Cristo Redentor completa 90 anos: as curiosidades da construção do “santuário a céu aberto”
Decreto de princesa, “cristo da bola” e coração do monumento. Reportagem da Band mostra monumento por dentro.
Mariana Procópio, com Bora Brasil e Jornal da Band
Uma das 7 maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor, principal cartão postal do Rio de Janeiro, completou 90 anos nesta terça-feira (12) O “noventão” é o tema da série especial do Jornal da Band desta semana.
No topo do Rio de Janeiro, a obra virou símbolo de todo O Brasil. A estátua do Cristo Redentor foi erguida a partir da fé, mas com o tempo, transcendeu a religião. E os braços abertos, que na concepção original representava uma cruz, viraram também um abraço que envolve a todos e que fica ainda mais apertado do alto.
“É o único santuário a céu aberto do mundo, onde a parede é o horizonte e o teto é o próprio céu”, maravilha-se o Padre Omar, reitor do Santuário.
A estátua foi inaugurada há 90 anos: em 12 de outubro de 1931, mas a ideia de construir o monumento no alto do Morro do Corcovado veio bem antes.
Ideia real
No acervo do santuário do Cristo estão guardados os documentos e também imagens que contam história. Entre tantas preciosidades, está a reprodução do primeiro decreto que determina a esta construção da estátua ali no alto do Corcovado assinada pela Princesa Isabel, em 1888. Oficialmente, foi a princesa quem primeiro teve a ideia de construir a estátua no local.
“Ela proclamou a abolição da escravatura, em maio de 1888, e os abolicionistas quiseram homenageá-la com a estátua da redentora, da princesa no alto do Monte Corcovado. A princesa Isabel, que era uma católica fervorosa, gentilmente declinou a ideia e assinou decreto ordenando a construção de uma estátua do Sagrado Coração de Jesus que, para ela era, o verdadeiro redentor dos homens”, explicou o teólogo Alexandre Pinheiro.
Ainda existem questionamentos sobre a autenticidade do decreto. De qualquer forma, a proclamação da república adiou os planos. E a construção só começou décadas depois.
Do Cristo diferente às doações para obra
O projeto original, do engenheiro Heitor da Silva Costa, foi selecionado num concurso e mostrava Jesus segurando uma cruz com a mão esquerda e o globo terrestre com a direita, representando a redenção de Cristo. Mas quando o desenho foi apresentado, houve uma certa confusão.
“O povo carioca não entendeu aquele simbolismo que o artista, que o engenheiro tentava transmitir e chamaram o monumento de “o Cristo da bola” porque achavam que era uma bola de futebol”, relembra Pinheiro.
O alto do Morro do Corcovado foi cedido à igreja, que não tinha dinheiro para obra. A estátua do Cristo foi erguida com a doação de brasileiros.
Foram seis anos de obra. O corpo da estátua foi feito no Brasil, mas a cabeça e as mãos vieram da França.
No coração do Cristo
O monumento tem 38 metros de altura e é revestido de pedra sabão, e extremamente resistente. São mosaicos de 3 centímetros, que foram colocados a mão. Por dentro dá para ver a estrutura original, toda de concreto armado.
Estar dentro do Cristo é uma experiência única. O interior do monumento não é aberto à visitação do público. Mas o Jornal da Band mostra o que poucas pessoas conseguem ver. No total, são 10 andares. No nono, fica o coração e essa é única parte revestida internamente de pedra-sabão.
Há saídas no braço e ombro direitos, e na cabeça, onde acesso é mais difícil e exclusivo. Poucas pessoas tiveram a chance de subir no local.
Mesmo passados 90 anos, a obra é de uma qualidade que impressiona especialistas que cuidaram da restauração do monumento, feita neste ano.
Vídeo: Autoridades celebram 90 anos do Cristo na Catedral Metropolitana do Rio
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