Grávidas com zika abortam antes de confirmar microcefalia
Grávidas com diagnóstico de infecção pelo vírus da zika estão recorrendo ao aborto clandestino antes mesmo da confirmação se o feto tem ou não microcefalia. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, os preços dos procedimentos em clínicas particulares variam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil, dependendo da estrutura e do estágio da gestação.
Conforme médicos ouvidos pela reportagem, todas as mulheres são casadas, têm educação de nível superior, boas condições financeiras e tinham planejado a gravidez, mas se desesperaram com a possibilidade de a criança desenvolver a má formação.
Diante disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode decidir se o aborto em casos de microcefalia é constitucional. Especialistas consideram que o Judiciário poderá ser provocado em breve com pedidos de autorização para interrupção de gravidez.
A antropóloga Debora Diniz, professora da Faculdade de Direito na Universidade de Brasília (UnB), estuda se cabe acionar a Justiça para assegurar o direito ao aborto nesses casos. Ela foi a mentora e articuladora da ação que levou o Supremo a permitir o procedimento, se diagnosticada a anencefalia.
Segundo a antropóloga, o tema do aborto no caso de microcéfalos é pauta recorrente em outros países, com a “perspectiva de um pânico globalizado” que se instalou em relação ao vírus zika.
Militante em defesa do direito da mulher de interromper a gravidez, Debora afirma que tem se deparado com reações de surpresa ao falar com entrevistadores estrangeiros sobre a legislação brasileira, que só permite o aborto em caso de estupro e risco de morte da mãe, além da anencefalia, autorizada por decisão do Supremo.
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