Condeúba: Patrimônio histórico, preservar ou demolir?

Prof. Agnério Souza – citação referente a enchente de 1968.

enchenteComemora-se hoje, 47 anos da célebre enchente ocorrida no Rio Gavião, na manhã de Domingo do dia 03 de março. Havia chovido muito nos meses de dezembro de 67, janeiro e fevereiro de 68; porém as chuvas aumentaram bastante entre os dias 28 de fevereiro a 02 de março/68, culminando com a chegada da água, vinda do município de Jacaraci e que inundou toda a parte baixa da cidade de Condeúba.

Praça da Bandeira nº 226 Centro de Condeúba

remiigio-jose-da-silva-filhoNão sei muita coisa disse Agnério, apesar de ter cido grande amigo do Sr. Remigio ele pensava em colocar todos da família lá no casarão: filhos, mãe, irmãos. Por volta de 1960 ele começou a construção do “vaticano”, conforme ele mesmo dizia. O Ex-Prefeito Antonio Andrade me disse que poderia dizer a ele que os filhos e filhas cresceriam e sairiam de Condeúba, mas tinha receio, porque o Sr. Remígio era quem dava conselhos e não de ouvir conselhos dos outros.

O Sr. Remigio José da Silva Filho demorou 28 anos construindo essa casa da Praça da Bandeira nº 226 Centro de Condeúba. Contendo 2 salas, 1 copa e cozinha, dormitórios e escritório, perfazendo um total de 13 cômodos mais 3 banheiros. Mesmo sendo as paredes feitas de adobão deitado chamado de “tição”, ele a fez com muito esmero e todo cuidado do mundo, tendo em vista que, a enchente de 1968 deixou a marca nas paredes, mas não derrubou o chamado casarão do Sr. Remigio.

O Sr. Remigio fez questão de colocar um barramento de pedras no muro da frente para sinalizar a altura que a água atingiu, ficando registrado essa como a maior enchente da história de Condeúba.

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Joandina de Carvalho – (Historiadora)
A preservação do patrimônio natural e cultural dos nossos municípios é tarefa da sociedade e do poder público municipal. Para isso é necessário que existam leis que sejam cumpridas e instituições que funcionem. O poder público precisa cuidar do patrimônio, da história da sua gente e dos guardiões da memória. Alguns estudiosos chamam isso de dever da memória.

Quando não há esse cuidado, a cidade vai desaparecendo junto com suas praças antigas, seu casario e seus habitantes. Mas afinal, para que serve a história? O passado não serve para nada? Como ficam os sentimentos dos nossos idosos e daqueles que prezam a história? Para alguns, as mudanças são em nome do desenvolvimento. Condeúba já foi uma cidade desenvolvida sem ter desprezado o seu passado.

Durante a Primeira República, Condeúba estava entre as principais cidades baianas e possuía um comércio forte e uma das principais feiras da região. Desde meados da segunda metade do século XX, casas foram derrubadas, praças públicas foram fatiadas, prédios públicos como o correio foram demolidos e nada de concreto foi feito para mudar essa realidade.

Nessa semana, estamos vendo tombar a casa do Sr. Remígio José da Silva Filho, um velhinho condeubense querido de todos que o conheceram. Esse sim foi um guardião de memória, um contador de histórias vividas, e uma pessoa que demostrou ter sempre muito carinho por sua terra. Quando criança conheceu o período áureo de Condeúba, quando o comércio era pujante e a cidade tinha tipografia, chegando a ter dois jornais.

IMG-20160906-WA0040Pelo andar da carruagem, Condeúba precisará de pessoas como seu Remígio, que dizia “eu vi com os olhos que a terra há de comer, se eu não morrer afogado”, para que seu passado não caia no esquecimento. Ou os mais jovens não se interessarão pelo passado e pela história de Condeúba? Aos poucos que se interessarem, sem a prova material, teremos nós a credibilidade de seu Remígio?

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