Conta de luz voltará a ter custo extra em novembro
Bandeira voltou a ficar amarela, com menos chuvas. Clientes pagarão R$ 1,50 por 100 kWh consumidos
BRASÍLIA. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) voltou a indicar condições mais restritas de geração de energia elétrica, adotando a bandeira amarela para as contas de luz em novembro. Desde abril a situação era de bandeira verde, sem custo adicional às tarifas. Com a volta ao sinal amarelo, retorna a cobrança de R$ 1,50 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos.
Segundo a Aneel, a cobrança voltou a ocorrer porque “a condição hidrológica está menos favorável o que determinou o acionamento de usina térmica com Custo Variável Unitário (CVU) acima de R$ 211,28. A bandeira amarela é acionada automaticamente quando esse custo supera o valor de R$ 211,28.
Se esse custo subir acima de R$ 422,56, a cobrança sobe porque passa a ser atingido o primeiro patamar da bandeira vermelha, com cobrança de R$ 3,00 a cada 100 kWh consumidos.
De acordo com a Aneel, as bandeiras tarifárias sinalizam aos consumidores os custos reais da geração de energia elétrica. “Com as bandeiras, a conta de luz fica mais transparente e o consumidor tem a melhor informação para usar a energia elétrica de forma mais consciente”, informou a agência por meio de nota.
SEM PERSPECTIVA DE CHUVAS
Especialistas explicam que o custo máximo de geração de energia no país subiu principalmente por conta da situação dos reservatórios do Nordeste, que, pelas previsões oficiais, podem chegar ao fim de novembro com apenas 8,3% de sua capacidade total.
Outras mudanças relevantes para o aumento do custo foram o envio de mais energia para o Paraguai e a previsão de chuvas para o próximo mês, ainda mais baixa do que o previsto anteriormente.
Quanto à duração da cobrança diferenciada na conta de energia elétrica, três especialistas ouvidos pelo GLOBO têm visões distintas quanto ao período do verão. Para Cristopher Vlavianos, da Comerc, não há perspectiva clara sobre o período que se inicia.
— Está mais para “tudo pode acontecer”, porque estamos na entrada do período úmido, mas ele ainda é uma incógnita. Não é uma situação tão ruim quanto a de 2015, mas não é nada confortável — disse Vlavianos.
Para João Carlos Mello, da Thymos, provavelmente a cobrança diferenciada deverá permanecer ao longo do verão. Eles destaca que os últimos três anos foram os piores em chuvas para o Nordeste desde o início do histórico, da década de 1930.
— Não chove onde estão os reservatórios e a situação do Nordeste é tão ruim que acaba puxando os outros — disse Mello.
Para Alan Zelazo, da Focus Energia, a bandeira amarela talvez vá durar apenas novembro e não mais do que dois meses, porque a previsão de chuvas considerada na definição da bandeira do próximo mês foi muito ruim e tende a ser melhor.
— A expectativa é de que a bandeira amarela seja de curto prazo. A previsão de chuvas no Sudeste já está dentro da normalidade — disse Zelado.
Todos os especialistas destacam, porém, que as previsões estão sujeitas a chuvas e tempestades que poderiam melhorar rapidamente a condição dos reservatórios e aliviar a situação das hidrelétricas.
— Quem sabe pode ter um dilúvio, daqueles de Noé, e melhorar a situação, como aquele que evitou o racionamento em 2000 (que acabou ocorrendo no ano seguinte) — disse Mello.
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