É preciso apontar para a esperança

*Professor e escritor Levon Nascimento

Em 15 de junho de 2024, participei do Encontro Municipal do Partido dos Trabalhadores em Taiobeiras, no qual foi oficializada a Federação Brasil da Esperança no município, junto com o Partido Verde, para as eleições proporcionais.

No mesmo evento, mulheres e homens da classe trabalhadora apresentaram as suas pré-candidaturas a vereadora, vereador e prefeito, para o pleito de 2024.

Perguntei-me, no íntimo, o que de fato fazíamos ali. O que significa a nossa luta neste mundo de hoje?

Enquanto…

  1. o governo de extrema-direita de Israel mata milhares de vidas palestinas, especialmente crianças, idosos e mulheres;
  2. Trump, com seu discurso negacionista, racista e xenófobo, lidera as pesquisas de intenção de votos para a presidência dos Estados Unidos;
  3. a extrema-direita europeia, anti-imigração, anti-negros e anti-latinos, faz barba, cabelo e bigode nas eleições parlamentares da União Europeia;
  4. as mudanças climáticas provocam, em todo o planeta, dilúvios bíblicos e secas homéricas, calor excessivo e derretimento das geleiras, desabrigados ambientais e desequilíbrios econômicos crescentes, com efeitos devastadores aos países do Sul global e às populações mais pobres do mundo;
  5. no Brasil, o nazifascismo bolsonarista continua popular e impune, apesar do genocídio de 700 mil vidas perdidas pela negligência na pandemia, da tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 e da corrupção concreta e ideológica que propagou nos infernais quatro anos de Bolsonaro na presidência;
  6. o agronegócio, a mineração predatória e o desmatamento para fins econômicos continuam a envenenar o solo e as águas, aprovando mais e mais agrotóxicos; matando indígenas e grilando terras; apoiando o armamentismo e financiando o processo de ignorância cultural do povo brasileiro;
  7. a alienação religiosa e cultural leva dominados a emularem o papel dos dominadores; a explorados sem consciência da exploração; aos pobres negando os próprios direitos e destruindo suas próprias identidades étnicas e culturais;
  8. Artur Lira e seu bando, hipócritas, usam o nome de Deus para proteger estupradores, atacam o direito das mulheres sobre o arbítrio do próprio corpo e chantageiam o Governo democraticamente eleito pela maioria dos brasileiros;
  9. Em Taiobeiras, muitos perderam a vontade de decidir sobre o seu próprio destino, terceirizando a uma elite – que já se bastou a si própria e perpetuou-se no tempo – o poder de comandar os rumos da coletividade.

O que nós, da classe trabalhadora, fazemos na luta política diante de todo esse enredo maligno?

Não tenho respostas prontas para a pergunta que me fiz. Mas, admito suposições. Suponho que, fazendo mais do mesmo não teremos realidade novas.

É preciso que rompamos com a sociedade que se acomodou com o discurso dos “especialistas em coisa nenhuma”, dos coaches de mensagens sentimentalistas e vazias e dos mascates da fé.

Mais do que eleições, miremos na formação do povo e na superação do individualismo. É pela cultura que renovaremos a esperança da nossa gente por justiça social e inclusão humana.

Vencer uma eleição é necessário. Porém, mais do que um mandato, necessitamos de refundar o caráter antissistêmico da esquerda política. Não dá mais para nos conformarmos com a falácia de que o capitalismo é o fim da história. Temos de descortinar o dia posterior, a luz no fim do túnel, a esperança em vez do “é assim mesmo”.

É urgente apontar à esperança!

* Professor de História. Graduado em Ciências Sociais pela Unimontes. Mestre em Estado, Governo e Políticas Públicas pela Flacso/Fundação Perseu Abramo. Doutorando em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Escola Superior Dom Helder Câmara. Pré-candidato a Prefeito de Taiobeiras.

Facebooktwitterredditpinterestlinkedinmail