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Professor Agnério apresenta Apontamento de Língua Portuguesa 015

Professor Agnério Souza

Ortografia – Parte I

Do grego – ortos = certo + grafia = escrita. Escrita correta das palavras

Escreve-se com S

empresa marquesa baronesa milanesa despesa surpresa
avisar precisar analisar frisar agasalho quiser
formoso orgulhoso guloso valoroso medroso maisena
paisagem tesouro pêsames vaso gasoso isento
freguês burguês brasa tesoura casebre através

Escreve-se com Z

finalizar modernizar civilizar suavizar socializar dureza
catequizar esperteza honradez riqueza certeza timidez
acidez clareza rapidez altivez estupidez talvez
baliza buzina desprezo fuzil deslizar granizo
vazar vizinho lazer bazar prazer azeite

Não há uma explicação científica para a escrita em nossa língua, herdamos do latim vulgar. Aprendemos a escrever corretamente através das leituras e produções textuais ao longo da vida. Quando escrevemos sem pensar e acertamos, é porque já automatizamos o vocábulo.
Ler e escrever sempre foi uma preocupação da escola a partir das classes de alfabetização e letramento. No entanto, a criança se vê cercada de letras maiúsculas e minúsculas em seu livro, porém no caderno, a professora ensina a traçar as letras cursivas, começando pelo próprio nome. A escola ensina a escrever sem ensinar o que é escrever. O importante é aprender a ler, escrever e contar, e, mais tarde, usar a linguagem padrão aceita pela sociedade civilizada.
O que ocorre é a presença do fonema / z / nos dois grupos de palavras acima. Uma consoante fricativa alveolar sonora.
O mesmo fonema aparece através do X em palavras como:
exame êxito exasperar exímio exemplo exorcismo
inexorável exéquias exemplar exato exagero executar
executivo exigente êxodo exercer exilado exercício

Escreve-se com ch

bicho bucha broche boliche bochecha chácara
charuto chope cochicho cochilo cacho colchão
chimarrão chuchu deboche ficha flecha pechincha
chinelo salsicha charque inchar churrasco encharcar
fantoche guincho cachaça prancha piche mochila

Escreve-se com x

abacaxi ameixa baixela bexiga bruxa caixote
laxativo lixo maxixe mexer caixa enxada
engraxate enxugar caxumba xereta xucro xarope
rixa muxoxo faixa feixe frouxo rouxinol
lagartixa xifópago bauxita enxame laxante xingar

Temos a presença de um único som chiante nas palavras com ch e x. Existem sinais internacionais para representar os fonemas, mas, no computador não sei onde estão. O fato é que estamos diante de uma consoante fricativa palatal surda.
A escrita deve ter como objetivo essencial o fato de alguém ler o que está escrito. Ler é um ato linguístico diferente da produção espontânea da fala sobre um assunto qualquer, conforme nos ensina Cagliari. Dominar 100% a ortografia da Língua Portuguesa não é para todos os estudiosos da língua. Portanto, o Dicionário é quem vai nos auxiliar nessa tarefa de escrever.

