Mensagens apreendidas pela PF mostram atuação do Ministro da Sec. de Governo Geddel para OAS
Mensagens apreendidas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato revelam que o ex-vice-presidente da Caixa, ex-ministro e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) que é o atual Ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer.
Tria usado sua influência política para atuar em favor de interesses da construtora OAS dentro do banco público e também na Secretaria de Aviação Civil e junto à prefeitura de Salvador.
Ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula, Geddel atuou como vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa entre 2011 e 2013. Atualmente, ele é presidente do PMDB na Bahia e Ministro da Secretaria de Governo de Temer.
Relatório da PF ao qual a TV Globo e o G1 tiveram acesso mostra uma série de mensagens trocadas entre Geddel e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro entre 2012 e 2014. O material foi apreendido pela Polícia Federal no celular do empreiteiro. À época, Pinheiro ainda estava à frente da construtora.
O ex-dirigente da OAS já foi condenado pela Justiça Federal, em primeira instância, a 16 anos e quatro meses de prisão acusado de cometer os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele chegou a ser preso pela Lava Jato em novembro de 2014, mas, atualmente, está recorrendo da condenação em liberdade.
As mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro também mostram que Geddel usou sua proximidade com o ex-presidente da OAS para solicitar doações eleitorais para ele próprio – na eleição de 2014, quando foi derrotado na disputa por uma cadeira no Senado – e para candidatos do PMDB baiano.
Transolímpica
Em um dos trechos do relatório da PF, Léo Pinheiro envia, em 19 de abril de 2013, uma mensagem a um interlocutor identificado como “Gustavo” reproduzindo um texto que recebeu de Geddel.
Na mensagem – na qual o ex-deputado chama o empreiteiro de “amigo” –, Geddel trata da Transolímpica, via expressa para carros com corredor de ônibus BRT que liga o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O empreendimento é uma das obras de infraestrutura realizadas para as Olimpíadas de 2016.
A Transolímpica foi construída pelo consórcio Rio Olímpico, formado pela CCR (33,33%), pela Odebrecht TransPort Participações (33,33%) e pela Invepar, empresa do grupo OAS (33,34%).
“Amigo,aquele assunto da Trabsolimpica,questão da trava domicilio/notificação da nossa parte ta solucionado Mandei o pessoal enviar uma minuta e se concessionária der ok, ja
Liberamos os 30 abs”, escreveu Geddel ao então presidente da OAS.
Segundo a Autoridade Pública Olímpica, o valor total da obra da ligação Transolímpica (via expressa e desapropriações) é de R$ 2,174 bilhões.
Transolímpica
Em um dos trechos do relatório da PF, Léo Pinheiro envia, em 19 de abril de 2013, uma mensagem a um interlocutor identificado como “Gustavo” reproduzindo um texto que recebeu de Geddel.
Na mensagem – na qual o ex-deputado chama o empreiteiro de “amigo” –, Geddel trata da Transolímpica, via expressa para carros com corredor de ônibus BRT que liga o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O empreendimento é uma das obras de infraestrutura realizadas para as Olimpíadas de 2016.
A Transolímpica foi construída pelo consórcio Rio Olímpico, formado pela CCR (33,33%), pela Odebrecht TransPort Participações (33,33%) e pela Invepar, empresa do grupo OAS (33,34%).
“Amigo, aquele assunto da Trabsolimpica, questão da trava domicilio/notificação da nossa parte ta solucionado Mandei o pessoal enviar uma minuta e se a concessionária der ok, já.
Liberamos os 30 abs”, escreveu Geddel ao então presidente da OAS.
Segundo a Autoridade Pública Olímpica, o valor total da obra da ligação Transolímpica (via expressa e desapropriações) é de R$ 2,174 bilhões.
Doações
Em outubro de 2012, em meio à campanha para as eleições municipais, Geddel envia uma mensagem a Léo Pinheiro avisando que o ex-diretor financeiro da OAS Mateus Coutinho apenas aguardava autorização de Pinheiro para fechar uma doação eleitoral ao PMDB baiano.
“Amigo, fale com Mateus quero fechar essas coisas aqui, ele está precisando so de sua autorização”, escreve o peemedebista.
Em outra mensagem, no dia 15 de outubro de 2012, Geddel agradece por algo e cobra Pinheiro, alertando-o que a eleição municipal seria realizada no dia 28 daquele mês. “Gratíssimo, mas lembre-se que a eleição ja é dia 28 abs”, escreve.
Um dia depois, o ex-presidente da OAS escreve ao peemedebista questionando-o sobre quem Mateus Coutinho, então diretor financeiro da empreiteira, deveria procurar para tratar da doação.
No dia 17, Léo Pinheiro envia uma mensagem para o celular do fundador da OAS, César Mata Pires Filho: “O Gordinho me ligou pedindo apoio para Conquista. Vc pede para Mateus ligar para o Lucio(irmão) e combinar, sem vínculo, pois o Compositor está muito empenhado lá. Acho que 150 está bom.”
