Vitória da Conquista: Ojás desamarrados, Prefeitura e Rede Caminho dos Búzios vão investigar possível ato de intolerância religiosa
Na tarde desta segunda-feira (22), a Prefeitura de Vitória da Conquista foi informada sobre um possível ato de intolerância religiosa. De acordo com as informações recebidas pela Coordenação Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Coopir), vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), um indivíduo não identificado estava desamarrando e retirando os ojás dos troncos de árvores da praça Tancredo Neves e também na área em frente à Prefeitura
O ojá é um tecido considerado sagrado entre os adeptos das religiões de matriz africana. Uma forma de utilizá-lo é amarrá-lo em árvores, pois, para os praticantes dos cultos afro-brasileiros, a natureza é sagrada. Em Vitória da Conquista, os tecidos brancos foram amarrados na noite do último sábado (20), durante a tradicional Alvorada dos Ojás, de modo a simbolizar as comemorações pelo Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro. O ato foi coordenado pela Rede Caminho dos Búzios e apoiado pelo Governo Municipal.
A Coopir já solicitou à Guarda Municipal as imagens feitas pelas câmeras de monitoramento, a fim de identificar o responsável pelo ato e tomar as providências necessárias. A equipe do setor também entrou em contato com a yalorixá Mãe Graça, coordenadora da Rede Caminho dos Búzios, orientando-a a ir à Polícia e registrar um boletim de ocorrência.
Enquanto analisa as imagens do ocorrido, o Governo Municipal e a Rede Caminho dos Búzios discutem sobre a realização de ações conjuntas com o objetivo de denunciar o ato e reforçar a luta por tolerância e respeito à diversidade de crença. “Agora, é aguardar com prudência o desenrolar dos fatos e reforçar as ações de combate à intolerância religiosa”, reforça Ricardo Alves.
Para a coordenadora da Caminho dos Búzios, a yalorixá Mãe Graça, as religiões de matriz africana precisam continuar com suas ações. “Isso aí é a prova cabal de que realmente a nossa religião é altamente perseguida e isso não é a primeira vez que acontece”, disse. Conforme destacou, em outras ocasiões já colocacaram fogo em um ojá, cortaram e jogaram no espelho d’água da Tancredo Neves.
Para ela, essas atitudes demonstram a intolerância religiosa e o ódio aos praticantes dos cultos afro-brasileiros. “É um absurdo isso. Vamos dar queixa na delegacia e tentar a identificação desse pessoal, mas, de qualquer forma, tomaremos nossas providências”, declarou.
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