Professor Agnério Souza: Apresenta Apontamento de Língua Portuguesa 013

Professor Agnério Souza

Sintaxe – Parte IV – Termos Acessórios da Oração

Para alguns gramáticos, esses termos são três: Adjunto Adnominal – AA, Adjunto Adverbial – Adj. Adv., Aposto – AP. Para outros, são quatro e acrescenta-se aí o Vocativo – VO.
1. Exercem função sintática de Adjunto Adnominal: os artigos, os adjetivos, as locuções adjetivas, os pronomes-adjetivos e os numerais. Ex:
a) O brilhante jornal da manhã publicou belas reportagens.
SS = o brilhante jornal da manhã
PV = publicou belas reportagens
VTD = publicou. OD = belas reportagens
AA = o, brilhante, da manhã, belas
Observe que, no sujeito e no objeto direto, o núcleo será sempre um substantivo (jornal, reportagens). O que sobra do núcleo está sendo AA, como: o (artigo) brilhante (adjetivo) da manhã (locução adjetiva) belas (adjetivo).
b) Esta estrada de ferro tem boa iluminação.
SS = esta estrada de ferro
PV = tem boa iluminação
VTD = tem. OD = boa iluminação
AA = esta (pronome-adjetivo), de ferro (locução adjetiva), boa (adjetivo)
c) Aquele delicioso sanduíche tinha duas linguiças.
SS = aquele delicioso sanduíche
PV = tinha duas linguiças
VTD = tinha OD = duas linguiças
AA = aquele, (pronome-adjetivo), delicioso (adjetivo), duas (numeral)
Convém lembrar que muitas locuções adjetivas se transformam em adjetivo: da manhã = matutino, de ferro = férrea, do coração = cardíaco, do aluno = discente, de chuva = pluvial, de ouro = áureo, de prata = argêntea, do ouvido = auditivo, da cidade = citadino, de mãe = materno, de filho = filial, de irmão = fraterno, etc.

2. Exercem função de Adjunto Adverbial – Adj. Adv. os advérbios e as circunstâncias adverbiais que são muitos, entre os principais estão: tempo, lugar, modo, intensidade, negação, afirmação, assunto, causa, companhia, meio, instrumento, fim e outros.
d) O sertanejo ficara arruinado com a seca.
SS = o sertanejo
PN = ficara arruinado com a seca
VL = ficara. PS = arruinado
AA = o, a. Adj. Adv. de causa = com a seca
e) Ontem, dois conferencistas dissertaram sobre a Covid-19.
SS = dois conferencistas
PV = dissertaram sobre a covid-19
VI = dissertaram. AA = dois, a, dezenove
Adj. Adv. de tempo = ontem. Adj. Adv. de assunto = sobre a covid-19

f) Na noite passada, o bandido cometeu vários crimes premeditadamente.
SS = o bandido. PV = cometeu vários crimes premeditadamente
VTD = cometeu. OD = vários crimes premeditadamente
AA = o, vários (pronome-adjetivo)
Adj. Adv. de tempo = na noite passada
Adj. Adv. de modo = premeditadamente

3. O Aposto – AP é um termo da oração que serve para explicar outro, aparece entre vírgulas. Ex:
g) Jair Bolsonaro, Presidente da República, não usou máscara na ONU.
SS = Jair Bolsonaro
AP = Presidente da República
PV= não usou máscara na ONU
VTD = usou. OD = máscara
Adj. Adv. de negação = não. Adj. Adv. de lugar = na ONU
h) Jacó serviu Labão, pai de Raquel, durante sete anos.
SS = Jacó. PV = serviu Labão, pai de Raquel, durante sete anos.
VTD = serviu. OD = Labão. AP = pai de Raquel. AA = sete
Adj. Adv. de tempo = durante sete anos.

4. O Vocativo – VO não tem lugar certo na oração, ora aparece no início ora no fim. Trata-se de uma evocação, muitas vezes seguida de ponto de exclamação. Ex:
i) Ó Senhor, tende piedade de nós!
Sujeito oculto – SO = vós
PV = tende piedade de nós. VTD = tende. OD = piedade de nós
VO = ó Senhor
j) E agora, José? Está sem mulher!
SO = você. PV = está sem mulher. VI = está
VO = José. Adj. Adv. de tempo = e agora?
Adj. Adv. de companhia = sem mulher.

Professor Agnério Souza apresenta Apontamento de Língua Portuguesa 009

Professor Agnério Evangelista de Souza

Sintaxe – Parte I

Conhecer sintaxe é necessário para organização do pensamento de quem escreve. Já vimos que a frase é o enunciado que tenha sentido e que a oração é a frase que possui verbo. Orações formam períodos, períodos formam parágrafos, parágrafos formam textos. Quando o período é formado por uma só oração, dizemos período simples – oração absoluta. Quando for mais de uma oração, temos o período composto. Vamos trabalhar, por enquanto, com períodos simples. A estrutura normal da Língua Portuguesa segue o padrão: Sujeito – Verbo – Objeto (SVO) ou Sujeito – Verbo – Predicativo do Sujeito (SVPS). Sabemos também que os termos essenciais de uma oração é o Sujeito e o Predicado, porém existem orações sem sujeito ou sujeito inexistente. A posição do sujeito é sempre no início de uma oração, contudo, pode aparecer deslocado, quando a oração está na ordem inversa. Para melhor entendimento, convém colocar a frase na ordem direta, mas isso é para quem entende de sintaxe. Vejamos algumas orações de períodos simples:

