Saque do FGTS: Vale a pena resgatar valor liberado, independentemente da finalidade, afirmam especialistas
Fonte: Brasil 61
A liberação do saque extraordinário de até R$ 1 mil do FGTS tem o objetivo de reduzir o comprometimento da renda e o endividamento das famílias brasileiras, segundo o Governo Federal. Mas para quem não está com as contas no vermelho, vale a pena sacar o dinheiro agora? E para aqueles que estão inadimplentes com o cartão de crédito, cheque especial, empréstimos ou outros passivos, qual o melhor jeito de usar o valor na hora de quitar as dívidas?
Para tentar esclarecer essas dúvidas, o portal Brasil 61 conversou com dois especialistas: César Bergo, ex-presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), e Ciro de Avelar.
A análise dos economistas ouvidos pela reportagem é de que vale a pena, sim, sacar o dinheiro do FGTS, mesmo que o trabalhador não tenha nada emergencial para resolver. Cesar Bergo explica que o dinheiro do FGTS rende cerca de 3% ao ano + a Taxa Referencial (TR). No entanto, a caderneta de poupança tem retorno de 6,17% ao ano + a TR. Ou seja, sacar o dinheiro do FGTS e investir na poupança é mais vantajoso. Melhor ainda, dizem os especialistas, seria investir no Tesouro Direto, cujo rendimento está atrelado à taxa básica de juros da economia, a Selic, hoje em 11,75%.
“Se não tiver nada pra fazer [com o dinheiro], coloca na poupança, que vai estar rendendo mais. Vamos supor que a pessoa ficou receosa de perder o emprego, porque o fundo de garantia você pode resgatar quando é demitido sem justa causa e quando se aposenta. Mesmo a pessoa fazendo esse resgate e colocando na poupança, no final do período ela vai ter muito mais do que se tivesse [deixado] no fundo de garantia. A rentabilidade do FGTS tem melhorado, mas não tem chegado ao que é uma poupança ou um Tesouro Direto”, explica Bergo.
Ciro de Avelar afirma que usar o saque do FGTS para quitar dívidas, por exemplo, só deve ser prioridade para as pessoas quando a inadimplência puder impactar a própria sobrevivência.
“Não necessariamente correr para pagar dívidas. Elas vão continuar aí. Mas esse dinheiro a pessoa só vai receber uma vez. Se precisar pagar a dívida, são dívidas que possam impossibilitar que ela mantenha a sua família. Por exemplo, a energia elétrica está atrasada há três meses, vão cortar. Minha dica: pague. Está atrasada a conta da mercearia, procura negociar”, orienta.
“Antes de mais nada, utilizem esse recurso. Mas usar com sabedoria, com inteligência. Usar para garantir a sua subsistência e de sua família. Existe uma expectativa de alta dos alimentos, dos combustíveis, do gás de cozinha, da energia elétrica. Se não precisar gastar agora, saca e deixa o dinheiro guardado para alguma emergência que, eventualmente, vai acontecer ao longo do ano”, recomenda Ciro.
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