o nome de Satoshi Nakamoto foi lançado o Bitcoin.
A primeira criptomoeda do mercado surgia então para trazer descentralização e privacidade para o mundo financeiro.
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