Construção civil tem alta nos preços e falta de materiais
Lojistas e consumidores reclamam que elevação dos preços chegam a quase 100%
Foto: Romildo de Jesus / Tribuna da Bahia
Por: Poliana Antunes
Empresas de construção civil da Bahia registraram aumento nas vendas de produtos durante a pandemia do novo coronavírus. Ao passarem mais tempo em casa neste período de isolamento social, os moradores querem deixar o lar mais confortável. Dessa forma, o setor vem liderando a recuperação econômica do estado, através da manutenção do emprego. Contudo, vem mostrando, também, preocupação com uma onda de aumento nos preços dos principais insumos das edificações, já se registrando a falta de diversos deles no mercado.
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou inflação de 0,88% em agosto deste ano, uma taxa superior ao 0,49% do mês anterior. Em agosto do ano passado, a taxa havia sido de 0,44%. Segundo o órgão, com a alta registrada em agosto, os materiais tiveram alta de preços de 1,60% e passaram a custar R$ 629,52 por metro quadrado.
No estado, muitos foram os esforços para não interromper suas atividades. De acordo com o presidente do Sinduscon-BA, Carlos Marden, justamente num momento de início da retomada das atividades, os fabricantes dos materiais de construção resolveram elevar seus preços totalmente fora da realidade da inflação atual no país.
Para Carlos Marden, a falta de materiais da construção e a alta absurda de seus preços, em plena recessão econômica, vão contra a todos os esforços do setor da construção civil no enfrentamento da crise em decorrência da pandemia. “já está se verificando o desabastecimento provocando atrasos em obras na Bahia, pois os produtos já não estão sendo entregues no prazo. Se nada for feito, a tendência será a paralisação de obras, desaceleração de lançamentos imobiliários e principalmente o desemprego no setor que mais emprega”, revela.
Segundo o presidente da entidade, “este é o reflexo do incremento de reformas residenciais, a partir da utilização do auxílio emergencial disponibilizado pelo governo, que fez aumentar a demanda dos fabricantes, que por sua vez elevaram os preços totalmente fora da realidade da inflação atual no país e de forma generalizada. Os maiores aumentos anunciados estão para o aço, PVC, derivados de cobre – fios e cabos elétricos, e cimento”.
Ele avalia que em alguns casos a elevação chega a quase 100% do que era praticado em mercados no Brasil. “O cimento, por exemplo, teve alta sentida por 95% dos empresários, segundo a pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Dentre outros materiais, 90% perceberam elevação no preço dos cabos elétricos, 87% no aço, 81% no concreto e 80% nos blocos cerâmicos”, ressaltou Carlos Marden.
Marlene Gomes que é gerente de uma loja de material de construção localizada no bairro da Boca do Rio, fala que, a loja constatou algumas mudanças de consumo nos últimos meses. “Antes, atendíamos em grande parte consumidores que buscavam obras maiores, reformas totais de apartamentos, por exemplo, ou novas construções. Agora, há uma busca maior por pequenos reparos, visto que as pessoas estão passando mais tempo em casa”, observa.
Para ela as pessoas estão repensando o morar. “Elas estão mais preocupadas em ter ambientes confortáveis e aconchegantes para morar e viver bem. A casa, mais do que nunca, assumiu de vez o conceito de refúgio e passou a ser prioridade de investimento para muitos, que passaram a ter mais tempo para aproveitá-la e observá-la, planejando, a partir daí, as adaptações que desejam”, especula a gerente.
Com as mudanças na rotina, o Marlene Gomes aponta a necessidade de ter um espaço para trabalhar confortavelmente dentro de casa. “O home office é uma tendência para o futuro. Ambientes de relaxamento e lazer também estão sendo muito valorizados, como varandas gourmet, espaços mais amplos para atividades físicas, salas de cinema, entre outros”, frisou.
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