Artigo: “E daí?”
Diante do número recorde de mortes por coronavírus no Brasil, mais de cinco mil, ultrapassando até a China, o chefe da Nação respondeu: – “E daí?”
Ele deu a senha para que a gente também faça o mesmo quando fica sabendo:
Que milhares de mulheres são mortas por seus companheiros que ainda acreditam que elas são objetos que lhes pertencem. E daí?
Que as principais vítimas de homicídio no país são os jovens pobres e negros, das periferias, descendentes dos antigos escravos de origem africana. E daí?
Que o desemprego retirou os sonhos de milhões de pessoas, jogando-as no desespero e na precarização dos direitos. E daí?
Que os recursos naturais como a água, as florestas e os minerais são explorados da pior maneira possível, destruindo o ambiente e o clima, envenenando o futuro do país e do mundo. E daí?
Que além das mortes de coronavírus, já tão alarmantes, continuamos a morrer de dengue, de sarampo, de malária, de fome, de depressão e suicídio, de indiferença e por desprezo social. E daí?
Que a tortura e os abusos do Estado sobre a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras mata todo dia o sonho democrático e nos reduz indivíduos cínicos, consumidores como lagartas, competidores como galos em rinhas. E daí?
O chefe da Nação sintetizou nossa miséria de civilização.
Ele não ama seu próprio povo. Aliás, nem o próprio povo ama a si mesmo.
Em qual Deus acima de todos nós acreditamos: O Deus da vida ou o “deus” da morte?
O que será de nós? E quem se importa? E daí?
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