Feminicídio passa a ser contabilizado em separado pela Secretaria da Segurança do Ceará
Os dados devem ser usados para desenvolver políticas públicas de combate à violência contra mulheres, diz coordenadora de políticas públicas para as mulheres.
O Ceará teve quatro feminicídios em janeiro e fevereiro deste ano, segundo as estatísticas da Secretaria de Segurança do Estado, que mudou a metodologia de contagem dos crimes e passou a contabilizar os feminicídios em separado desde janeiro de 2018. Os crimes foram registrados na capital, em Icó, Ubajara e Canindé.
Em Icó, Cleane Rodrigues dos Santos, 34 anos, foi morta estrangulada pelo companheiro, em fevereiro. O homem já havia sido denunciado e preso duas vezes por agressão à vítima, e estava em liberdade provisória. Em uma das denúncias, ele feriu Cleane com uma faca que atravessou o maxilar da mulher. Um homicídio é considerado feminicídio quando a vítima é morta em razão da condição de ser do sexo feminino, em situações de violência doméstica ou não.
Monitor da Violência: G1 mapeia mortes violentas mês a mês
O número de vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) contabilizados pela secretaria somaram 844 nos dois primeiros meses de 2018. Além dos feminicídios, foram registrados 824 homicídios dolosos, sete lesões corporais seguidas de morte e nove latrocínios (roubos seguidos de morte). Os dados foram obtidos pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Mortes violentas por natureza de crime
Crimes Janeiro Fevereiro
Feminicídio 2 2
Homicídio doloso 467 357
Lesão corporal seguida de morte 6 1
Latrocínio 7 2
Total 482 362
Fonte: SIP/CIOPS/PEFOCE/AAESC/SSPDS
Titular da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres do Estado do Ceará, Camila Silveira afirma que os dados específicos vão ser usados para atualizar os mecanismos de combate à violência contra a mulher no estado. “A ideia é ter os dados para elaborar políticas eficientes para romper o ciclo de violência e exterminar o feminicídio”, comenta.
De acordo com ela, a Coordenadoria Especial para Mulheres tem parceria com o Observatório da Violência contra a Mulher (Observem), da Universidade Estadual do Ceará (Uece) para desenvolver projetos de enfrentamento a essa realidade.
Entre os projetos está a tipificação das ocorrências de violência registradas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) por meio do 190. Camila explica que o intuito é, ao denunciarem uma briga de vizinhos, por exemplo, a Ciops poder tipificar a situação como violência doméstica ou não. “Assim, a própria unidade da polícia já chega lá tomando ciência do acontecimento”, diz.
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