Moro manda soltar nove presos na 26ª fase da Lava Jato

A 26ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta terça-feira (22), cumpre 110 mandados de prisão preventiva, prisão temporária e condução coercitiva. Suspeitos foram levados à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR)(Wagner Rosário/VEJA.com).

O juiz federal Sergio Moro mandou neste sábado soltar nove investigados presos temporariamente na Operação Xepa, a 26ª fase da Lava Jato. Todos haviam sido presos na terça-feira pelo prazo de cinco dias. Moro optou por não estender a prisão, mas proibiu os nove de deixar o país. A operação deflagrada esta semana teve como alvo principal a empreiteira Odebrecht – e se deu em decorrência de dados obtidos a partir da 23ª fase, a Operação Acarajé.

A investigação revelou que a empreiteira tinha funcionários especialmente dedicados ao setor de contabilidade paralela, chamado de “Setor de Operações Estruturadas”, que distribuiu, pelo menos, 66 milhões de reais em propina entre mais de 20 pessoas, entre eles o marqueteiro do PT, João Santana, e a mulher dele, Mônica Moura.

“Ficou claro que a empresa Odebrecth realmente tinha um setor que organizava e contabilizava, com sua hierarquia e alçadas, o pagamento de propinas. Além disso, verificamos que boa parte dessas propinas era paga em dinheiro no Brasil com o sistema de compensação com contas no exterior”, afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador Ministério Público Federal.

Obras construídas pela Odebrecht como o Canal do Sertão em Alagoas, o metrô de Porto Alegre, o aeroporto de Goiânia, a Arena do Corinthians e o projeto do Porto Maravilha no Rio de Janeiro foram citadas nas investigações.

“Há indicativos de que os recebedores se referem a diversas obras do governo federal e de outros governos estaduais e municipais. Teremos que aprofundar esses dados e encaminhar essas informações a seus respectivos investigadores”, disse o procurador.

“É claro que a Lava Jato tem o foco básico na Petrobras, mas trabalhamos no combate à corrupção. Tendo provas, seja qual for o partido ou o governo, vamos dar encaminhamento às investigações.”

Delação – O MPF descobriu a existência da contabilidade paralela da Odebrecht graças a documentos encontrados na casa de Maria Lucia Guimarães Tavares, presa na 23ª fase, que trabalhava como secretária dos executivos da empresa e recentemente firmou acordo de delação premiada.

Os investigadores revelaram que a maior parte das provas foi destruída em meados de 2015, mas o esquema seguiu funcionando até dezembro, o que leva a crer que a quantia de propina distribuída deve exceder os 66 milhões de reais identificados em apenas uma das contas disponibilizadas por Maria Lúcia. No dia seguinte à Operação Xepa, a Odebrecht afirmou que pretende fechar um acordo de delação premiada com a Justiça.

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