Cantor Genival Lacerda morre aos 89 anos vítima de Covid-19

Artista estava internado desde o dia 30 de novembro em um hospital do Recife, cidade em que morava


Genival Lacerda era um medalhão do forró e lançou mais de 50 discos em toda sua carreira Foto: Jair Bertolucci / Divulgação

Morreu nesta quinta-feira (7), aos 89 anos, o cantor e compositor paraibano Genival Lacerda, autor de grandes hits do forró, como “Severina xique xique”, “Radinho de pilha” e “De quem é esse jegue?”. Com Covid-19, ele estava internado desde o dia 30 de novembro na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no Recife, cidade onde morava.

A informação sobre a morte do cantor foi confirmada pelos filhos do artista, Genival Lacerda Filho e João Lacerda, que fizeram postagens nas redes sociais.

“Hoje perdi um dos maiores amigos de minha vida, amigo da música, de ensinamentos, amigo que na hora de brigar, sempre brigava e minutos depois nem lembrava que brigava, porque não guardava mágua de ninguém. Meu Anjo da guarda, minha Luz, minha vida, hoje ele fez sua última viagem para ficar ao lado do Senhor Deus. Ainda ontem lembro-me de seu sorriso, de apertar sua mão! Agora terei de aprender a viver com sua imagem, e lembranças de um bom pai. Vai na paz meu pai, sempre te amarei, teu João Lacerda Neto”, disse o filho do cantor ao publicar uma foto segurando a mão do pai.

Nascido em 1931, na cidade de Campina Grande, Genival já se autodeclarava, em entrevista ao GLOBO em 1998, um medalhão do forró:

— Essa onda de forró pegou bem, pois já está chegando ao Sul. Sou o mais velho representante deste ritmo, mas não encosto o carro, não.

Genival Lacerda. Cantor e compositor morreu nesta quinta-feira, aos 89 anos, vítima de Covid-19 Foto:

Nascido em 1931, na cidade de Campina Grande, Genival se autodeclarava um medalhão do forró Foto: Luiz Morier / Agência O Globo
Genival Lacerda durante cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural de 2017, em que recebeu do então presidente Michel Temer, acompanhado da primeira-dama, Marcela Temer, a medalha Gran Cruz Foto: Jorge William / Agência O Globo – 19/12/2017

Genival Lacerda durante gravação do filme “Foliar Brasil”, ao lado da atriz Ildi Silva Foto: Divulgação

João Gordo entrevista Genival Lacerda, na MTV, em maio de 2009 Foto: Divulgação
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Genival durante apresentação ao lado de Valesca Popozuda no Programa Silvio Santos Foto: Roberto Nemanis / Divulgação / SBT.

Genival durante gravação do documentário "O rei da munganga", dirigido pela carioca Carolina Paiva e lançado em 2008, que retrata a vida do artista Foto: Marcos Ramos /

Jackson do Pandeiro
Naquele ano, Genival havia lançado o álbum “Tributo a Jackson do Pandeiro”. A homenagem não demonstrava apenas admiração artística, mas tinha ligação familiar: o Rei do Ritmo havia sido seu concunhado.

Foi Jackson do Pandeiro que sugeriu a Genival, aliás, que deixasse Pernambuco na década de 1960 e rumasse ao Rio, onde obteria maior sucesso comercial.

— Conheci muito cedo Jackson. Sua irmã, Severina Gomes, era casada com meu irmão, José Lacerda, e formava com ele a dupla Café com Leite. Quando vim para o Rio, em 1964, foi um grande amigo que me acolheu — contou Genival.

Na Cidade Maravilhosa, o cantor e acordeonista tocou em diversas casas de forró na noite. A previsão de Jackson do Pandeiro se provaria correta em 1975, quando o verso “Ele tá de olho é na butique dela”, de “Severina xique xique”, conquistou o Brasil. A canção, feita em parceria com João Gonçalves, abria o LP “Aqui tem catimberê”, que vendeu mais de 800 mil cópias.

O hit também marcou Genival como o cantor de forró com versos bem humorados e escrachados, rótulo que o acompanhou no restante de sua carreira. Longa, por sinal. Recentemente, já flertando com os 90 anos, ele ainda se apresentava no Recife, onde morava.

A vida e a obra de Genival, através de sua relação com o Nordeste, são contadas no documentário “O rei da munganga”, dirigido pela carioca Carolina Paiva e lançado em 2008. No filme, a documentarista acompanha o músico durante uma turnê por grandes cidades da região, e conta ainda com depoimentos de outros astros da música nordestina, como Elba Ramalho e Dominguinhos.

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