CGU revisa 234 casos de sigilo no governo Bolsonaro e avalia derrubar maioria

Ministro explica que alguns permanecerão por razões técnicas

Bolsonaro impôs uma série de sigilos durante seu mandato (REUTERS/Joe Skipper)
Bolsonaro impôs uma série de sigilos durante seu mandato (REUTERS/Joe Skipper)

A CGU (Controladoria-Geral da União) está revisando 234 casos de sigilo a informações públicas impostos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). É provável que a maioria caia, mas há casos em que o sigilo será mantido por razões técnicas.

Um exemplo é o cartão de vacinação do ex-presidente, que ainda não tem uma decisão tomada. “Ele envolve reflexões importantes, há uma dimensão sobre a privacidade que não pode ser deixada de lado”, disse o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho.

Em contrapartida, entre os casos que podem ser divulgados, estão:

  • Entradas dos filhos de Bolsonaro no Palácio do Planalto;
  • Processo disciplinar que inocentou Eduardo Pazuello (PL), por participar de um ato com o ex-presidente enquanto era general da ativa.

A revisão dos sigilos foi uma determinação feita pelo presidente Lula (PT) no dia da posse, em 1º de janeiro. Na época, ele deu 30 dias para que a CGU analisasse quais os casos em que as informações poderiam ser expostas ao público.

De acordo com Carvalho, deve levar de 60 a 90 dias para que o órgão revise e opine sobre cada um dos casos.

Quando os sigilos podem cair?

A CGU determinou 12 enunciados, dentre eles:

  • Registros de entradas e saídas de prédios públicos devem ser fornecidos – exceto quando envolver agenda sigilosa, como criação de um plano econômico ainda não divulgado;
  • Em caso de residências oficiais, são divulgadas as informações que se referem a agendas oficiais;
  • Procedimentos disciplinares de militares serão públicos a partir da sua conclusão;
  • No caso de telegramas, despachos telegráficos e circulares do Ministério das Relações Exteriores, a “proteção das negociações e das relações diplomáticas do país não podem ser utilizadas como fundamento geral e abstrato para se negar acesso”, aponta Carvalho.

Recomendações

O órgão também traçou três orientações aos órgãos do Poder Executivo com o intuito de aumentar a transparência no governo:

  • Tornar dados secretos automaticamente públicos quando o prazo vencer, sem necessidade de um novo pedido;
  • Revisar o regimento interno da Comissão que avalia dos pedidos da Lei de Acesso à Informação (LAI), de forma a aumentar o controle sobre determinações de sigilo e impedir abusos;
  • Recomendar que, caso o solicitante da informação recorra após receber uma negativa, o órgão em questão forneça o dado para a CGU, agilizando uma decisão final

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