Segundo as investigações, uma das formas que Pinheiro utilizava para se referir a Geddel Vieira Lima era pelo apelido de “Gordinho”. O nome “Lúcio” que aparece na mensagem é uam referência ao atual deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel.
A Polícia Federal aponta que o nome “Compositor” era utilizado por empreiteiros para se referir ao atual ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, que, à época, era governador da Bahia.
Minutos após enviar a mensagem a César Mata Pires Filho, Léo Pinheiro envia uma mensagem para Geddel avisando que Mateus Coutinho irá procurar Lúcio Vieira Lima para tratar da doação.
‘Desconforto’
Em outra troca de mensagens entre Pinheiro e Geddel, já em meio à eleição de 2014, quando o peemedebista concorria a uma cadeira no Senado, o executivo cita uma mensagem enviada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a ele em que o peemedebista reclama do fato de ele ter depositado “5 paus” diretamente para o Michel, referindo-se supostamente ao vice-presidente da República, Michel Temer.
Na conversa, Cunha menciona o nome do ex-ministro da Aviação Civil Moreira Franco – um dos aliados mais próximos do vice-presidente – e do ex-deputados do PMDB Henrique Eduardo Alves (atual ministro do Turismo), além de Geddel Vieira Lima.
“E vc ter feito 5 paus para MICHEL direto de uma vez antes. Todos souberam e dá barulho sem resolver os amigos”, escreveu Cunha.
Por fim, o deputado do PMDB disse que outros colegas de partido estavam “chateados” com o depósito que havia sido feito para Temer.
Ao citar a troca de mensagens com Cunha, Léo Pinheiro afirma a Geddel que “gostaria de lhe explicar claramente o ocorrido e sobretudo o porquê” da doação feita a Temer.
“Vc merece e assim farei uma explicação e satisfação, pois lhe temos como um gde Amigo. Estou preocupado por ter lhe causado
Esse desconforto e insatisfação em relação a nós. Espero lhe justificar o ocorrido. Gde abraço e vamos à vitória. Léo Pinheiro”, diz o executivo.
Logo depois, Vieira Lima responde a Pinheiro e o trata como “amigo”. No texto, o ex-deputado afirma que não tratou “de nenhum tema” com Cunha que poderia ter levado o presidente da Câmara a dizer que ele havia ficado chateado com a doação a Temer.
“Estou verdadeiramente surpreso. Você não me deve explicação nenhuma sobre nenhum assunto. abraço”, diz Geddel.
“Esquece isso Vc é meu amigo, e as dificuldades existem para serem superadas, estou superando as minhas, e tenho a sensação que vc terá um Senador da República amigo seu abraço Geddel”, complementa.
Aeroportos
As conversas entre Geddel e Léo Pinheiro também sugerem que o então vice-presidente da Caixa atuou junto ao ex-ministro da Aviação Civil Moreira Franco em favor da OAS.
De acordo com as mensagens, a empreiteira buscava uma ajuda do peemedebista para participar da concessão de aeroportos, como Confins, em Belo Horizonte, e Galeão, no Rio de Janeiro.
“Martelo batido: pode participar. Conversaremos na Terça Lhe prometi notícias hj, ai esta mensagem que acabo de receber de MF abs”, diz Geddel.
“MF”, segundo os policiais, seria a sigla utilizada por Pinheiro para se referir a Moreira Franco. “Me disse ele que solução nos contempla Parabéns abs Geddel”, completa o ex-deputado.
Quatro dias depois, Léo Pinheiro responde: “Não. 15 de 100 é muito pouco. Não resolve. Ficaria assim: Infraero- 49% Operador-25% Nós-15% Outros-11%”.
“Ok Estarei com nosso amigo logo mais O número i 25?”, responde Geddel.
“Acho que sim. 25 a 30”, diz Pinheiro logo depois.
O que disseram os citados
À GloboNews, Geddel Vieira Lima afirmou que não foram cometidas “irregularidades”. Em relação às negociações com a Caixa, ele disse que sua função era “atrair empresários para o banco”.
Segundo o ex-deputado do PMDB, como Léo Pinheiro era um dos maiores empresários do país, o empreiteiro o procurava e ele o atendia “por telefone, mensagens e pessoalmente”. Geddel destacou que atuava da mesma forma com outros empresários.
Sobre as doações eleitorais, o peemedebista ressaltou que, na época em que trocou as mensagens com Léo Pinheiro, era permitido financiamento privado de campanhas eleitorais.
Geddel explicou que, em sua candidatura ao Senado, a OAS doou R$ 700 mil ao PMDB. No entanto, o dirigente baiano afirma que isso não significa irregularidades.
A Caixa Econômica Federal informou à GloboNews que não financiou a obra transolímpica no Rio de Janeiro.
A assessoria de Michel Temer informou que todas as doações que ele recebeu foram declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o vice, não há irregularidade nas doações.
MT Agora – G1
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