a) Pedreiros habilidosos constroem belas casas.
Sujeito Simples (SS) = pedreiros habilidosos
Verbo Transitivo Direto (VTD) = constroem. Objeto Direto (OD) = belas casas. ( esse é o padrão geral SVO).
b) Sua presença inspira confiança aos jovens.
SS = sua presença, Verbo Transitivo Direto e Indireto (VTDI) = inspira, OD = confiança, Objeto Indireto (OI) = aos jovens
c) Deus é perfeito. SS = Deus, Verbo de Ligação (VL) = é, Predicativo do Sujeito (PS) = perfeito.
d) A cegueira e a pobreza lhe torturavam os últimos dias de vida.
Sujeito Composto (SC) = a cegueira e a pobreza, VTDI = torturavam, OD = os últimos dias de vida, OI = lhe. Observe que o pronome oblíquo “lhe”, sempre é objeto indireto de pessoa.
e) Há grandes poetas no Brasil.
Oração sem sujeito (OS) (verbo haver no sentido de existir)
VTD = há, OD = grandes poetas, Adjunto Adverbial de Lugar (Adj. Adv. de lugar) = no Brasil. As orações sem sujeito,conhecidas também por sujeito inexistente, aparecem com os verbos: chover, trovejar, anoitecer, haver, fazer e ser e outros na indicação de tempo ou fenômeno atmosférico. Ex: Choveu bastante. Fazia muito frio. Era ao anoitecer de uma tarde primaveril. Hoje são 21 de agosto.
f) Precisa-se de professores. Sujeito Indeterminado (SI) (está indicado pela partícula “se”). VTI = precisa, OI = de professores.
g) Falaram mal daquela moça. Sujeito Indeterminado (o verbo está na 3ª p. do plural e não se sabe quem: eles ou elas?) VTI = falaram, OI = daquela moça, Adj. Adv. de modo = mal.
h) Vendem-se carros usados. SS = carros usados, VTD = vendem, Pronome apassivador com função de objeto direto = se. Temos aqui a voz passiva sintética que pode ser transformada em voz passiva analítica = Carros usados são vendidos. Nesse caso, o sujeito concorda com o verbo. Comete erro quem deixa o verbo no singular e o sujeito no plural, como: Vende-se carros usados.
i) Vive-se bem aqui. Sujeito Indeterminado (indicado pelo “se”), Verbo Intransitivo (VI) = vive, Adj. Adv. de modo = bem, Adj. Adv. de lugar = aqui.
j) Orações construídas com pronomes interrogativos, para melhor elegância da frase, melhor colocar o sujeito depois do verbo:

– Onde estão as crianças? SS = crianças
– Quanto custou o livro? SS = livro
– Que desejam vocês? SS = vocês
– Quando chegará o ônibus? SS = ônibus
– Como fugiu o cachorro? SS = cachorro.

Conclusão – temos cinco tipos de sujeito, SS formado por um só núcleo, o núcleo é sempre o substantivo; SC formado por mais de um núcleo, SI pelo “se” ou verbo na 3º do plural, Oração sem sujeito (OS) ou sujeito inexistente nos casos da letra e, e o sujeito oculto (SO) como: Andei rápido. SO (eu). Falaste mal do governo. SO (tu). Trabalhamos durante a noite. SO (nós). O sujeito oculto é sempre identificado na desinência verbal.

