Por Leandro Flores
Avós não ficam para sempre, claro. Apesar que a gente pensa que eles são eternos, né, assim como os nossos pais, mas eles se vão também… como, também, um dia iremos, os nossos filhos irão… e assim, caminha a humanidade. É uma rotatividade a vida. A gente nem se dá conta de como ela é “trem-bala” como diz a canção. Viver é uma faísca é um nada, em se tratando de existência.
Vó Judite, mulher íntegra, generosa, impaciente, às vezes. Vivia assim, querendo ir, ultimamente com mais frequência, por conta de um alzheimer, mas a sua missão era ir mesmo… e ela se foi para sempre.
A última de sua geração de irmãos (tinha até uma gêmea, Julia e Judite). Foi uma mulher que combateu o bom combate que são as tentações da vida. Preocupada, preferia a cautela, a abstenção de uma vida pacata. Cuidava de todos com zelo. Eu mesmo fui um dos seus. Tive a honra de morar com ela. Fui neto, filho, amigo, sobrinho (ela já nem sabia mais me classificar quando nos vimos pela última vez). Talvez um pouco de tudo isso.
Tive o prazer de conviver com a minha vozinha nesses últimos dias de vida dela, de beijá-la, de dizer o quanto era linda. E era mesmo. Quem a conhecia sabe o quanto aquele sorriso era permanente em seu rosto… e isso, tornava-a linda!
Vai deixar saudade. Aliás, já deixou. Mas ao mesmo tempo, estou “conformado” por saber o quanto ela viveu, o quanto foi a mulher que foi e, principalmente, pelo lugar que herdou.
Leandro Flores
(neto de dona Judite)
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