Varíola dos macacos: Moraes será relator de ação que cobra plano de governo Bolsonaro

Melissa Duarte
Alexandre de Moraes relatará ação que cobra do governo ações para contenção do avanço da varíola dos macacos no país – Foto: AP Foto/Eraldo Peres
O ministro do Supremo Tribunal (STF) Alexandre de Moraes foi sorteado como relator de ação em que o PSB solicita que o governo federal apresente um plano nacional para conter o avanço da varíola dos macacos (ou monkeypox), baseado em critérios técnicos e científicos. O partido também quer que a Corte autorize estados, municípios e Distrito Federal a determinarem a vacinação compulsória a pessoas de grupos de risco, além de exigir passaporte vacinal — caso semelhante ao da Covid-19.

A legenda também pede que o governo não divulgue notícias falsas sobre a doença e nem aprove tratamentos sem aval da ciência. Além disso, pede medidas de prevenção à varíola dos macacos na população LGBTQIA+ que seria potencialmente mais vulnerável — até o momento, a maioria dos casos tem se concentrado em homens que fazem sexo com homens (HSH).

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental foi assinada pelo deputado federal Professor Israel Batista (PSB-DF) na última quinta-feira. De acordo com o partido, há “inércia” do governo federal para o enfrentamento da doença, elevada à categoria de emergência em saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS):

“Apesar da disseminação da varíola dos macacos, há total inércia por parte da União Federal sobre o tema, inexistindo, até o presente momento, um Plano Nacional eficiente e operacional, endossado por autoridades sanitárias e científicas, no intuito de coordenar esforços contra a potencial epidemia de Monkeypox. Aliás, frise-se que, nesse sentido, o Governo Federal determinou, inclusive, o fechamento da Sala de Situação para monitoramento da monkeypox”, diz o texto.

Como O GLOBO mostrou no fim de julho, faltava gestão coordenada do governo federal para barrar a transmissão. Entre as principais críticas de especialistas, estava a falta de campanhas informativas de comunicação sobre a doença e de treinamento de trabalhadores de aúde para o diagnóstico.

Depois, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 50 mil doses de vacina e do antiviral tecovirimat para testes clínicos contra monkeypox por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), representante da OMS nas Américas. Segundo o anúncio oficial da pasta, o primeiro lote, com 20 mil doses de imunizantes, deve chegar ao Brasil em setembro. Profissionais de saúde e pessoas que tiveram contato com infectados são os públicos-alvo.

A pasta também criou um Centro de Operações de Emergências (COE) em 29 de julho, data da primeira morte no Brasil, com o objetivo de elaborar um plano de contingência para a monkeypox no país. Duas semanas antes, a pasta extinguiu a sala de situação que monitorava a doença. O PSB também pede a recriação desse núcleo na ação.

O plano de contingência, obtido pelo GLOBO, mostra que o grupo fixou nível máximo de alerta no Brasil para a varíola dos macacos e admitiu a possibilidade de declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), também solicitada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

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