Professor Agnério apresenta: Apontamento de Língua Portuguesa nº 004

Professor Agnério Evangelista de Souza

Emprego especial de algumas palavras

I – Quando uso há, a ou à?
1.0) Usa-se o há do verbo haver quando este estiver empregado no sentido de existir:
a) Há várias soluções para este problema = Existem várias soluções
b) Há casos graves de denúncia = Existem casos graves
c) Não há problema por aqui = Não existe problema
2.0) Usa-se também o há quando a ação indicar fato passado, nesse caso pode ser substituído pelo verbo fazer:
a) A diretora saiu há dez minutos – faz dez minutos
b) Sei que há muito tempo, você pretendia estudar engenharia – faz muito tempo
c) Há várias semanas que escrevi esta carta – Faz várias semanas
3.0) Usa-se o a quando for preposição e a ação indicar tempo futuro; preposição e a ação indicar distância, como artigo definido e ainda como pronome pessoal:
a) Daqui a pouco ela virá (tempo futuro)
b) O acidente ocorreu a cinquenta metros daqui (distância)
c) A casa é espaçosa (artigo)
d) Mamãe, eu a amo (pronome pessoal)
e) O Secretário saiu daqui há pouco, mas voltará daqui a pouco (fato passado e tempo futuro).
4.0) Usa-se o à, chamado de a acraseado, em diversas circunstâncias, contudo a palavra seguinte precisa ser feminina. Caso para estudo separado, porém vejamos algumas frases mais simples:
a) O paciente foi levado à sala de espera. (posso dizer: ao salão)
b) O material foi devolvido à aluna. (posso dizer: ao aluno)
c) Iremos à Bahia no próximo mês. (posso dizer: voltaremos da Bahia)
d) Compareceremos à reunião pontualmente. (posso dizer: ao encontro)
e) Agradeço a Vossa Senhoria a oportunidade para manifestar minha opinião a respeito. (primeiro a, não se usa crase diante de pronome de tratamento; segundo a, apenas um artigo; terceiro a, não se usa crase diante de nome masculino).

II – Quando uso por que, por quê, porque ou porquê?
2.1) Emprega-se “por que” separado sem acento em frases interrogativas
a) Por que há tanta fome no mundo?
b) Por que ele fugiu, se não era culpado?
Emprega-se ainda “por que” separado, quando for substituído por “pelo qual”, “por qual motivo ou razão”
c) A causa por que lutamos é nobre (pela qual lutamos)
d) Quero saber por que meu time não venceu (por qual motivo)
e) Eis por que só entram pessoas competentes (por que razão)
2.2) Emprega-se “por quê” separado com acento no final de frase interrogativa:
a) Não foi ao jogo, por quê?
b) Vocês não conversaram com o prefeito, por quê?
2.3) Emprega-se “porque” junto sem acento por se tratar de uma conjunção causal, pode ser substituída pela palavra “pois”:
a) Não fui ao jogo, porque chovia muito. (pois chovia)
b) Ele foi reprovado, porque não compareceu ao exame. (pois não compareceu)
2.4) Emprega-se “porquê” junto com acento, quando este for um substantivo e estiver precedido de artigo, significando motivo, causa:
a) Naquele congresso, discutiu-se o porquê de tanta criminalidade no mundo. (a causa)
b) Este menino está na idade dos porquês. (substantivo)

III – Quando uso mas, más ou mais?
3.1) mas é conjunção = porém, contudo, todavia:
a) A justiça não é dos homens, mas de Deus! (porém de Deus)
b) Eu perco, mas recomeçarei tudo novamente. (contudo recomeçarei)
3.2) más é adjetivo, plural de má:
a) Não existem crianças más, porém adultos que as educam mal.
b) Todos nós podemos ter más atitudes, mas isso depende de cada um.
3.3) mais é advérbio de intensidade:
a) As mais belas palavras sempre saem dos mais belos corações.
b) Todas as más ações devem ser perdoadas, mas jamais esquecidas, porque, quanto mais se vive, mais se aprende. Há outras expressões especiais em nossa Língua, contudo vê-las-emos em outra ocasião.